Resident Evil VII (06/05/2017)

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Cara, que jogo BOM!

Eu confesso que quando acompanhei os trailers e demos ano passado, torci o nariz. Embarquei naquela opinião de "Isso é Silent Hill ou qualquer outra coisa, não Resident Evil" que muita gente assumiu.

Mas agora que joguei, posso falar: melhor RE desde o Zero/Remake para GameCube.

- A câmera em primeira pessoa a princípio gera estranheza, mas é interessante pensar que ela não é algo assim tão estranho à série (vide o Gun Survivor do PSX, que mesmo sendo um título de side-story, me marcou muito). E é um recurso que se encaixa muito bem na proposta do game - gerando imersão e apreensão.

- A ideia de voltar para uma história fechada e focada num só local, ao invés daqueles enredos megalomaníacos que começaram no 4 e tomaram força no 5-6, foi excelente. O clima geral do jogo e os ambientes lembram muito o RE1 (explorar uma mansão e as dependências dela, até com aquele clássico "backtracking" de ir e voltar porque se achou chaves novas e tudo mais), mas ao mesmo tempo há doses bem legais de novidade. Não dá pra não fugir do Jack Baker vendo-o como uma ótima evolução do conceito do Nemesis no RE3, por exemplo. O enredo também acerta muito em estabelecer o mínimo de conexões com o que veio antes, o que contribui para o mistério do jogador ser atirado nele sem saber a mínima ideia do que ocorre. E descobrir pela melhor maneira possível: com exploração, Files e a ótima adição das fitas. Há algum tempo eu falava que a série precisava de um reboot, a única coisa que consertaria as burradas feitas nos últimos jogos. Ele veio da maneira mais sublime possível: um game que funciona bem tanto isolado quanto parte do universo maior que os anteriores, mesmo com seus problemas, estabeleceram. E também abre uma ótima porta para mais. O survival horror voltou.

- É interessante como recursos clássicos foram inseridos nessa dinâmica toda, numa mistura de nostalgia com aprimoramentos: combinar itens ficou mais amplo, englobando desde as "herbs" até a ideia de fabricar munição do RE3, os puzzles são inteligentes e instigantes, e até fanservices explícitos como a pulseira que mostra a pulsação do "Life" igual aos primeiros jogos ou um painel que emite os exatos sons do inventário do RE1 ficaram excelentes no contexto todo.

- O jogo tem seus problemas, mas que são passáveis: o Ethan (protagonista) não cativa, reage de um jeito não condizente a diversas partes e é pouco explorado; a variedade de inimigos é muito baixa, a batalha final é estranha e gera um ligeiro anti-clímax (que só não acontece pela dose de nostalgia nas referências que envolvem a cena - mas é algo perdido a quem jogar esse game sem conhecer o resto da série). Fora isso, tudo flui muito bem.

Agora vamos a afirmações e DÚVIDAS que me ficaram que quero debater com quem jogou. Portanto, daqui para frente é SPOILER:

- A trama de Eveline é ÓTIMA. A maneira como ela reflete uma grande corporação fazendo experiências biológicas afetando pessoas comuns foi excelente (meu lado fã queria que o navio que foi parar no pântano fosse o mesmo visto em algum jogo anterior, para vermos as "consequências" de um incidente passado que nem esperávamos, mas OK). E a sacada dela ser a senhora na cadeira de rodas também. Enquanto jogava, já tinha sacado que havia algo envolvendo aquela mulher, até imaginei que ela seria um boss em algum momento - o que inclusive me decepcionou um pouco por conta da luta simples e truncada com ela no final. Mas as motivações e desenvolvimento dela na história são excelentes.

- Artigo da Alyssa Ashcroft, revista no navio mencionando Raccoon City, empresa HCF (teoria velha da época do Code Veronica que ninguém mais lembrava!), arma com o nome do Albert Wesker, Chris e Umbrella azul no final... tem mais referências que eu perdi?

- Eu não entendi bem se o Ethan foi infectado ou não, no final das contas. Por 2 motivos:
* Como ele regenera membros, como a mão que foi colada de volta nele no começo do jogo ou a perna, quando o Jack a arranca? Ou isso é só um elemento de gameplay sem explicação mesmo?
* Ele vê as alucinações causadas pela Eveline. Pelo que entendi dos Files, só infectados conseguem ver, não?
Então ele está infectado mesmo, só que não virou escravo da Eveline por que não deu tempo, ou não se infectou? Agora o Chris e a Umbrella azul vão desenvolver soro pra ele?

- O Lucas some da história mesmo depois de se escapar da casa dos puzzles? Até agora só fiz o final em que salvo a Mia, não sei se o outro explica isso. Caso sim, não deem spoilers, mas caso não, confirmem se o jogo realmente não resolve o paradeiro dele.

- Eu tomei spoiler do Chris no final trabalhando para a Umbrella antes mesmo de jogar o game, mas pelas últimas notícias, parece que isso será explicado com a Umbrella mudando de lado pós-falência e agora combatendo ameaças biológicas. Vamos ver se a DLC do Chris, quando sair, explica isso melhor.

E que venha o remake do Resident Evil 2.  

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