Capítulo 6 - O clã Wei I

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O som da água escorrendo junto a pequenos barulhos de dedos roçando uma toalha invadiram os ouvidos de Fai Chen, que ao acordar sentiu um pano gelado em sua testa. O cultivador estendeu seu braço esquerdo querendo alcançar o tecido. Imediatamente, foi parado por uma mão que já conhecia bem.

"Cegueta, não se mexa com tanta velocidade. Você acabou de acordar". Fai Chen escutou a voz de Hu Long não tão próxima, mas ainda perto o bastante para ouvir seu tom, que podia ser definido como calmo e protetor.

"Hum? O que aconteceu?"

"Após você ter matado aquele yaomo junto a mim, seu corpo ficou extremamente cansado ao ponto de desmaiar. Toquei em sua testa e percebi que estava bastante quente, então coloquei seu corpo nas minhas costas e trouxe você para cá". Hu Long continuou a dizer, com uma voz tranquila, passando uma energia boa para Fai Chen. Além disso, estendeu um copo com água em sua direção. "Beba, é água."

Fai Chen arrumou sua postura aos poucos, sem movimentos que o deixariam tonto. Por fim, se sentou, pousando sua coluna na parede próxima a cama que estava. Ele estendeu seu braço esquerdo, pegando o copo d'água que Hu Long tinha oferecido e começou a beber, a fim de deixar sua garganta um pouco melhor depois de tanto tempo dormindo.

"Onde estamos?", O cultivador perguntou, levando novamente o copo a seus lábios.

"Estamos em um quarto de bordel", Hu Long respondeu, sentando ao lado de Fai Chen e desejando a reação do mesmo, o que não precisou esperar tanto. A partir do momento que ouviu a palavra "bordel", teve um engasgo com a água que estava bebendo e em um piscar de olhos se levantou. Apertou melhor sua venda e correu para longe da cama, batendo sua cintura em uma mesa próxima.

Resmungou baixinho sobre esse devido lugar que Hu Long tinha-o trazido e pela breve dor em sua cintura por ter batido no móvel do quarto. Mas, o pior pensamento de todos era como o garoto tinha a ousadia de trazê-los para um centro povoado, se tanto para Fai Chen quanto para Hu Long era perigoso alguém reconhecê-los.

"Não estou entendendo sua reação, Cegueta. Você não é um homem como eu, que frequenta bordéis?", Hu Long perguntou de uma maneira irônica e com um traço de perversão. "Oh, espera. Se você está assim, tão envergonhado... É porque nunca foi a um estabelecimento como esse? Cegueta, você é adorável!"

O cultivador já farto das besteiras do mais novo ficou enfurecido e saiu do quarto, sem ao menos se preocupar com seu estado físico.

Não passou nem sequer um minuto e Hu Long já corria atrás dele, gritando bem alto para que o cultivador parasse e o entendesse.

"EI, CEGUETA! É BRINCADEIRA! Acha mesmo que eu traria um "Daozhang" para um bordel? Não sou tão burro assim. Estamos em uma pousada."

Fai Chen parou de andar pelo corredor, respirando forte por correr um pouco depois de seu corpo ter quase entrado em um estado de desvio. O cultivador se virou de frente para Hu Long e soltou um suspiro pesado, já cansado de agir dessa maneira, que aos olhos de outros, poderia ser bem infantil. "Correndo de seus problemas".

Então, ele reuniu sua calma e disse, bem direto e sincero:

"Eu estou grato."

"Grato?"

"Grato por ter me salvado."

Hu Long ficou silencioso por alguns segundos, deixando Fai Chen um tanto preocupado pela sua reação. "Tinha dito algo de errado?", essa dúvida que aos poucos apareceu nos pensamentos do cultivador foi respondida seguidamente de um riso agradável que passou pelos seus ouvidos, mais sensíveis do que o normal.

"Não me agradeça, Cegueta. Você me salvou e eu dei a minha retribuição. Apenas...", o jovem parou de dizer e começou a murmurar, pensando que Fai Chen não o escutaria. Mas pelo contrário, o jovem vendado, tinha ouvido muito bem. "Não esperava que existisse uma pessoa que me agradeceria... Depois de tantas coisas..."

Fai Chen fingiu não ter escutado tais palavras tão modestas vindas do homem à sua frente. Sua última frase claramente deixou o coração do cultivador um tanto deslocado. Entendia bem esse sentimento de descrença. O sentimento que muitos humanos sentem de diferentes formas. Alguns são mais explosivos e tendem a demonstrar de uma maneira mais ligada a atenção, pedindo, implorando as devidas palavras que tanto desejava escutar em momentos de escuridão. Outros, são mais restritos às emoções e preferem usar um tipo de véu por cima do rosto, não querendo deixar claro o que desejava ouvir em determinado momento de sua insegurança e perdição de sentimentos tão negativos que penetram o coração do descrente.

Então, pela primeira vez depois de horas ao lado do garoto assassino, ele conseguiu o entender mais. Por Hu Long ser ligado a área da vida ou morte de uma pessoa, ele foi, possivelmente, temido por muitos e quando agiu pelo bem deles, recebeu palavras amaldiçoadas e extremamente vulgares, deixando-o assim sem uma única luz de esperança, de bondade e gratidão. O que, se Fai Chen analisasse dessa forma, se parecia com o sentimento que sentia dentro do peito.

"Cegueta, está com fome? Eu esqueci de mencionar, mas enquanto você estava desacordado, desci para o balcão e vi um grupo de velhos jogando apostas, bem fáceis de ganhar. Então, participei e ganhei um dinheiro para comermos. Aceita?" Hu Long cortou os pensamentos reflexivos de Fai Chen, trazendo-o de volta para o mundo real e bem longe de todos os males que poderiam aparecer se continuasse a cogitar. Assim, o cultivador aceitou com um sorriso no rosto o almoço com o garoto, trazendo um ar de alegria para ambos.

Já sentados na cadeira de frente para uma mesa, Hu Long pediu duas sopas e dois copos com chá de ervas puras, algo bem básico para Fai Chen e para ele, pois era bem provável que se o cultivador comesse algo mais forte, poderia vomitar por conta de seu corpo estar ainda bem fraco. E Hu Long, para não provocar o estômago do outro, pediu o mesmo prato.

"Hu Zhuang, eu esqueci de perguntar. Em que pousada estamos e por que a escolheu? Não tem medo de ser reconhecido?", Fai Chen o questionou, parando de tomar sua sopa e prestando atenção nas próximas palavras do outro.

"Bem, como você estava bem devastado, avistei essa pousada próxima a Cidade ManYue, que está no domínio do clã Wei. E, para a minha sorte, essa pousada sempre foi meu ponto de encontro com uma parceira minha... Então, a dona daqui teve um carinho maior por nós dois e nunca iria nos dedurar para as autoridades do clã Hong. Além disso, eu prendi meu cabelo. Um ótimo disfarce! Se você quiser, posso prender seus fios também. Mas... de qualquer forma, você conhece? Essa pousada ou cidade?"

Ao ouvir o nome da cidade e do clã que Hu Long mencionou, Fai Chen sentiu seu coração disparar e seu corpo inteiro se arrepiar. O jovem cultivador acabou por se lembrar de um certo ponto em seu passado, no qual seu pai tinha-o vendido por uma noite para esse clã. Um dos clãs mais poderosos de todos e que gozava com a dor dos seus prisioneiros e a verdade contada por eles, por mais perversa que fosse, eram doces palavras nos ouvidos do senhor Wei Ming.

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- ale yang on -

O próximo capítulo renderá certas emoções passadas, então já se preparem.

Até sexta-feira!

The Cultivation of the GazeWhere stories live. Discover now