Capítulo 124 - O Cultivo do Olhar III

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Fai Chen estava assustado.

Ele nunca tinha visto um incêndio tão imenso como aquele.

Haviam gritos por todos os lados da casa principal do clã Wei. Eram vozes desesperadas por qualquer mínima ajuda. Implorando para que as salvassem antes de serem queimadas por aquele fogo azul ardente de uma hulijing. A criatura indomável e ameaçadora para muitos.

Tudo aconteceu muito rápido e salvá-las se tornou algo impossível para o cultivador e Li Ming-Yue, que estava tão aflita quanto Fai Chen. Ambos conseguiam sentir perfeitamente as dores humanas que se espalharam por aquele lugar.

Um clã tão famoso, cheio de histórias e conquistas estava se desfazendo em cinzas.

Assim que o grito de Wei Huli terminou, um sorriso problemático ficou preso naquele rosto, sem mais um único pingo de sanidade. Fai Chen, ao ver aquela reação assustadora, se levantou do chão e cuspiu um punhado de sangue.

Ele não podia deixá-lo vencer.

Não era o certo.

Então, mesmo mancando e sentindo como se qualquer movimento pudesse ser o seu último, pegou rapidamente a espada a qual a raposa branca utilizou para machucá-lo e foi à frente para uma nova luta.

Li Ming-Yue e Xia Ling queriam ajudá-lo. Mas, antes de agirem deveriam tomar cuidado com qualquer ação daquela hulijing insana. Pois, a partir do momento que pensaram em acudir o cultivador, Wei Huli virou o rosto em direção à elas e, com uma única bola de fogo azul, derrubou a árvore que estava por perto, para não atrapalharem.

Percebendo a insanidade que os olhos do antigo amigo refletiam de dentro da sua alma, Fai Chen estendeu sua espada para frente e lacrimejando, tanto de dor física quanto emocional, disse:

"Esse fogo não conseguirá destruir nossas almas, Huli", ele mordiscou os lábios e apertou mais o punho de sua espada, que parecia ter se tornado mais pesada. "E também... A minha espada não consegue mais te ferir."

A raposa branca soltou uma risada lastimável. Parecia bem decepcionada pelas falas do jovem à sua frente.

"Patético. Por que ela não consegue? Você está tão abalado emocionalmente que não pode mais me atacar?", a criatura se aproximou de Fai Chen até que a lâmina daquela espada tocasse severamente seu peitoral, já bem danificado graças ao veneno que começara a se espalhar por todo seu corpo. "Vamos, ChenChen. Você só precisa continuar. É apenas mais uma morte. Você já matou alguém antes, certo?"

Os olhos do Daozhang tremeram. Ele sabia de quem o Jovem Mestre Wei estava querendo insinuar.

"A morte do líder Hong... Eu não queria matá-lo e...", Fai Chen engoliu o seco e levantou um pouco mais a sua voz. "Foi um dos meus maiores momentos de descuido. Você sabe disso. Estava lá. Manipulando todo o espaço que me cercava."

"Tem razão. Mas, você deveria me agradecer! Eu fiz um favor a todos naquele momento. Inclusive à você", Wei Huli abriu um sorriso e deu mais um passo à frente daquela lâmina, começando a senti-la cortar os tecidos de sua pele. "Pense bem. Hong Lan foi um homem horrível para muitas pessoas. Ele destruiu lares, famílias, mentes e acabou até com o psicológico de seu próprio filho fazendo-o controlar o irmão mais novo. Mas, devo admitir, ChenChen. Seu jeito de matar é fascinante. Porém, falta-lhe um pouco de tortura. Líder Hong deveria ter sofrido bem mais."

Quando o jovem de cabelos acinzentados citou rapidamente a história dos irmãos do clã Hong, o cultivador voltou seu olhar primeiramente para Hong Shaoran, que estava no mesmo local que havia sido nocauteado de uma forma, pelo visto, mortal. Depois, olhou para onde Hu Long deveria estar abatido. Suas mãos começaram a transpirar de nervosismo e a espada começou a ficar ainda mais lenta do que antes.

The Cultivation of the GazeWhere stories live. Discover now