Capítulo 89 - Um nascimento sob a luz da lua

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AVISOS: A partir desse capítulo começa o flashback de Li Ming-Yue em conjunto com o de Xia Ling.

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Por mais que haja a grande história do Imperador de Jade, a China explicou o surgimento da vida, na verdade, em três versões e uma delas, ao invés do criador ser um homem, é uma mulher.

Nu Kua, na mitologia chinesa, é a Deusa da Fertilidade, Matrimônio e a mesma que criou a humanidade. Nos livros, sempre foi representada como metade humana e metade serpente, e isso causou uma imagem de Nu Kua como uma "deusa transofrmadora". Nas culturas antigas e seguindo a lógica, da mesma forma que a serpente "troca de pele" com frequência, o animal era visto como um símbolo do feminino pela "troca de hormônios".

Na crença, depois da criação do universo primitivo, Nu Kua sentiu-se sozinha. Não existia vida ao seu redor. Então, decidiu ir às margens do Rio Amarelo e com o barro, montou diversas formas diferentes. Quando a deusa se cansou, ela simplesmente pegou uma corda de barro e a lançou, girando-a depressa. Dessa forma, o barro que foi caindo, formou as novas formas.

No final, ela doou porções de Yang e Yin para cada molde. Os predominantes Yang, se tornaram homens, e os predominantes Yin, se tornaram as mulheres. Além disso, os humanos que foram moldados pelas mãos da deusa, tiveram uma vida de realeza, se tornando nobres. Já os que foram feitos pelo barro da corda giratória, são os humanos vistos como inferiores, pobres e servos dos superiores. Depois de "dividir" a sociedade nesses dois grupos, ela inventou as relações sexuais e o casamento, para equilibar as energias.

A Deusa Nu Kua, nas escritas mais antigas, nunca foi uma deusa que gostaria de ter causado um caos por essa divisão, porém, até mesmo em suas doações das porções Yang e Yin, a sociedade conseguiu erguer-se pela desigualdade.

O país que deu tudo de si, tornou-se um que idolatrava o patriarcado. As mulheres eram ensinadas desde cedo a serem submissas aos pais, depois aos maridos e, mais tarde, aos filhos. Eram impedidas de participar de vários domínios da vida social, por meio de estipulações sociais de que permaneciam dentro de casa, enquanto os negócios externos deveriam ser conduzidos por homens. E para completar, elas não tinham sequer o direito de escolher o casamento. Geralmente, era organizado pelos pais do noivo e da noiva, a fim de obter alianças entre as duas famílias e garantir a continuidade da linhagem familiar.

Em conclusão, a missão principal de uma mulher casada, independente da sua condição social, era ter pelo menos um filho para continuar o sobrenome. Portanto, as mulheres eram valorizadas essencialmente pelas suas funções reprodutivas. E justamente, chegando a esse ponto que Li Ming-Yue veio ao mundo.

O pai de Li Ming-Yue era um rico comerciante de tecidos que vivia com sua esposa em uma das casas mais bem arquitetadas das ruas que o clã Hong possuía. Quando a loja já estava lhes sucedendo bastante dinheiro, o homem ordenou que sua mulher desse a bênção de um filho, para que o mesmo descendesse suas riquezas quando se tornar velho e dar um nome ainda maior a sua família, até que se tornasse famosa e ganhasse muito mais.

Seu sonho era um dos mais comuns que os homens tinham. Entretanto, o rico comerciante tinha um problema e que mal sequer sabia. Sua esposa não estava nem um pouco entusiasmada para ter relações sexuais com seu marido e muito menos ter uma criança que possuisse o mesmo gene daquele o qual se casou.

Por mais que eles passassem um aspecto encantador nas ruas e para seus clientes, quando o dia terminava, o homem maltratava sua esposa e a menosprezava todas as noites antes de dormir, pois precisava passar por essa "cerimônia" para não se sentir inferior a tal.

A esposa já estava cansada de tudo aquilo. Nunca quis se casar com um homem daqueles. Tão gananciador e sem sentimentos verdadeiros. Porém, por conta cultural, seus próprios pais acertaram o seu casamento e agora, a mulher tinha que viver infeliz.

The Cultivation of the GazeWhere stories live. Discover now