Twisted Metal - Seriado (04/08/2023)

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Para além de Barbie e Oppenheimer, esse seriado foi até agora a melhor surpresa do ano para mim.

Os criadores, Rhett Reese e Paul Wernick, também estiveram envolvidos com Zumbilândia e Deadpool – e isso fica bem evidente na série. Para quem curte comédia com um humor oscilando entre o nonsense e o sombrio, um tom de galhofa que funciona dentro da proposta, ação com personagens cativantes e violência gráfica, Twisted Metal é um prato cheíssimo.

Já que nos jogos, fora a história de fundo dos personagens, praticamente não existe enredo, a solução encontrada pelos roteiristas foi situar tudo num mundo pós-apocalíptico. Se em outras franquias isso se mostrou uma decisão que pouco combina com o material original, sendo até mesmo preguiçosa (como nos filmes de Resident Evil do Paul Anderson), aqui caiu como uma luva, expandindo conceitos e a mitologia dos jogos de forma bem estruturada e criativa.

Além disso, combinando curiosamente com outra propriedade da Sony recém-adaptada a seriado, The Last of Us, o seriado brinca com a ideia de "apocalipse retroativo": o mundo acabou 20 anos atrás (no caso de Twisted Metal, em 2002), paralisando o imaginário da população no que existia naquele momento. Isso abre espaço para referências divertidíssimas à cultura-pop do período (de forma mais interessante do que em The Last of Us, aliás), cumprindo dois propósitos: uma construção de mundo bem feita e um apelo à nostalgia dos espectadores, que provavelmente jogaram os games em que se baseia o seriado na mesma época ("Twisted Metal: Black", de 2001, foi a maior fonte de referências à história – embora haja easter eggs a todos os jogos da franquia ao longo dos episódios, de maneira sutil e integrada ao enredo).

Não só criando uma jornada aos protagonistas repleta de desenvolvimento de personagens e coração (fazendo a gente até mesmo chorar por um carro – ao som de Evanescence, ainda por cima), o seriado termina com um gancho formidável prometendo uma segunda temporada ainda mais integrada à proposta dos jogos. E eu nunca torci tanto para que ela seja realmente lançada.

Tenho visto muito pouco ruído sobre o seriado no Brasil, inclusive por ter saído num streaming menos conhecido (Peacock) e, considerando as recentes mancadas da Sony Pictures ao divulgar suas produções por aqui (como o Resident Evil: Death Island), não estranharia a série continuar na obscuridade por meios oficiais.

Porém, se você curte ação descompromissada, mas bem feita, histórias pós-apocalípticas e, principalmente, se jogou Twisted Metal na infância ou adolescência, vale muito a pena conferir.

GOLDFIELD - Nerdices e análisesWhere stories live. Discover now