Capítulo 85 - A arma reconhecível

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Existem pessoas que conseguem ver espíritos, energias e possuem vários tipos de percepções. Além do mais, existem até aqueles que conseguem ouvir os espíritos e também aqueles que sentem quando são tocados por um. Para o taoísmo, isso é extremamente importante e valioso, pois mostra como um indivíduo consegue ser tão sincero com o mundo que o cerca ao ponto de sentir os que já se foram.

No caso de Fai Chen, desde pequeno, conseguia distinguir diferentes tipos de cheiros, aromas ou odores. Os humanos soltam inúmeros e cada um deles consegue ter sua diferença. E para o cultivador, o mais forte entre todos que já conseguiu sentir, foi o do medo.

Todos os seres humanos têm medo de algo. Medo da vida, da morte, do futuro, dos relacionamentos, dos outros, dos males, da reencarnação, do destino... Em um resumo, a sociedade tem medo da própria vida e do que ela oferece em termos de possibilidade para novas experiências e fracassos.

Assim que Fai Chen sentiu a fragrância que expandia pelo corpo de Hu Long, percebeu de início que estava relacionada ao medo do futuro e na possibilidade de Xia Ling estar em um grande perigo.

Essa preocupação não estava lá por besteira. O cultivador sabia muito bem que se a jovem falsa concubina estivesse com tal criatura indeterminada, poderia apenas resultar em um único final, pois a carga que nela tinha, não restava sequer um vestígio de energia Yang sob seu corpo.

Hu Long xingou alto e alguns gravetos inutilizados foram chutados para longe pela raiva que o assassino mostrava em seu exterior. Fai Chen poderia explodir também, por ter sido tão descuidado e não ter dado tamanha atenção à jovem que estava a segundos atrás perto de ambos. Porém, esse não era o melhor momento para se culpar e sim, achar uma solução.

"Hu Long! Preste atenção em mim! Vamos encontrá-la!", Fai Chen pegou a mão direita do assassino e a apertou. "Vamos segui-la pelo cheiro e logo encontraremos..."

"Aquela coisa... Aquela porra de névoa... Estava cheia de sangue. O que caralhos era aquilo? E se o sangue de Xia Ling se tornar mais um dentro daquilo tudo?", Hu Long continuava a xingar, mas agora um pouco menos desesperado, já que estava sentindo o calor de Fai Chen sendo passado pelas suas mãos dadas.

"Pensar nessa possibilidade só irá nos atrasar. Vamos achá-la e ela ficará bem", Fai Chen respondeu, olhando diretamente para os olhos vermelhos de Hu Long, que pareciam estar vibrados de sangue pelo acontecimento.

Ele realmente estava com raiva.

Sem nada mais a acrescentar, os dois jovens correram para fora da caverna e seguiram a fragrância de rosas que era marcante do corpo de Xia Ling. Porém, mesmo acelerando os passos cada vez mais, Fai Chen percebeu que seria impossível chegar onde a jovem estava com essa velocidade e, por mais que Hu Long corresse bem rápido, o cultivador poderia precisar de sua força futuramente.

Então, a única ideia restante era usar seu cultivo em sua espada.

Fai Chen parou de correr e tirou-a da bainha. Ela brilhava como a luz cristalizada da lua. Hu Long não entendeu aquela ação e pensou que havia algum yaomo por perto. Entretanto, antes que o assassino pudesse perguntar sobre, o cultivador recitou um encantamento e chamou por sua arma em voz alta:

"HuoYue"

A partir do momento que Fai Chen chamou pela sua espada, a luz branca que antes ela emitia, virou-se completamente azul escura e agora, como maior diferença, estava levitando.

"Espera... A gente vai subir na sua espada?", Hu Long perguntou, com os olhos curiosos.

"Sim, segure-se na minha cintura", Fai Chen respondeu rapidamente, pulando em cima da lâmina e apoiando seus pés nela. "Venha, não podemos perder tempo."

The Cultivation of the GazeWhere stories live. Discover now