Capítulo 111 - Um nome marcante

283 48 81
                                    

Quando a mente se entrega para o que está acontecendo no presente e não buscando novos horizontes, o corpo vai ficando cada vez mais fraco.

A partir do momento que aquela marca queimou sua pele, a raposa branca percebeu que não haveria mais escapatória. Além de sentir que não poderia mais ter história nesse mundo e apenas aceitou o que restou de sua vida, que já estava em posse de um homem maldoso e sem índices de bondade dentro de seu coração, também sentiu que o mundo não se alinhava como achava que deveria ser. O que deixou-o completamente rendido à desistência.

Ele não havia desistido porque queria e sim porque doía. Doía ter perdido sua família. Doía não ter sido o suficiente para salvá-los. Doía se sentir vulnerável. Em um resumo, doía realmente tudo dentro de si e conforme esse sentimento se alastrava dentro de seu corpo inteiro durante anos, sua alma se tornava mais triste a cada novo dia. E, uma alma triste é capaz de matar mais rapidamente do que uma bactéria.

Nesses anos que se passaram, a raposa nunca ousou levantar um único dedo contra qualquer guerreiro, torturador ou superior. Em vista as opiniões dos outros, ele era um dos prisioneiros mais obedientes dentro daquele lugar cheio de pessoas consideradas como "vermes" para a sociedade.

Entretanto, essa sua "obediência" tinha um propósito. A raposa branca agiu pela lógica. Se não fosse contra os homens que vestiam hanfus azuis, eles poderiam não o machucá-lo tanto e deixá-lo de lado por um pouco de tempo, dando atenção aos outros prisioneiros. Para ele, um pouco de tempo a sós já era o suficiente para pensar direito.

E, um dia após ser usado em nome do clã Fai dentro do Campeonato dos Peões, criado por Hong Lan, as suas razões para continuar existindo foram completamente mudadas.

Dois guerreiros, que estavam sentados próximos a cela de prisão da raposa, começaram a conversar entre si em um tom de voz que fez com que a criança prestasse atenção e sentisse diversas emoções dentro de seu coração.

"Você soube da novidade? Líder Fai e sua esposa, Fai Wen, estão prestes a ter um filho!", o guerreiro com uma cicatriz perto da boca comentou, cruzando os braços. "Espero que realmente venha um herdeiro. Pois, se vier uma filha... Líder Fai irá gritar e muito... Pode até chegar a desertar sua própria esposa!"

Os olhos roxos da raposa branca brilharam. Ele pensou que tinha escutado errado, mas a segunda parte da frase daquele guerreiro só confirmou ainda mais que não estava alucinado.

O líder Fai iria ter um filho.

"É compreensível. Mulheres só trazem problemas. Uma mulher sendo a herdeira do poder? Sem chances. Fai Wen que tenha a benção do Imperador de Jade e traga a ela um filho. Seria menos um problema em sua vida", o outro guerreiro mais musculoso respondeu, limpando a boca em seguida, por conta do pó que tinha no lugari.

"Mas... Em nosso passado, já tivemos mulheres guerreiras. Por que não poderia existir uma líder de um clã?"

Quando o guerreiro da cicatriz questionou o outro, a raposa branca, que escutava tudo atentamente, tremeu os lábios. Sua mente trouxe à tona a imagem de sua irmã, JiYing, a doce e brincalhona raposa alaranjada, lutando contra o líder Fai em seus últimos momentos de vida. Se alguém soubesse de sua história e analisando-a de seu ponto de vista, possivelmente a consideraria como uma guerreira, que lutou bravamente contra seu inimigo e a favor de sua família.

"Essas mulheres guerreiras podem até ter existido, mas foram poucas. Por isso não devem ganhar tamanha atenção e representação", o guerreiro com músculos definidos cruzou os braços e olhou estreitamente ao seu colega de trabalho. "E por que está me fazendo tantas perguntas? Se está com dúvidas sobre as posições de poder entre homens e mulheres, vá até o clã Hong e pergunte a Hong Wu, aquele homem sabe de muita coisa."

The Cultivation of the GazeWhere stories live. Discover now