Minhas impressões, resumidamente:
- Os personagens do Flash e principalmente do Ciborgue estão MUITO melhor trabalhados, e realmente possuem arcos de personagem. Chega a ser revoltante como várias passagens deles, excelentes tanto na construção da narrativa quanto em visuais, ficaram de fora da versão original.
- As cenas estendidas possuem prós e contras. Algumas são absurdamente melhores, como o roubo das Caixas Maternas pelo Lobo da Estepe em Temiscira e Atlântida - ridículas na versão de cinema, principalmente essa segunda. Além de serem trechos de ação empolgantes, elas estabelecem muito melhor o Lobo da Estepe como ameaça - sendo que ele também ganha motivações claras e um arco decente nesta versão.Por outro lado, o excesso de câmera lenta chateia em alguns momentos, e cenas simples como as Amazonas lançarem a flecha ao templo grego para alertar a Diana (passíveis de durarem poucos segundos) ficam incomodamente arrastadas. Entendo que a intenção foi deixar o Snyder montar sua versão exatamente como quisesse, incluindo material de gravação que normalmente é cortado nessas produções. Porém me pergunto se seria possível um meio-termo com uma versão entre 2h30m e 3h, nos cinemas, se esses exageros fossem evitados.
- Achei bem legal como o filme mostra ter existido uma ideia maior de continuidade e ganchos para filmes novos, desde as ligações mais firmes com o Aquaman (lançado depois, e se minha memória não falha, ainda seria perfeitamente encaixável nessa versão do Snyder em questão de história) até as continuações da Liga da Justiça com a chegada do Darkseid.
- O enredo, no geral, é melhor construído e entrelaçado - embora certas ideias que eu considerava do Whedon e me incomodaram na versão de cinema, como a maneira como ocorre o retorno do Superman, na verdade serem no Snyder. Ainda fiquei na vontade de uma elaboração melhor aqui e ali.
- Muita coisa que me irrita no Snyder é ampliado nessa versão, como os heróis matarem deliberadamente (todos eles fazem isso, inclusive a Mulher-Maravilha e o Superman), inclusão de sangue só pra ser "edgy", "adultão" (como o fenômeno de toda cabeça explodir instantaneamente ao ser lançada contra uma parede), o tom épico em excesso que torna mornas cenas realmente épicas e o ritmo problemático já citado anteriormente. Ainda assim, o filme em si não me foi uma experiência maçante de acompanhar (nesse quesito, inclusive, foi melhor que o Batman V Superman, mesmo o Snyder Cut tendo 4 horas).
- Acho que a maioria concorda: poucos minutos de Jared Leto como Coringa melhor dirigido e roteirizado praticamente redimiram essa versão do personagem.
- Achei interessante como o Joe Morton (Silas Stone, pai do Ciborgue) tem praticamente o mesmo arco do Miles Dyson interpretado por ele no Exterminador do Futuro 2: em conflito devido a uma forma de vida cibernética que criou, e se sacrificando no final por lidar com tecnologias que não podia compreender.
- Não gostei do Caçador de Marte no filme. Apesar de entender ser um gancho, ficou muito avulso. A extensão em tela do Lanterna Verde do passado (no flash-back da batalha contra o Darkseid) e a introdução do Ryan Choi como futuro Átomo ficaram bem melhores e mais integradas à história.
- De forma geral, mesmo com seus problemas, o filme me foi uma experiência interessante e divertida. Com certeza merece ser conferido, nem que a cargo de curiosidade.
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GOLDFIELD - Nerdices e análises
Non-FictionLivro de não-ficção criado para unir críticas, análises e comentários de minha autoria sobre filmes, games, seriados e outras mídias relacionadas ao meio nerd/geek. Atualização constante com novos textos.