Capítulo 127 - O significado de um sonho

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Muitos dizem que os sonhos trazem significados ao mundo real. Uma mensagem indireta do que está acontecendo ou o que pode acontecer. Mas, na verdade, o sonho é fruto do inconsciente de cada um, o qual, por conta de alguns estímulos, consegue aprimorar melhor as sensações enquanto está adormecido. Um dos estímulos mais conhecidos são os sensoriais; as influências externas e internas que ocorrem durante o sonho e que são assimiladas pelo inconsciente. Por exemplo: uma pessoa sonha que está em um ambiente frio, congelante e aterrorizador. Ao acordar, percebe que estava com os pés descobertos em um momento de vento frio ou algo relacionado a climas gelados.

Fai Chen tinha quase certeza de que, antes de cochilar, o tempo estava nublado. Mas, por algum motivo, dentro daquele sonho nem suas roupas o deixavam quentinho e protegido. Era um imenso frio o cercando, até começando a não conseguir mexer seus próprios pés, que estavam praticamente enterrados debaixo de uma longa camada de neve.

Preocupado com aquela sensação, começou a procurar pelos arredores algum lugar que pudesse se sentir pelo menos mais confortável. Assim, fez um grande esforço de lutar contra aquele ar congelante e andar, mesmo devagar, para o horizonte.

Porém, não conseguiu sequer achar um lugar mais apropriado para ficar. Eram apenas diversas árvores e nenhuma cabana por perto.

"O Daozhang está perdido?", de repente, uma voz graciosa e suave apareceu por trás de Fai Chen. Pego de surpresa, o cultivador se virou depressa e deu alguns passos para trás. "Por que está tão assustado? Eu pareço... Um monstro?"

O Jovem Mestre Fai desceu um pouco seu olhar para baixo, percebendo que a nova presença, na verdade, era justamente a versão de Huli em sua infância.

"Não... Essa sua versão...", Fai Chen respondeu, começando a repensar se era realmente seu próprio inconsciente que estava moldando essas cenas. "Você sabe quem sou eu?"

"Por que eu saberia quem é você? BingWen nunca me disse sobre um Daozhang que anda por essas redondezas e...", a criança arregalou os olhos e sem explicações, ajoelhou-se no chão. Seus lábios começaram a tremerem e suas pequenas mãos pareciam nervosas, prestes a cometer algum ato agressivo. "BingWen... Ah... Meu pai... Ele... Está morto... É mesmo... Eu... Sou realmente um monstro..."

Com receio do que aquele sonho se tratava, Fai Chen abaixou seu corpo, ficando frente a frente com Huli, que estava aparentemente passando por uma crise de pânico. Aquela reação lembrou vagamente das sensações que sua irmã, Fai Shuang, passou quando a própria mãe morreu à sua frente.

Isso, com toda certeza, tocou imensamente o coração de Fai Chen.

Por mais que ele soubesse que todos os acontecimentos de sua vida tinham uma relação indireta com as ações de Huli, o cultivador não poderia deixá-lo sofrendo e com tanto veneno emocional correndo por suas veias. Então, assim como fez quando sua irmã entrou em uma crise, estendeu os braços e abraçou a criança à sua frente, acariciando seus longos cabelos acinzentados.

"BingWen foi um grande líder e pai. Nada daquilo foi sua culpa, Huli...", Fai Chen comentava enquanto criava um movimento repetitivo nos cabelos do menor, a fim de acalmá-lo. "Você..."

Era difícil ter um amadurecimento perante uma situação como essa. No caso, agir de maneira profissional e como qualquer outro cultivador deveria. Esquecer de si mesmo e olhar para o outro. Se colocar no lugar de tal e compreender que, por mais que aquelas mãos o fizeram sofrer, elas também tinham marcas antigas.

"Você foi apenas mais uma vítima", o maior finalizou sua frase, soltando a criança de seus braços e a olhando cara a cara. Os olhos roxos de Huli estavam encharcados de lágrimas, deixando uma grande evidência dos verdadeiros sentimentos que aquela raposa carregou consigo por anos.

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