Capítulo 10 - O calor do contato físico

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Permaneceu um silêncio depois da frase tão direta e com vários sentidos de Wei Huli. Entretanto, Hong Shaoran sabia cortar muito bem o clima e voltou a elevar a voz, deixando claro sua indignação e frustração.

"WEI HULI! QUE MERDA VOCÊ ESTÁ FALANDO PRA MIM?", a partir do momento que Hong Shaoran começou a voltar a falar com aquele tom, um suspiro de desgosto foi escutado, juntamente a passos, induzindo que Wei Huli já estava farto e voltava a andar para longe do garoto raivoso. "É SÉRIO QUE VOCÊ VOLTARÁ A ME IGNORAR?"

Não houve mais respostas vindas do jovem calmo, então os passos de Hong Shaoran começaram e com pressa, deixando claro que ambos os jovens passaram a se distanciar do armário no qual Hu Long e Fai Chen estavam escondidos. Por conta desse distanciamento, o cultivador, que já se sentia impaciente dentro daquele móvel, soltou suas primeiras palavras, depois de tanto tempo em silêncio:

"Podemos sair? Está ficando quente e apertado."

"Acho melhor esperarmos mais um pouco. Não se preocupe, não irei me mexer", Hu Long respondeu ainda com um tom de voz baixinho e tentando não se mexer mais. Se para Fai Chen estava apertado e quente, para o jovem assassino, tudo se tornava pior.

Por conta da diferença de altura, Hu Long estava com o rosto próximo do peitoral do cultivador, ouvindo bem os seus batimentos cardíacos, que algumas vezes aumentavam devido a proporção de movimentos que qualquer um fazia. Além disso, o pior problema para o jovem assassino estava em sentir demais certas coisas que não deveriam ser sentidas. Graças a situação de aproximação dos corpos, conseguia brevemente perceber algo em Fai Chen mudar de estado e desejava poder iniciar certas brincadeiras com aquilo, mas não tiraria sarro do cultivador, que provavelmente não estava gostando daquela mudança de estado físico de seu corpo.

Fai Chen já estava percebendo seu corpo se aquecer, o que jamais foi presenciado desde que se tornou um cultivador. Então, ele levantou o rosto, tentando se concentrar em qualquer outra coisa que não fosse Hu Long ainda o abraçando e suas mãos, entrelaçadas, em sua cintura fina. Esse ato carinhoso feito pelo jovem assassino nunca foi pensado com o intuito de provocar o homem, que só faltava gritar pedindo socorro para os deuses, que um dia ficaram ao seu lado, dando-lhe calmaria e pureza. Porém, desde a adolescência do cultivador, ele já havia reparado que seu corpo era muito sensível a quaisquer movimentos mais próximos vindos de outros e, principalmente, se fosse alguém que o chamasse a atenção.

Sendo assim, para se acalmar de uma vez por todas, sentiu-se obrigado a lembrar de qualquer yaomo grotesco sendo mutilado. Sua mente, ao pensar em tal besta, foi mudando o sentimento do momento e aos poucos, o jovem sem estruturas, foi se acalmando e conseguiu controlar seu corpo perante a situação. Hu Long reparou na volta de Fai Chen ao normal e ficou um pouco decepcionado por ter se acalmado tão rápido, mas, de certa forma, o assassino ficou curioso sobre e gostaria de interrogá-lo mais tarde.

"Acho que agora podemos sair, Cegueta", ele disse, soltando a cintura de Fai Chen e movendo sua mão direita lentamente para a porta do armário, abrindo-a e fazendo o mínimo de barulho possível.

Depois de breves minutos, ambos os homens saíram do armário e soltaram, ao mesmo tempo, um suspiro abafado.

"Um ar livre...", Fai Chen murmurou, abrindo um rápido sorriso de agradecimento por finalmente sentir uma sensação melhor do que o calor de seu corpo com o do outro.

"Estava realmente quente lá dentro?", Hu Long o questionou, olhando de lado para o cultivador, que continuava a respirar pesadamente e, obviamente, por mais que o outro não pudesse ver, abrindo um sorriso malicioso.

"Bastante. Agora vamos para o quarto antes que aqueles dois retornem e tenhamos que voltar para o armário. "

"Não seria uma má ideia."

"Como assim?"

"Eu disse alguma coisa?", Hu Long respondeu, rindo alto e pegando a mão de Fai Chen, o puxando para perto de si, apenas para caminharem juntos e entrarem logo no quarto em que haviam deixado seus pertencentes.

Assim que entraram, Fai Chen ficou ainda mais aliviado pelo cheiro de pétalas de rosas que predominou no quarto, deixando claro que alguma pessoa havia entrado para jorrar esse cheiro e arrumar o que tinham bagunçado, mas isso não era o mais importante agora. Então, o cultivador caminhou até a beirada da cama, sentindo que sua espada estava lá e a pegou.

"Ei, Cegueta!", Hu Long voltou a dizer, resultando em Fai Chen largando sua espada no mesmo lugar que estava e o escutando, atentamente, como de costume. "Lembra da minha ideia? Não acha melhor irmos pela noite? Assim, terei menos chances de ser reconhecido. E você... também? É mesmo, falando nisso, eu nunca te perguntei, mas por que você mora numa cabana na floresta? Longe do povoado?"

"Uma pergunta de cada vez...", o cultivador começou a respondê-lo, levando sua mão esquerda para a nuca e sentindo um pouco de suor, provavelmente por tantos movimentos anteriores e também pela falta de descanso que seu corpo precisava. "Sua ideia de irmos pela noite é aceitável. E eu não irei responder as outras perguntas. "

"É sério? Eu vou continuar ao seu lado só sabendo seu nome?"

"Não. Você também sabe outra coisa."

"Hum? O que?"

"Sobre eu ser um cultivador. Acho que é um grande avanço", graças a resposta de Fai Chen, ambos abriram um sorriso e Hu Long, por mais que quisesse saber mais sobre o cultivador que já salvou sua vida, não insistiu em perguntar mais sobre isso, pelo menos por agora.

"Cegueta, assim você me deixa extremamente magoado", o assassino comentou, de forma irônica e segurando o riso.

"Não foi minha intenção. Terei que fazer algo para melhorar seu humor?"

"Hum... Era exatamente isso que eu desejava ouvir."

Logo após essas palavras tão rápidas de Hu Long, Fai Chen sentiu o corpo do jovem se aproximar do dele e por meros segundos, o cultivador pensou que seus rostos estavam próximos demais, deixando um calafrio percorrer pelo seu pescoço, já um pouco arrepiado pelo vento gelado que vinha até ele.

"O que acha de irmos banhar nossos corpos nas águas termais dessa pousada, Cegueta? Acho que agora é a hora exata para essa ideia ser realizada."

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- ale yang on -

E vamos de águas termais no próximo capítulo (risos).

Espero que estejam gostando das interações do Fai Chen e Hu Long, e obviamente, do Hong Shaoran e Wei Huli. Em breve essa outra dupla voltará a aparecer!

Não se esqueçam de comentar e votar!

Até sexta-feira!

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