Capítulo 27 - Uma falsa mentira

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AVISO: trecho rápido que indica uma tentativa de suicídio (em uma memória).

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Quando Hu Long leu todas as palavras do folheto, seu rosto mudou completamente. Suas sobrancelhas estavam cerradas, seus olhos vermelhos ficaram ainda mais pulsantes e seus lábios sangravam de leve pelo simples fato de tê-lo mordido incontáveis vezes enquanto lia o pequeno texto. O assassino amassou o papel com imensa raiva, segurando-o ainda na mão e não soltando até chegar ao lado de Fai Chen.

O cultivador, por outro lado, estava mais calmo, pois Hu Long não tinha mais aberto a boca para enchê-lo de perguntas. Porém, isso era um tanto inesperado. Por mais que eles tivessem se conhecido a pouco tempo, Fai Chen já sabia interpretá-lo bem. Quando ele reagia a suas provocações, Hu Long jamais se calaria com tanta facilidade. Supôs, assim, que algo tinha acontecido para mantê-lo de boca fechada.

"Hu Zhuang?", Fai Chen chamou por ele, mas o que recebeu em troca foi um silêncio mortal. Se não fosse pela respiração abafada de Hu Long, era como se só ele estivesse sozinho no corredor.

Esse silêncio era preocupante. O assassino, pelas análises do cultivador, nunca perderia a chance de respondê-lo quando o chamasse também. Então, o mais alto certamente já havia entendido que algo não estava nem um pouco normal. Antes que Fai Chen pudesse começar a investigar o caso, o homem ao seu lado começou a andar com pressa para longe dele, indo em direção a cozinha, na qual o cultivador tinha tomado uma sopa na noite passada. Para que não perdesse Hu Long de seus sentidos, caminhou o mais rápido possível para ficar pelo menos um pouco mais perto do outro. Não queria invadir seu espaço pessoal, já que aparentemente ele tinha mudado de humor drasticamente e por algo que não queria contar para o maior.

Ao chegarem na cozinha, Fai Chen abriu um sorriso gentil quando sentiu novamente o cheiro fresco da torta. Entretanto, os sentidos do corpo do cultivador ficaram mais aguçados quando de repente escutou um grito agudo a sua frente.

Era o tom de Xiao Yan.

"Hu Long! O que você está fazendo?", o costureiro perguntou com um tom de voz desesperador, deixando o cultivador em estado de pânico, por não entender o que estava se passando ao seu redor. Mas, pelos sons seguintes, já conseguia imaginar bem uma cena.

Xiao Yan foi empurrado para a frente de um armário de madeira com um pouco de força bruta de Hu Long, que não estava nem um pouco paciente. Logo, com um impulso e pelo despreparo do costureiro, o assassino o puxou pela gola da vestimenta que usava, no caso, um robe simples e com alguns detalhes de ondas nas mangas. Sua mão esquerda espancou o armário a frente, como se estivesse mostrando o que poderia fazer com o pobre homem indefeso que estava situado em seus braços, musculosos e robustos.

"Você está me perguntando o que eu estou fazendo? Xiao Yan, eu que deveria fazer essa pergunta", Hu Long respondeu, usando uma voz fria que, nos ouvidos de Fai Chen, foram até que ousadas e sensuais, arrepiando-o por completo. "Achou que me enganaria por quanto tempo?"

"Do que você está falando? Poderia me soltar para conversarmos? Você vai estragar meu robe verdinho! Eu terminei ele nessa madrugada!", mesmo com o assassino o prendendo daquela forma, Xiao Yan, aos olhos dele, estava mantendo sua mesma forma. Mas o cultivador, assim que escutou a primeira frase saindo dos lábios do costureiro, logo percebeu o desespero que estava o sufocando.

Fai Chen aproximou-se de ambos aos poucos, estendendo as mãos em direção a eles, emitindo uma luz cintilante em todos os seus dedos e bem baixinho começou a recitar uma citação de distância entre os homens. Hu Long, percebendo o que o cultivador estava fazendo, largou a gola da roupa de Xiao Yan, seguidamente de um riso tenebroso.

The Cultivation of the GazeWhere stories live. Discover now