Capítulo 26 - A inocência do Daozhang

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Amanheceu.

Os pássaros cantavam e o vento aproveitava para soltar algumas folhas ressecadas das árvores, levando-as ao contato com o chão. O aroma de uma nova manhã sempre deixava Fai Chen animado. Aos poucos foi acordando de sua longa noite de sono. Sua cabeça ainda não estava tão boa devido à sua crise de pensamentos trágicos sobre sua vida, que poderia ser vista como uma das mais duras desse mundo do cultivo.

Como era um novo dia, Fai Chen não queria ser levado ao caos interno pela segunda vez, então, querendo se levantar, começou a tentar esticar seus braços. Mas falhou miseravelmente, graças a algo forte prendendo seu corpo de frente. O cultivador não entendeu de início o que estava o cercando e o porquê de ele não conseguir se levantar, mas suas dúvidas foram esclarecidas quando uma voz rouca veio direto para seu ouvido esquerdo, sussurrando baixinho:

"Bom dia, Cegueta."

Hu Long disse uma saudação da manhã bem próximo ao rosto de Fai Chen, fazendo-o corar por completo. Por mais que a sensação de estar nos braços do assassino fosse boa, ele não poderia deixar aquilo acontecer e imaginar Xiao Yan entrando pela segunda vez no cômodo bem numa situação como essa. Então, sem pensar muito, empurrou com força Hu Long com o intuito de se afastar de seu corpo. Em consequência de sua força, seu próprio corpo foi jogado para fora da cama.

"Cegueta, você está bem? Isso é um novo jeito de levantar ou...?"

"Por que eu estava dormindo abraçado com você?", o cultivador caído no chão questionou o assassino, que ainda estava na cama descansando.

"Como assim? Você não se lembra?", Hu Long, percebendo que o cultivador estava mais sonolento do que ele, começou a provocá-lo com palavras de duplo sentido, querendo rir de suas reações confusas.

"Lembrar do que? Você que estava bêbado ontem. Não me faça de tolo, Hu Long."

"Hu Long? Ficamos tão próximo que agora você me chama pelo meu nome de nascimento?", um sorriso maroto foi exibido no rosto ainda cansado do assassino. Ele se levantou da cama e rapidamente se ajoelhou onde o cultivador estava. "Cegueta, poderia repeti-lo? Eu achei maravilhoso ouvir meu nome saindo de seus lábios... Isso me fez lembrar do que fizemos..."

"O que está insinuando?", Fai Chen já estava com um tom de voz nervoso, mesmo tentando se manter firme diante das palavras que poderiam levá-lo a tomar atitudes rígidas.

"Estou dizendo que ontem você me deu o seu...", antes mesmo que Hu Long terminasse de falar, a mão de Fai Chen levantou e foi em direção ao ombro do outro. Porém, o assassino, por mais que estivesse descontraído, conseguiu evitar o tapa no ombro, rindo alto. "O seu carinho! Era isso que ia dizer! Cegueta, o que você pensou que eu diria?"

Fai Chen não estava pensando em mais nada pelo nervosismo da situação diante dele. Quis até mesmo se levantar depressa do chão, mas pelos seus sentimentos estarem o dominando, conseguiu tropeçar em um tecido de seus robes, caindo de joelhos no chão.

Era patético tentar fugir.

"Eu só te abracei esta noite porque você parecia cansado demais e eu só queria ajudá-lo de alguma forma", Hu Long voltou a dizer, indo em direção a Fai Chen e o levantando carinhosamente, mostrando que ele não precisava ficar daquela forma com ele. "Aliás, me desculpe por ter ficado bêbado daquele jeito."

"Então... Você se lembra de tudo que aconteceu?", o cultivador questionou-o, mordendo os lábios e lembrando da cena dele acidentalmente tocando o membro endurecido de Hu Long.

"Não muito", assim que ouviu o mais baixo o responder, Fai Chen soltou um suspiro de alívio, mas depois seu corpo petrificou com a seguinte frase. "Mas eu me lembro bem de você tocando sem querer no meu pau."

The Cultivation of the GazeOnde as histórias ganham vida. Descobre agora