Assisti ontem, após várias desistências de ir ver em diversas cidades por só haver cópias dubladas. Felizmente, ainda está em cartaz, legendado, em São Carlos.
Apesar de não ser a oitava maravilha do mundo, gostei muito desse filme. É bem amarrado, conduzido e tem sua história contada bem decentemente. A mim, se equiparou ao Men of Steel (digam o que digam, gosto muito desse filme) e superou Mulher-Maravilha (que tem problemas de execução e em seu final), tornando-se uma das melhores produções dessa nova fase da DC.
Alguns pontos mais marcantes:
- O roteiro segue uma Jornada do Herói clássica, mas a cumpre de forma satisfatória. Menos é mais, e é um alívio ter um filme focado no protagonista e não em 500 referências para estabelecer um universo compartilhado da DC (o que, segundo os próprios produtores, não será mais prioridade). Todos os personagens têm arcos que são respeitados e concluídos. Os vilões são bons e têm motivações compreensíveis – incluindo críticas a respeito de militarismo e preservação do meio ambiente. Enfim, a história é boa.
- O worldbuilding também é excelente. O espectador descobre sobre o mundo de Atlântida aos poucos e este vai se expandindo conforme se expande ao próprio protagonista. Os efeitos visuais são ótimos e a criatividade no uso da fauna e paisagens marinhas, deslumbrantes. Cada um dos vários reinos que formam Atlântida, com suas diferentes espécies, tem seu papel dentro do enredo, o que os torna mais interessantes.
- As cenas de ação são extremamente empolgantes e bem filmadas, talvez as melhores em filmes da DC até agora. Destaque para a luta inicial no submarino e a perseguição na vilazinha da Sicília. Tudo bem filmado, coreografado e fácil de se acompanhar.
- Há algumas cenas forçadas. Um problema do filme é que o Aquaman quase só se comunica com frases de efeito até mais da metade do enredo, o que comprometeria seriamente o projeto se tudo mais ao redor não fosse bem executado. Por isso há piadas que não funcionam bem (mais esporádicas, felizmente, ao contrário dos filmes da Marvel em que somos bombardeados a todo momento) e o relacionamento com a personagem Mera soa artificial e apressado demais. Nada que comprometa o conjunto, no entanto.
- Devido à mudança de direção quanto ao que focar no filme, saltam aos olhos erros de continuidade com o filme da Liga da Justiça (que a meu ver, poderia ter sido seguramente ignorado, mas é referenciado em diálogo como tendo se passado antes). Em "Aquaman", descobrimos que o esquema de segurança em Atlântida é fortíssimo para evitar a entrada de intrusos, o que torna incompreensível como o Lobo da Estepe e o próprio Aquaman, o qual descobrimos ainda não ter se naturalizado atlante à altura daquele filme, conseguiram invadir tão facilmente. Outra incongruência é que, na Liga, ficava subentendido Aquaman e Mera já possuírem alguma história em comum, quando no novo filme sabemos que ele nem conhecia o nome da moça. Enfim, melhor deixar para lá.
A ideia de focar individualmente nos personagens em filmes vindouros, a partir deste, já parece promissora e pode salvar a DC no cinema. Estou otimista com produções futuras. Vamos aguardar.
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GOLDFIELD - Nerdices e análises
Non-FictionLivro de não-ficção criado para unir críticas, análises e comentários de minha autoria sobre filmes, games, seriados e outras mídias relacionadas ao meio nerd/geek. Atualização constante com novos textos.
