Trinta e Nove - Conversa Sobre Armas e Algemas e Outros Problemas

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Imogen era minha amiga desde que tínhamos seis anos de idade. Eu nem sequer me lembrava de muita coisa da minha vida antes dela, então era como se não houvesse uma Madison relevante pré-Imogen. Ela também assumiu o posto de melhor amiga logo de cara, e jamais foi substituída por outra pessoa ao longo dos quase vinte anos em que nos conhecíamos. Ainda assim, eu não tinha ideia de como a abordaria para contar que ela precisava de proteção do FBI porque era minha melhor amiga e estava correndo risco de morte por causa disso. Talvez, se pudesse, ela escolheria voltar no tempo para não fazer amizade com a menininha loira de nariz arrebitado que estava perdida no parquinho no primeiro dia de aula do primário.

E eu não a culparia por isso.

Dylan me levou de volta a Cambridge em meu carro e, durante todo o caminho, tentou me tranquilizar a respeito do assunto. Ainda que ele fosse muito habilidoso na arte de me distrair dos enormes problemas que tinha, naquele em específico não estava obtendo sucesso. Eu estava aterrorizada pela reação de Imogen, com medo de que ela me culpasse pela situação e nunca mais quisesse falar comigo. E eu não sabia como poderia suportar a situação absurda em que me encontrava se não tivesse o apoio dela. Possivelmente eu estava fazendo tempestade em copo d'água e subestimando a lealdade e o amor de Imogen por mim, mas era inevitável. Parecia muito mais fácil me infiltrar em uma organização criminosa e enviar relatórios semanais sobre seus segredos sujos ao FBI.

Quando estávamos na entrada de Cambridge, liguei para Imogen e pedi que me encontrasse na casa de Aaron, o lugar mais seguro na cidade para dar a infeliz notícia para ela.

Outra questão que estava me deixando com medo das futuras reações de minha melhor amiga era Aaron. Ele seria o responsável por cuidar dela enquanto eu estivesse em Los Angeles, o que implicava o fato de que deveria contar que ele não era quem ela pensava que era, então... É, o apocalipse se aproximava e não havia nada que pudéssemos fazer a respeito.

— Eu acho que você precisa se afastar e deixar Luke lidar com ela. — Dylan disse, quando parou o carro nos jardins elegantes da mansão alugada pelo FBI para abrigar Luke/Aaron e toda a operação anti-Trevor.

Virei para ele, os olhos genuinamente preocupados:

— Eu não acho que seja uma boa ideia, ela é uma caixinha de surpresas. Não sabemos se ficará irritada, chateada ou se vai achar a coisa mais sexy do mundo, como achou quando o assunto era entre eu e você.

— O que ela pode fazer com Luke? Dar uns tapas nele?

— Talvez. — dei de ombros.

— Ele pode se virar sozinho. E não se preocupe tanto, eu já disse, Imogen vai compreender a situação e ainda vai achar muito legal o fato de que será protegida por um agente do FBI o tempo todo.

Cerrei os olhos.

— É possível que eu esteja cega e agora você consiga enxergar minha amiga melhor que eu, porque essa realmente parece uma reação plausível quando se trata de Imogen.

— É claro que é. — ele piscou e saiu do carro, o que fiz logo em seguida.

Quando não estava abrigando uma "festa de arromba", a mansão era muito sóbria, decorada em tons pastéis com móveis de couro e madeira muito elegantes. Aaron/Luke veio nos receber com as mãos nos bolsos, o ar claramente inquieto.

— Não vou mentir, eu estou apavorado. — ele disse de pronto, então passou as mãos pelos cabelos e começou a andar de um lado para o outro.

Parecia que ele e Dylan tinham algo em comum quando estavam nervosos.

Desvio de CondutaWhere stories live. Discover now