Assassin's Creed - Unity (26/07/2017)

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Terminei a história principal e a vasta maioria das sidequests. Falta só completar os coletáveis e fazer as fendas Helix - depois disso provavelmente avançarei para o Syndicate, já que não animo fazer as metas optativas das missões principais.

Não posso dizer estar plenamente satisfeito.

Esse jogo é como você comprar um superbolo decorado e com seu recheio favorito, mas não é aniversário de ninguém. Logo você não vê muito sentido na fartura e vai enjoar.

Explicando: a ambientação e visuais são um primor. A Paris da Revolução Francesa foi recriada com extremo esmero, e a maneira como eles inseriram personagens e acontecimentos históricos na interação com o jogador é a mais detalhada da série até aqui. Tudo é muito crível, imersivo e caprichado.

Mas o enredo central, de longe, é o mais fraco e sem substância da série toda.

O protagonista Arno não tem carisma nenhum. Tentaram dar a ele um arco similar ao do Ezio (vingança pessoal/rapaz cai de pára-quedas na sociedade dos Assassinos), mas não dá para se envolver. O personagem é imaturo e indeciso demais (em algumas partes do jogo eu fiquei me questionando o que exatamente ele estava fazendo),e tudo piora quando o enredo empurra a relação dele com a Élise, que não cativa em nada. Achei uma tristeza quase metade da campanha ser focada em missões baseadas nesse relacionamento dos dois, sendo que o desenvolvimento da trama estava até interessante nas primeiras missões (envolvendo o Bellec, principalmente).

O pior é que a história principal também não usa bem o pano de fundo da Revolução Francesa. Antes de jogar, vi muitas críticas ao game quanto aos Assassinos apoiarem a monarquia. Isso ficou mesmo estranho, mas nem foi a coisa que mais me incomodou. Os vilões simplesmente também não sabem o que querem, e em nenhum momento o plano destes revela alguma sagacidade ou desperta interesse. Dá a entender que os Templários querem criar uma "nova ordem" através das revoluções iluministas, e o que o Germain faz é meio que uma "vingança" contra a monarquia francesa pelo que fizeram ao Jacques DeMolay, mas nem isso fica claro e afirmo mais com base em material externo sobre a série do pelo jogo em si. Pior é ver coisas acontecendo como a Queda da Bastilha, a derrubada do Luis XVI, a Convenção, a subida do Diretório e nunca nos envolvermos diretamente nos acontecimentos, apenas focando a vingança paralela do Arno ou mostrando figura X ou Y da Revolução sendo manipulada pelos templários (eu esperava mais até do Robespierre, figura controversa da Revolução e que nem nisso foi explorado satisfatoriamente). Isso melhora um pouco nas missões envolvendo o Napoleão, que tem o seu início de carreira até bem mostrado, mas é uma das poucas coisas que se salvam.

A impressão que fica é: o jogo poderia se passar em qualquer época histórica, e isso em nada afetaria o enredo plano e previsível que ele tem. Nem mesmo o final trágico, que deveria chocar ou emocionar quem joga, conseguiu me envolver, já que imaginei muito antes que o roteiro levaria a ele.

Enfim: é um jogo excelente pelo mundo aberto que criou para ser explorado pejo jogador, mas péssimo pelo fio de história que tenta desenvolver para os personagens.

Espero que o Syndicate melhore isso.  

GOLDFIELD - Nerdices e análisesWhere stories live. Discover now