Capítulo 123 - O Cultivo do Olhar II

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O poder de Fai Chen sempre foi muito subestimado.

Por ter a Benção do Imperador, muitos guerreiros acreditavam que não saberia ao certo como dominá-la. Apenas seria usada da forma a qual o líder Fai o obrigasse. Porém, quando pequeno, sua mãe era a única que sabia o quão poderoso poderia se tornar com um treinamento adequado. Mas, para isso, a mente do Jovem Mestre Fai também deveria estar o mais estável possível, pois, se algum gatilho errado o acertasse em cheio certamente seu poder poderia se alinhar a outro lado e a energia yin o dominasse.

Aquela sensação gelada a qual dava para ser sentida ao redor de Fai Chen fazia parte de seu cultivo. Por meio desse ar congelante era que o cultivador dominava suas presas de Diyu. Ele agia dessa forma justamente para criar um momento de frieza entre ele e o oponente.

Ele olhou diretamente para a hulijing, que já estava pronta para o ataque. Mas, ao notar as bolas de fogo, soltou um suspiro, parecendo decepcionado.

"Huli... Você tem certeza que deseja lutar contra mim com apenas isso?", Fai Chen comentou, com os olhos fixados nos do outro.

"E você, ChenChen? Acha que com esse seu cultivo, conseguirá vencer?", Wei Huli retrucou, abrindo um sorriso maléfico.

"Sim. Eu conseguirei vencê-lo. Até porque...", o cultivador tocou gentilmente seu dedão com o dedo do meio, realizando um estalo. "Os olhos são a porta para a alma."

Wei Huli, trincou os dentes. Ele não havia entendido aquelas palavras.

Até certo ponto.

Após aquele estalo, o maior começou a perceber que sua visão se tornava embaçada, como se estivesse perdendo a visão. De início, não se sentiu angustiado ou algo do tipo. Ter ou não ter uma visão não o atrapalharia, até porque seu instinto aguçado vinha por seus ouvidos.

Então, lançou a primeira bola de fogo em direção ao cultivador.

"Você quase me acertou, Huli", Fai Chen respondeu, com um olhar de lamento no rosto. "Tirar um pouco de sua visão não foi o suficiente? Certo. Vou para o próximo sentido."

A raposa branca não teve tempo para revisar sobre sua posição. Ela começou a escutar um zumbido forte e após aquele barulho desagradável, gotas de sangue começaram a sair de seus ouvidos.

Wei Huli arregalou os olhos, surpreso pelo verdadeiro poder do cultivo do olhar. Não era apenas uma manipulação visual que possibilita o acesso ao passado do outro, e sim uma que engloba todos os sentidos de qualquer ser que olhasse, uma única vez, nos olhos azuis escuros de Fai Chen.

"Isso é bem interessante, ChenChen", o Jovem Mestre Wei comentou, tocando rapidamente no sangue que acabara de sair de seus ouvidos. "Você consegue até manipular uma criatura de Diyu. Impressionante."

Fai Chen levantou suas mãos em direção a Wei Huli e recitou um rápido encantamento, o qual fez com que o maior começasse a tossir sangue por sua língua e garganta começarem a arder de uma maneira sobrenatural.

"Eu achei que seria mais difícil entrar na alma de uma hulijing. Porém, não tive nenhuma dificuldade", o menor comentou, já com os olhos encharcados de sangue. Por mais que não sentisse nenhuma dificuldade, usar tamanho poder tinha um preço, assim como qualquer outro. Ao tirar proveito do cultivo do olhar, uma parte de sua resistência começaria a falhar e se não se prevenisse, um desvio de qi poderia acontecer há qualquer momento. "Já foram três sentidos. Falta apenas mais dois..."

Antes que Fai Chen pudesse continuar seus serviços, Wei Huli abriu um enorme sorriso e cuspiu um punhado de sangue da garganta. Logo, estalou seu pescoço e seus ombros.

The Cultivation of the GazeWhere stories live. Discover now