Capítulo 55 - A metamorfose da vida

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Um ano se passou desde o dia no qual inúmeros gritos foram soltos dos lábios de Hong Shaoran. Com o passar desse tempo e por conta da besta espiritual que entrou em contato com a sua linha de destino, os sentimentos tortuosos do jovem foram aumentando com uma certa frequência, abalando por completo as suas próprias emoções. Por isso, ele decidiu se isolar cada vez mais dos outros ao seu redor, pois não desejava machucá-los com suas palavras ou ações, já que não sabia como equilibrar essa nova força de dentro de si.

Seu pai, percebendo que o filho legítimo passava por crises, até contatou uma médica responsável pela mente humana, mas nem a mais especialista da área conseguiu ajudar o jovem com esse sentimento que enfraquecia sua sanidade.

A incompetência.

Essa sensação cresceu quando a morte de seu Shizun foi dita em uma voz clara por seu pai, Hong Lan que, após mencionar sobre, culpou a cultivadora demoníaca temida por todos, Li Ming-Yue.

Porém, Hong Shaoran sabia que havia alguma coisa errada com tal acusação. Ele conhecia sua companheira. Ela jamais encostaria um dedo em seu próprio Shizun ou atacaria para matá-lo, pois além de ser considerado como mestre, Li Ming-Yue o via como uma figura paterna.

Lembrando-se desse ponto, enquanto Hong Shaoran se vestia para a futura batalha que marcaria seu crescimento como futuro líder do clã, uma certa memória entre seu Shizun com seus amigos apareceu em sua mente.

Hong Wu criava borboletas espirituais com seu próprio poder do cultivo no jardim. Seus discípulos observavam-no com total admiração pelo fato de ser extremamente fascinante como o mais velho conseguia moldá-las em tão pouco tempo.

O Shizun, percebendo os olhares amáveis para si, abriu um sorriso e parou de criar as borboletas para ter uma conversa com os menores. Primeiramente, o mais velho olhou para Li Ming-Yue, que tinha seus olhos escuros brilhando pelas borboletas que a envolviam e disse, com uma voz calma e gentil:

"Borboletas trazem uma mensagem especial. Elas são vistas como o símbolo da mudança, renovação ou transformação. Se pensarmos mais a fundo, elas são verdadeiramente mensageiras dos deuses, pois passam-nos recados sábios e importantes. Já refletiu sobre isso, Li Ming-Yue?"

"Sempre gostei de borboletas por conta de suas diversas cores, Shizun. Então, sinto muito. Não pensei em nenhuma mensagem que poderiam passar. Esclareceria para mim?", a jovem de cabelos escuros, pediu humildemente uma explicação.

O mais velho abriu um sorriso. Com seu indicador, moldou rapidamente um pequeno ovo em sua palma da mão e começou seu discurso:

"Em resumo, as borboletas começam com um ovo. Tempo depois, nasce uma lagarta", o ovo então rachou e de dentro, saiu uma pequena lagarta, rastejando pela pele de Hong Wu. Porém, ela mal sequer ficou muito tempo nessa forma, pois o cultivador passou para a fase do casulo. "Ela fica em um estado de total repouso por um certo período que varia de uma semana a um mês e os tecidos do seu corpo vão se modificando, por isso ela se torna um casulo. No fim, quando estiver se sentindo pronta, romperá o casulo e libertará suas asas, tornando-se uma belíssima borboleta."

Uma borboleta branca surgiu rapidamente e voou até o ombro de Li Ming-Yue, pousando no local e deixando a jovem admirada. Hong Wu, analisando que sua discípula tinha ficado animada, continuou suas citações:

"Os humanos começam como um ser e, com o tempo, aprendem a conviver dentro do espaço que o cerca. Em uma conclusão, a metamorfose da borboleta se compara com a transformação espiritual de todos os seres humanos."

Hong Shaoran, ao ouvir essas palavras ditas por seu Shizun, refletiu sobre as mesmas. Eram profundas e verdadeiras, o que deixou seu coração dolorido, mas com um gostinho de desejar entender mais a sua própria passagem e transformação como humano.

The Cultivation of the GazeWhere stories live. Discover now