Assassin's Creed - Odyssey (28/01/2019)

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120 horas de jogo depois (50 a mais que o Assassin's Creed Origins), a campanha principal foi terminada, assim como a vasta maioria das missões secundárias e pontos de interesse pelo mapa.

O que dizer deste jogo? É a segunda, e ainda mais determinada, tentativa da Ubisoft em transformar a franquia num RPG de ação, tendência já iniciada no Origins. Mas, se por um lado houve incrementos e evolução à engine adotada no game anterior, a produtora precisa atentar-se a corrigir certos erros e, acima de tudo, não criar uma nova mesmice, saturando os fãs, e ainda mais os jogadores não tão comprometidos, com recriações da mesma proposta todo ano.

A HÉLADE

AC Odyssey se passa na Grécia Antiga, no século V a.C., cerca de 400 anos antes de AC Origins (e, dando uma de historiador chato, comete diversos anacronismos, como referências aos filósofos estoicos ou à cidade de Alexandria antes de sequer existirem). Como regredimos a um ponto muito anterior ao momento em que os Assassinos ("Hidden Ones", nome que adotaram até as Cruzadas) foram fundados em Origins, Odyssey se foca numa época em que os vestígios da Primeira Civilização (que desencadeou todos os mistérios e artefatos que conduzem a saga) ainda eram mais acessíveis aos seres humanos, assim como descendentes diretos de sua espécie se destacavam na sociedade como semideuses. O jogo nos dá a opção de jogarmos com dois deles, os irmãos espartanos Kassandra e Alexios.

Isso não quer dizer que o clima de conspiração característico da série não esteja presente, e assim nos deparamos com o Culto do Cosmo, uma organização secreta que controla a Grécia, é precursora dos Templários e diretamente responsável pelo passado trágico do(a) protagonista escolhido(a) para se jogar. Ao longo do enredo, Kassandra ou Alexios devem desmascarar os membros do Culto, frustrar seus esquemas em busca de poder e, acima de tudo, resolver o grande trauma familiar desencadeado pelos vilões.

Família, aliás, é o grande tema central deste Assassin's Creed. É perceptível que boa parte das missões, centrais ou secundárias, giram em torno da questão, desde auxiliar um filho adotivo a ser valorizado pelo pai por seus feitos de guerra, melhorar a imagem de um sobrinho perante o tio, ou enfrentar o dilema de um governante que se tornou corrupto e aliou-se aos vilões, mas porque seus entes queridos foram ameaçados. Laços familiares são expostos e confrontados a todo momento; e cabe ao jogador, por suas escolhas (falarei mais adiante delas), determinar como agir, trilhando assim o caminho para restaurar ou não a paz familiar entre seus próprios parentes ao final do jogo. E, mais que uma simples vingança (clichê em que a série caiu há muito tempo), é essa jornada que torna a história de Odyssey uma das melhores da franquia até aqui.

A ambientação também está excelente. A Grécia Antiga foi recriada com um esmero de detalhes que, a um historiador, empolga e salta aos olhos. O mapa está maior que o de AC Origins, e há muito mais o que fazer e explorar. Figuras históricas povoam cada cidade ou templo, oferecendo encontros com o governante ateniense Péricles, o filósofo Sócrates, o pai da medicina Hipócrates, dramaturgos como Sófocles, Eurípedes e Aristófanes – vários dos quais, confesso, jamais percebera terem sido contemporâneos uns aos outros até jogar o game. Tudo regado a diálogos excelentes, cujo curso pode ser influenciado pelo próprio jogador. Além disso, a Guerra do Peloponeso, entre Esparta e Atenas, é o pano de fundo geral do enredo, o protagonista logo envolvido por suas operações e vendo-se disputando batalhas e invadindo fortes para o lado que melhor lhe aprouver – e pagar, já que jogamos com um(a) misthios, ou seja, um(a) mercenário(a). Uma pequena crítica, aqui, é que as ações do jogador ajudando um dos lados poderiam ter consequências mais nítidas no destino da guerra, ao final sendo irrelevante à trama central qual cidade-estado domina mais regiões do mapa, e as batalhas servindo apenas para conseguir recompensas ou atingir certos objetivos específicos.

GOLDFIELD - Nerdices e análisesWhere stories live. Discover now