Trinta e Seis - Linda Fatale e Outros Problemas

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Resolvido o problema com minha mãe, Imogen e eu voltamos de Nova York nas primeiras horas da manhã seguinte. Ela precisava ir para a aula e eu precisava continuar na resolução da minha enorme lista de problemas. E fugir das perguntas de minha mãe sobre Dylan. Se eu achava que a estava enganando aquele tempo todo sobre a orientação sexual dele, estava redondamente engana, ela já tinha entendido tudo desde o primeiro momento em que o vira. Mas achara divertido me colocar naquelas situações, especialmente com Trevor. Novamente, se achava que a conhecia, estava duplamente enganada, mas amava ainda mais profundamente aquela versão verdadeira de Linda King-Turner.

Imogen não me deixou em paz, durante todo o curto trajeto de nosso voo, tagarelando a respeito de qual problema eu deveria resolver a seguir. Ela queria muito que fosse aquele relacionado ao eu te amo, contudo ainda não achava que estava pronta para enfrentar uma questão de extrema importância. O problema mais importante dentre todos os problemas.

Além do mais, a maior facilidade de resolução residia, em seguida, na semana de provas, para a qual eu tinha exatamente cinco dias para estudar. Se reprovasse logo nos primeiros exames, o esforço de uma vida acadêmica inteira teria sido em vão e eu não poderia suportar a criação de mais um problema. Não quando eu tinha suficientes para encher uma lista.

Entretanto, logo no primeiro horário, minha determinação foi seriamente colocada em prova. Eu não sabia qual seria a reação do meu organismo, especialmente do meu coração, quando pusesse meus olhos sobre Dylan pela primeira vez depois daquela nossa fatídica conversa, que terminara com a fatídica declaração de amor e com a fatídica revelação sobre os planos do FBI para mim. O excesso de informação ainda não tinha sido devidamente processado por meu cérebro, de modo que seu travamento foi automático, deu tela azul e eu fiquei parada no meio do corredor entre a porta da sala e a cadeira ao lado da qual ele já estava sentado.

Dylan pareceu sentir minha presença, como acontecia comigo quando ele entrava no recinto, porque virou-se em minha direção com tranquilidade. O mar do Caribe estava pacífico, porém incrivelmente intenso. Alguma coisa mudou drasticamente. Não foi meu coração, que disparou como era esperado, ou minhas mãos, que suaram como esperado também, ou minha boca que secou, meu joelhos que decidiram fazer cosplay de gelatina. Não. Foi algo muito mais profundo, nada mundano, beirando ao espiritual, além do corpo, que atingiu diretamente minha alma.

Como em uma comédia romântica clichê, tudo e todos pararam, ficaram preto e branco, e em meu campo de visão só havia Dylan. Ele sorriu ladino, daquele seu jeito tão característico, e fez tudo que flutuava figurativamente ao meu redor despencar sobre minha cabeça, um baque que provocou um preocupante desandar em meu interior.

Aquele homem incrível, sentado a alguns metros de distância, me amava. E estava sorrindo para mim, mesmo depois de eu não ter dito nada em retorno, nem mesmo um "muito obrigada".

Quando ele arqueou a sobrancelha, claramente desafiando-me a sentar ao seu lado, a enfrentar a situação de peito aberto, foi que consegui colocar os pensamentos no lugar. Ele me tirava dos trilhos de forma arrebatadora, isso estava óbvio, no entanto eu acreditava ser madura o suficiente para suportar a tentação sentada ao seu lado nas próximas horas. Então sorri de volta, pisquei sedutora e caminhei lentamente até o lugar que me era reservado. Como já fizera em outra oportunidade, passei na frente dele provocando-o o máximo possível, muito embora tivesse certeza de que o mínimo fato de Dylan respirar já era o suficiente para me deixar facilmente seduzida por ele.

Seus olhos não desgrudaram de mim nem mesmo quando já estava acomodada em meu lugar.

— Você ainda vai acabar comigo, Madison. — sussurrou, depois de se aproximar de mim.

Desvio de CondutaWhere stories live. Discover now