Capítulo 50 - Sentimentos interligados II

1.1K 200 219
                                    

Em outro cômodo da grande casa do clã Hong, encontrava-se um jovem adormecido com pensamentos que o atormentavam e o medo de perder completamente a consciência como das outras vezes que fora usado apenas como uma peça de batalha.

No sonho de Hu Long, a cena era a mesma do dia em que fora salvo pelo cultivador vendado, que esboçava um sorriso calmo mesmo com as palavras de baixo calão vindas do assassino machucado.

Aquele momento, para o mais baixo, significara muito. Estava há tempos fugindo de todos com medo de ser reconhecido e a primeira pessoa a ajuda-lo foi aquele cultivador conhecido por "Yongliang" que, no final, era Fai Chen, o Jovem Mestre Fai.

No sonho, Hu Long levantou-se da cama e assim que Fai Chen se aproximou para compreender sobre o que se tratava aquele novo ato vindo do menor, foi surpreendido quando o mesmo arrancou a venda que escondia seus olhos. O assassino observou os lindos olhos azuis escuros do outro e jogou com raiva a venda no chão, apontando o dedo para seu lado esquerdo do peito com lágrimas prontas para serem derramadas.

"VOCÊ PODIA TER CONTADO DESDE O COMEÇO!", Hu Long gritou, com dores imensas em seu coração. "Por que... Por que... Era tão difícil me contar a verdade?"

"Hu Long...", Fai Chen estendeu sua mão direita e tocou levemente o lado do rosto do assassino, que estava tão descontrolado. "Se me escutasse direito, iria entender o porquê foi tão difícil contar-lhe sobre tudo."

"Como a-assim?", gaguejou com um certo receio. "Você não é real. É só minha mente brincando com meu coração..."

Antes que Hu Long pudesse continuar suas palavras, as lágrimas que estavam presas em seus olhos começaram a rolar por diversos motivos, porém, o mais forte entre eles era pela mentira.

Uma única gota de mentira poderia contaminar todo seu mar de confiança. E isso já era o bastante para Hu Long enlouquecer e sucumbir ao demônio dentro de seu sangue, que o devoraria pela segunda vez.

Mas, por alguma razão, o yaomo não havia emergido. Mesmo que o assassino estivesse devastado e com crises terríveis de choro, o sentimento que tinha em relação a Fai Chen jamais poderia ser deixado de lado, mesmo com uma mentira. E por causa desse sentimento, Hu Long não se desfazia de sua consciência.

Era mais forte do que sua dor. Era mais forte do que qualquer sentimento relacionado a angústia.

Era amor.

Por conta dessa única palavra, o sonho tomou outro rumo, que surpreendeu Hu Long. Assim que o jovem se tocou sobre a emoção que o envolvia, Fai Chen o abraçou. Esse abraço simbolizou, naquele momento tão vulnerável, o encontro de dois corações.

"Está tudo bem agora... Não chore mais", Fai Chen sussurrava bem próximo ao ouvido do menor que, ao sentir a fragrância do cultivador, começava a se acalmar.

Percebendo que Hu Long estava começando a controlar suas lágrimas, o cultivador esboçou um sorriso e deu-lhe um beijo de leve na testa, separando os corpos do abraço. O mais novo levantou seu rosto para olhá-lo melhor e percebeu que por mais que Fai Chen estivesse esboçando um sorriso carinhoso, seus olhos azuis escuros estavam com ondas formadas.

Estavam lacrimejando.

"Consegue se lembrar das minhas palavras no dia em que descobriu sobre mim?", perguntou o maior, com as mãos deslizando pela cintura de Hu Long. "Você foi a única coisa boa dentro da minha vida desde que eu me tornei cultivador. Eu tive muito medo de perdê-lo. Por favor, acredite em mim."

Hu Long pousou delicadamente suas mãos no peitoral do homem mais alto e inclinou seu rosto para frente, tentando ouvir as batidas do coração de Fai Chen para tentar manter um equilíbrio entre seus sentimentos. Ele sorriu e respondeu, com os olhos fechados:

"Eu entendo seu lado, Fai Chen. É só que... Eu senti tanto sua falta..."

"Sentiu...?"

"Eu não passava sequer um dia sem pensar em você. Em nossos momentos juntos no clã Fai e... Todas as palavras afetuosas que trocamos naquela noite cheia de estrelas, com uma lua cheia olhando para nós, como se estivesse nos abençoando. E claro, aquele vento gelado passando pelos nossos corpos... Era tão aconchegante estar com você..."

Ao mesmo tempo que o assassino mencionara sobre tal ação natural, as janelas da cabana abriram-se com força e um vento, daquele mesmo dia que citara, envolveu os corpos de ambos os rapazes, que agora estavam apenas querendo entender as dores um do outro. Fai Chen suspirou, dando mais um beijo em Hu Long, mas agora em sua cabeça.

"Você ainda confia em mim, Hu Long?"

"Como não confiar no meu único amor?", Hu Long respondeu, soltando um riso enquanto uma lágrima descia pela sua bochecha direita. "Mas, eu preciso de um tempo para assimilar tudo..."

"Está certo. Então, não tenha medo de abrir os olhos, Hu Long", Fai Chen mencionou, soltando finalmente a cintura do menor e dando um passo para trás. "Não acontecerá nada com você."

"Não... Se eu abrir meus olhos, o yaomo..."

Os lábios de Hu Long foram calados quando as mãos macias do outro homem foram pressionadas em ambas suas bochechas. Fai Chen inclinou seu rosto e deu diversos beijos ao redor de todo o rosto do assassino. Era um ato extremamente carinhoso e que deixou o menor completamente sem reações, apenas aproveitando o momento, que parecia tão realista.

"Lembre-se, eu sou como o vento que lhe envolve, Hu Long", disse o mais alto, ainda com suas mãos no rosto do outro. "Eu estarei com você."

Por mais que Hu Long tivesse a vontade de responder àquelas palavras tão emotivas, começou a perceber que Fai Chen estava desaparecendo, como flores de ameixeira caindo na mudança de estação. O assassino pegou as mãos do cultivador, apertando-as, com medo de vê-lo partir.

"Fai Chen, eu quero lhe ver... Não vá..."

Hu Long murmurava, olhando fixamente para os olhos de seu amado, que permanecia com o sorriso de sempre. Amável e acolhedor.

Nos últimos minutos, antes de Fai Chen desaparecer por inteiro, o assassino conseguiu ouvir, por fração de segundos, as últimas palavras do mesmo, que perfuraram seu coração:

"Eu estou realmente contente por ter lhe conhecido..."

O mais novo, não sentindo mais a presença de uma segunda pessoa na cabana, ajoelhou-se no chão e deixou seus sentimentos amostra mais uma vez. Chorou por um tempo, porém, também abriu um sorriso de felicidade, pois até em seus sonhos, Fai Chen conseguia salvá-lo de seus demônios interiores.

Hu Long tomou coragem e abriu seus olhos vermelhos.

Sem medo.

Possuindo todo o controle de seu corpo e de sua mente.

---

- ale yang on -

E aqui está o capítulo com os sentimentos de Hu Long. Espero que tenham sido compreendidos!

O próximo capítulo começará o flashback de Hong Shaoran! Preparem os lencinhos!

Até sexta-feira!

The Cultivation of the GazeWhere stories live. Discover now