The Last of Us - Seriado (14/03/2023)

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Tendo terminado de ver e processado melhor o que vi, alguns comentários sobre o seriado...No geral, curti bastante. Entrou para o grupo de boas adaptações de games que têm surgido em tempos recentes.


Desde a estreia, encontrei comentários em toda parte, principalmente de quem só conheceu a saga pelo seriado, de que a trama e construção de mundo são genéricas, agregando um monte de clichês de apocalipse zumbi já vistos antes...


E eu concordo, hauahaua! Na verdade, sempre achei isso inclusive do próprio jogo - motivo pelo qual considero-o muito bem executado, mas particularmente não muito memorável. O diferencial do game (o qual, por mais que eu não seja tão fã, faz-me entender por que há fãs tão fiéis), partindo de tantos tropos já manjados, é a construção de vínculo entre Joel e Ellie e o impacto das situações bem construídas pelas quais passam - principalmente o final e seu dilema utilitarista, para mim a virada mais ousada que o enredo possui e prenúncio dos dilemas mais cinzentos do segundo jogo (do qual, aliás, gosto bem mais).


O seriado funciona porque ele também se apoia nessa jornada e expande tanto o relacionamento entre os dois protagonistas quanto o pano de fundo dos demais personagens povoando seu universo. O período pré-pandemia ficou muito mais rico, a nova versão da história de Bill e Frank é excelente, a trama em torno do Henry e do Sam (com a revolta na Zona de Quarentena como pano de fundo e o dilema dele para salvar o irmão) melhorou absurdamente, dentre outros exemplos.


Só uma coisa me incomodou bastante e prejudicou minha imersão em uns 2/3 da temporada: a ausência dos infectados. Foi uma decisão deliberada dos showrunners para diminuir a ação e focar mais no drama, mas a suspensão de descrença começa a sumir ao ver os personagens andarem por tantos locais desertos sem nenhuma ameaça de ataque - o que torna as comunidades isoladas e até mesmo a necessidade de cura praticamente irrelevantes dentro da construção de mundo. Aqui vemos como a decisão de retirar os esporos do seriado também foi ruim, já que os tentáculos do fungo são relevantes em uma só cena, e nem voltam a ser mencionados para indicar algum perigo em se andar a esmo por aí.


Por mais que não seja possível, e nem se queira, adaptar um game a outra mídia focando em longas sessões do que corresponderia a gameplay, alguns confrontos a mais com os monstros gerados pelo fungo, mesmo breves, reforçariam o peso do enredo e a necessidade de os personagens não baixarem a guarda. O jogo é hábil, inclusive, em usar as batalhas com infectados num propósito narrativo - como Ellie e David unirem forças para resistir a um ataque estabelecer uma relação de confiança entre os dois, o que torna a posterior revelação das más intenções do David mais marcante.


Espero que isso seja melhorado na segunda temporada, tornando a ameaça do fungo em si mais presente e integrada ao drama.Apesar das ressalvas, estou animado em ver mais e conferir a adaptação da Parte II.

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