Vinte e Nove - Noivado e Outros Problemas (parte 2)

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Abri a porta e deixei Imogen entrar antes que enlouquecesse com as imprudências que meus hormônios e meu coração estavam cometendo.

— Todo mundo está lá embaixo, todos estão perguntando por você, já mandei Trevor tomar naquele lugar onde não bate sol três vezes, porque não sou obrigada a aguentar cobranças dele, e não sei mais o que dizer para sua mãe, ela está surtando. — Imogen foi entrando, sem dar espaço para que eu me esquivasse mais uma vez.

— Só estou com a impressão de que esta festa não me pertence. — expliquei.

— Porque não pertence mesmo. Onde estava com a cabeça quando concordou com Trevor em fazê-la?

— Bem, eu estava tentando amaciá-lo para ver se me dava alguma informação relevante sobre a porcaria mafiosa que surgiu de repente. Ele parecia a presa mais fácil, o professor Vidal e Dylan são irredutíveis. Por enquanto.

— E como se saiu sobre isso?

— Não muito bem. Trevor está cada vez mais estranho e não me deu nada, a não ser mais dúvidas.

— Você deveria ter ameaçado cancelar a festa para obter alguma coisa.

— Não tive tempo para isso. E não poderia blefar, senão ele nunca mais me levaria a sério. E também não poderia cancelar a festa, seria um desastre para minha mãe. Você sabe como ela é...

— Imagina só quando descobrir que não vai ter casamento e que você anda se atracando por aí com seu "amigo gay".

— Não quero imaginar. Vai ser o apocalipse. Já está preparada para ele?

— Parei na quarta temporada de The Walking Dead, dá um tempo para que eu termine antes de soltar a bomba.

Rimos em descontração por um curto instante. Imogen retomou:

— Precisamos ir, Maddy.

Respirei fundo, oxigenando meu cérebro, colocando as ideias no lugar, preparando-me para o que teria de enfrentar no andar de baixo. Enfim assenti e segui Imogen até a elegante tenda montada no jardim dos fundos da casa.

A mansão da família de minha mãe era modernizada a cada cinco anos, impreterivelmente. A última reforma havia iniciado pouco antes de minha mudança para Cambridge, de modo que ainda não tinha visto a elegante e vistosa fonte instalada no meio do jardim. Minha avó, apesar de ser uma megera de marca maior, sempre tivera bom gosto para decoração.

O reino King, como ela gostava de se referir à propriedade, era seu maior orgulho. Fora construído do zero. Eles eram pobres, meu avô, Patrick King, e minha avó, Mary King. Ele é e sempre fora um homem de inteligência acima da média, um ponto fora da curva. Em razão de seu irretocável desempenho acadêmico, ganhara uma bolsa de estudos em Columbia, que depois se tornara uma bolsa de estudos para a faculdade de Direito de Columbia, uma dos melhores do país. Ali tivera início sua vida política, segundo minha mãe.

Além de absurdamente inteligente, meu avô também é um homem de ambição inestimável. Seu colega de quarto, quem eu recentemente descobri ser Harrison Vanderbilt, era filho de um dos homens mais ricos dos Estados Unidos, e herdara do pai, antes mesmo de concluir seus estudos jurídicos, um conglomerado de bancos de investimentos com filiais em trinta e sete países. Ele era o responsável pela eleição de meu avô - que, naquela época, era apenas o fundador e maior ativista de uma ONG preocupada com o combate ao crack na cidade de Nova York, quando a luta contra a droga estava em seu auge - a deputado, e, dois anos depois, com um milagre inacreditável, após uma virada histórica, a senador pelo Estado de Nova York.

Desvio de CondutaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt