Capítulo 108 - A rara hulijing

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AVISOS: A partir desse capítulo será o flashback do passado de Wei Huli e narrado pela perspectiva desse personagem.

As hulijings sempre estiveram presentes em diversos trechos literários famosos. Elas são criaturas conhecidas por serem os espíritos de raposa capazes de obter uma forma humana depois de completar seus 47 anos. Além disso, possuem poderes mágicos e podem chegar até o nível da imortalidade se resistirem até os 100 anos. As mesmas eram frequentemente vistas como perigosas, traiçoeiras e manipuladoras.

Porém, em toda história de terror, há também uma faísca de amor. Alguns contadores de histórias afirmam que esses espíritos, por mais que sejam criaturas de Diyu, conseguem amar e não apenas os de sua própria espécie.

Elas conseguem se relacionar com seres humanos.

Esse tipo de relato começou a perseguir a imaginação de grandes escritores e com certos estudos voltados a essa área, eles conseguiram atribuir uma nova imagem a essas criaturas. Passaram a vê-las como seres que, por trás de toda aquela máscara, escondiam sentimentos mais puros do que até os próprios humanos.

Dentro de alguns anos que se seguiram, as hulijings que viviam escondidas e apenas apareciam nas noites mais calorentas, começaram a se sentirem aceitas pela população humana e decidiram dar o braço a torcer para terem uma relação saudável com tais. Dessa maneira, as hulijings mais antigas fundaram um pequeno vilarejo próximo ao Rio Amarelo e que em pouco tempo de caminhada, também ao clã Fai, um dos clãs mais poderosos da região.

O líder do clã Fai, nesse período, estava já bem desgastado de saúde e em pouco tempo daria seu lugar a seu filho legítimo, Fai Xin. Diferente de seu pai, Fai Xin era, na visão das hulijings, pior do que um yaomo do nível mais superior pelo simples fato de sua energia exalar tamanha perversidade. Por conta dessa sensação, as raposas apenas mantinham contato com o próprio líder do clã Fai, querendo continuar a relação saudável com os humanos da melhor maneira possível e sem imprevistos.

Alguns anos se passaram e o vilarejo de hulijings foi aumentando conforme os espíritos de raposas conseguissem uma forma humana.

Certa vez, em uma noite abafada, um espírito de raposa vagava pelas redondezas, procurando alguma energia vital para devorar com o objetivo de, já que completou a idade necessária, ter uma forma humana. Porém, o que aquele espírito não esperava era encontrar, na beira de um dos penhascos da floresta, uma mulher de joelhos e chorando incontrolavelmente enquanto dizia as seguintes palavras:

"Eu não aguento mais! Eu preciso ser livre! Eu apenas preciso..."

A raposa curiosa foi até a mulher, se sentando ao seu lado e a olhando de cima para baixo. Quando a presença humana percebeu que não estava mais sozinha naquele penhasco, seus olhos brilharam.

"Uma raposa branca... Tão linda e rara...", ela comentou, levantando suas mãos para tentar alcançar o animal, que não se passava de apenas um espírito. "Por favor, me deixe ser livre e pegue toda a energia vital de meu corpo! Eu imploro!"

Ao ouvir tais menções, a raposa entendeu que a mulher estava pronta para um sacrifício. Sem contestar, o espírito apenas concedeu o desejo daquela mundana e pegou toda a energia que corria pelo seu corpo.

Em poucos segundos, aquele espírito finalmente havia deixado sua forma espiritual para uma humana e de início, escolheu ser uma criança, até porque, essa versão exigia menos força do que uma mais velha. Além do mais, ao ter pego todas as energias vitais daquela mulher, ele também havia entendido o motivo dela ter desistido de viver e servir seu corpo como sacrifício.

The Cultivation of the Gazeحيث تعيش القصص. اكتشف الآن