The Cultivation of the Gaze

Capítulo 54 - A arma espiritual

Desde o momento que Hong Shaoran ajudou Wei Huli naquela situação da floresta, o filho legítimo do clã Wei não se desgrudou mais do maior. Todos os dias, no final da tarde, ambos se encontravam na divisão de domínio da área florestal entre os dois clãs distintos e treinavam arco e flecha. Na verdade, Hong Shaoran ensinava para Wei Huli todos os jeitos possíveis de manusear perfeitamente tal arma e o jovem de cabelos acinzentados já estava pegando facilmente o jeito.

Entretanto, essa amizade afetuosa acabou sendo afetada por conta de razões políticas entre os líderes do clã Hong e Wei. Pouco tempo atrás, os irmãos jurados tinham desfeito seu laço por mentiras que afetaram os três. Wei Ming, percebendo que Fai Xin estava se afundando por conta de seus próprios negócios, não queria deixar os outros vendo aquele homem como um de seus "irmãos" e plantou uma falsa evidência, incriminando o líder Fai de ter roubado de Hong Lan.

No começo, aos olhos de Wei Ming, o líder Hong pareceu acreditar nele, já que seu semblante era mais firme do que Fai Xin que, quando foi acusado, só sabia xingar e bater na mesa como uma forma de protesto pela falta de confiança. Porém, depois que o líder mais novo entre eles se retirou da sala, Hong Lan fixou diretamente nos olhos claros de Wei Ming e disse com a maior frieza que já utilizara com um ser humano do mesmo status de poder que o seu: "Saia da minha sala. Achou mesmo que eu não perceberia sua mentira? Se eu não desejo mais Fai Xin como meu irmão, eu também não vou desejar um irmão mentiroso como você."

Quando Hong Shaoran e Wei Huli souberam disso por meio de seus pais, tiveram que se afastar por três anos. Dentro desse período que se passou, quando um via o outro em alguma reunião, trocavam algumas palavras e xingamentos, para que os líderes não desconfiassem de absolutamente nenhum afeto entre eles. Entretanto, nos finais de noite do sexto dia da semana, os jovens sem medo das consequências encontravam-se na floresta e treinavam juntos, conversavam e eram quem queriam ser, lado a lado.

Em outras palavras, de fachada, os jovens deixavam todos pensarem que ambos se odiavam e não se suportavam. Mas, às escuras, ambos tinham um imenso carinho e desejavam poder ficar mais tempo juntos. Um dia, quando amanheceu, Hong Shaoran levantou-se rapidamente da cama e abriu um sorriso iluminado, pensando que poderia finalmente encontrar seu amigo, Wei Huli, no final do dia. Porém, o que ele não imaginava era que, depois de uma missão que seu pai mandou ele, Hu Long e Li Ming-Yue realizarem, tudo realmente mudaria. Até seu coração.

"Então, entenderam o que devem fazer?", Hong Lan repetiu, sentado em sua cadeira e comendo uma maçã, enquanto olhava para os três jovens, já preparados para a retirada. "Vocês devem ir para a Floresta Sem Vozes e extraírem o sangue de um terrível yaomo que passa por aquela região. Fui claro o bastante?"

"Com certeza, líder Hong", Li Ming-Yue respondeu, pousando sua espada na cintura e abrindo um sorriso satisfeito pela missão. "Líder Hong, o senhor saberia nos informar qual é a classe do yaomo?"

Hong Lan não conseguiu responder, pois sua esposa passou a sua frente e disse, cruzando os braços:

"Não há necessidade de saber a classe. Vocês conseguem derrubá-lo facilmente. Além do mais, Xia Ling deixou na pequena bolsa que está em suas costas um líquido que ao jogar no rosto de um yaomo, o mesmo ficará inconsciente dentro de 30 minutos. Utilizem esse tempo para extraírem o sangue dele. Simples assim", Madame Tao olhou de lado para seu filho, que permanecia imóvel e apenas a ouvindo com uma maior atenção. "A-Ran, traga o sangue. Se não trouxer, já sabe o que acontecerá com você, certo?"

Hong Shaoran piscou três vezes seguidas e engoliu sua saliva por ter essas frases ditas tão explicitamente e na frente de seus amigos de combate. Então, o jovem, futuro líder do clã Hong, apenas confirmou com sua cabeça e os três, logo em seguida, se retiraram da sala principal a caminho da Floresta Sem Vozes, localizada próxima do domínio do clã Fai, que mal tinha forças de exército mais.