The Mandalorian - 1ª Temporada (30/12/2019)

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Terminei de assistir no final de semana (graças a uma intervenção dos Hutts de Tatooine, já que o Disney+ ainda não foi lançado no Brasil).

Esse seriado é uma das melhores – senão a melhor – produção de Star Wars desde a compra pela Disney. É uma grata surpresa e, ao mesmo tempo em que é descompromissado e simples, tornou-se outra das coisas mais marcantes a que assisti em 2019.

Um comentário geral segue abaixo, com SPOILERS em alguns pontos.

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"The Mandalorian" funciona muito bem porque ele reconhece e utiliza todos os pontos positivos que tornaram a trilogia clássica de Star Wars tão adorada.

Os personagens são cativantes: desde o núcleo dos Mandalorianos, com seus ritos e costumes sendo introduzidos aos poucos e auxiliando a compreender as próprias decisões do protagonista, aos aliados que conhece e interage ao longo de suas missões, e claro, o bebê Yoda – jogada de marketing genial, mas que tem seu papel e é muito bem integrado à história.

Esta é enxuta e fácil de acompanhar, além de muito bem estruturada e amarrada (ao contrário de "A Ascensão Skywalker", como escrevi esses dias). O formato de seriado (8 episódios curtos, entre 30 e 40 minutos cada um) cria um bom ritmo e é muito mais favorável ao enredo do que um longa metragem. Confesso que, a partir do quarto episódio (quando o arco inicial de "Mando" é concluído ao fugir do planeta Nevarro com o bebê Yoda), achei que a história havia ficado desconexa com tramas paralelas que começavam e se encerravam num mesmo episódio (dentre elas, a caçada à mercenária em Tatooine sendo de longe a mais fraca, e único capítulo da série que não gostei), mas o desfecho da temporada reconecta as pontas soltas e mostra que os elementos introduzidos nessas "missões paralelas" foram pensados dentro do todo – criando resultado muito satisfatório.

A fotografia da série é lindíssima, e várias decisões visuais foram claramente feitas como alusão aos episódios IV-V-VI (em diversos momentos, senti-me assistindo a uma produção de fins dos anos 1980 ou início dos 1990), tais quais o uso de animatrônicos (como no bebê Yoda), maquiagem e efeitos práticos – que casam muito bem, inclusive, com o CGI.

O seriado é repleto de "easter eggs" aos fãs da saga, que inclusive possibilitam a elaboração de teorias a respeito de pontos do enredo que a primeira temporada ainda não elucidou. Ao mesmo tempo, espectadores casuais podem acompanhar a história sem problema algum, pois ela se desenvolve sem depender dos filmes e tem sua própria identidade.

A ambientação situada após "O Retorno de Jedi" é excelente, explorando a queda do Império e ascensão da Nova República a partir dos confins da galáxia, distante do núcleo de poder ou dos protagonistas dos filmes antigos. Os remanescentes do Império realmente representam uma ameaça (mais até que em alguns dos filmes) e se tornam excelentes vilões, criando envolvimento nos conflitos que surgem entre eles e o protagonista.

As cenas de ação são excelentemente filmadas, e tanto estas quanto a forma de narrar a história remetem muito a filmes ocidentais de western e longas japoneses de samurais (como os de Akira Kurosawa, e o quarto episódio é diretamente inspirado em "Os Sete Samurais") – influência a George Lucas ao criar a trilogia clássica e que os produtores e diretores abraçam com toda reverência.

A trilha sonora também é espetacular, principalmente o tema principal, empolgante tanto ao tocar durante os créditos (quando são exibidas artes conceituais do referido episódio), quanto em suas variações ao longo de momentos-chave dos capítulos.

Enfim, esta é uma produção, creio, extremamente recomendável a fãs ou não fãs da saga – sendo inclusive uma excelente introdução a Star Wars a quem nunca sequer assistiu a qualquer filme da saga.

GOLDFIELD - Nerdices e análisesOù les histoires vivent. Découvrez maintenant