O que é RPG? (22/01/2014)

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O que é RPG?

A sigla "RPG" refere-se ao termo em inglês role-playing game – "jogo de interpretação de papéis".

É uma espécie de "teatro jogado", em que cada jogador assume o papel de determinado personagem na história, devendo interpretá-lo de acordo com suas características pré-determinadas. Guiando os jogadores e conduzindo a história, existe o mestre, ou narrador, responsável por descrever os cenários, situações, e interpretar todos os outros personagens do mundo de jogo que não forem controlados pelos jogadores (os chamados NPCs – non-playing characters, ou simplesmente PMs, "personagens do mestre").

O RPG não é um jogo competitivo, portanto não há "vencedor". Todos os jogadores devem colaborar entre si no grupo para avançar na história narrada pelo mestre e vencer os desafios que surgem ao longo dela. A história só acaba quando o mestre ou os jogadores determinarem, sendo que um enredo pode se estender por um grande número de sessões, o que se costuma chamar de campanha.

Existem diversas maneiras de se jogar RPG, mas para que as aventuras não virem uma desordem em que todos fazem o que bem entender, existem regras, com base na rolagem de dados (não só o tradicional de 6 faces, mas dados de 4, 8, 10, 12, 20 faces, dependendo do contexto) para delimitar o que os personagens podem ou não fazer. Um conjunto de regras forma um sistema, sendo que cada um geralmente se adequa a um tipo de cenário que os jogadores queiram (D&D – fantasia medieval; Storytelling – contos sobrenaturais com vampiros e lobisomens; GURPS e 3D&T – sistemas flexíveis para vários tipos de cenário; etc).

Praticamente pode haver qualquer história de fundo ou mundo de jogo para um RPG, o que chamamos de cenário: baseado em livros, games, histórias em quadrinhos, animes, períodos ou acontecimentos históricos, mitologia, etc. Até o mestre e os jogadores podem criar seu próprio cenário de jogo.

O RPG é conhecido por desenvolver uma série de habilidades e trazer benefícios aos seus jogadores: cooperação em tarefas, interação social, combate a timidez, favorece a imaginação e o raciocínio lógico (as fichas de personagens e sistemas de regras quase sempre envolvem matemática), improviso, solução de problemas... recentemente tem sido usado até na educação como ferramenta de aprendizagem – além de ser uma excelente forma de fazer amigos.

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Desfazendo mitos sobre o RPG:

- RPG não é demoníaco: Esse boato foi criado por pessoas que nunca jogaram e nem entendem o jogo. O que acontece é que existem alguns cenários de jogo que envolvem mitologias de outras culturas (grega, nórdica, oriental, etc.), ou criaturas como monstros, vampiros e dragões, e uma pessoa extremista acaba entendendo o RPG como feitiçaria ou coisa parecida – o que é uma atitude ignorante e muitas vezes de intolerância por motivos religiosos. O próprio Tolkien, criador de "Senhor dos Anéis", era um cristão convicto e ao mesmo tempo estudioso e entusiasta de mitologia nórdica – uma coisa não inviabiliza a outra. Para se ter ideia, existem até RPGs com cenário bíblico, como aventuras envolvendo os hebreus ou se passando nos tempos de Cristo, que são usados como forma de catecismo em igrejas.

- RPG não é motivação de crimes: Nos últimos anos, diversos crimes têm sido erroneamente associados ao RPG pela inépcia de delegados e sensacionalismo da mídia, que se usam do fato de a maioria da população não saber do que se trata o jogo. Em 2000, duas garotas foram assassinadas em Teresópolis – RJ, e a mãe de uma delas achou que o RPG era a causa simplesmente por uma das vítimas costumar jogar, inclusive um dos amigos dela chegando a ser preso sob suspeita – para mais tarde o jardineiro da casa ser identificado como o assassino, sem que ele tivesse qualquer conhecimento sobre RPG. Em outubro de 2001, uma jovem foi assassinada em Ouro Preto – MG, devido a uma dívida com um traficante, a associação ao RPG só sendo feita porque a polícia encontrou livros de RPG numa casa em que ela tinha se hospedado na cidade e o delegado achou ser "material demoníaco", no final não havendo relação alguma com o crime. Em 2005, dois jovens mataram uma família em Guarapari – ES, num crime de latrocínio premeditado (roubo seguido de morte), mas, a conselho de seu advogado, confessaram ter feito o crime motivados por RPG para mudar a acusação para homicídio simples e assim conseguirem ir a júri popular, sendo que nenhum dos dois nem sabia ao certo o que é RPG. Ou seja, trate com extrema desconfiança qualquer relação estabelecida entre crimes e RPG que você ver por aí.

- RPG não é "siga ao mestre": Alguns programas de TV e publicações, na mais pura ignorância, têm recentemente retratado o jogo de RPG como um "siga ao mestre", em que os jogadores devem fazer "tudo que o mestre mandar" para não sofrerem punições, como armar pegadinhas para outras pessoas, pagar micos, ou até cometer crimes. Essa visão de RPG é bizarra: o mestre simplesmente é um narrador que cria e conduz a história para os outros jogadores, e os acontecimentos na mesa de jogo não têm relação ou reflexo na realidade, muito menos afetando terceiros. Existe, sim, o "RPG live-action", em que a história é passada para um local em que mestre e jogadores se movimentam como se estivessem no cenário do jogo, mas existem também regras e contextos específicos para isso e não é qualquer atividade que gere dano a outras pessoas ou seja bagunça.

O RPG SÓ TEM UM OBJETIVO: ENTRETENIMENTO, SEM PREJUDICAR NINGUÉM.

O que é Dungeons & Dragons?

Dungeons & Dragons (do inglês "Masmorras & Dragões), ou simplesmente "D&D", é o sistema de RPG mais jogado no mundo. Foi criado por Gary Gygax e Dave Arneson e publicado pela primeira vez nos EUA em 1974. No Brasil, o sistema chegou pela primeira vez traduzido em 1995. Atualmente está em sua quarta edição, lançada em 2008, ou como é mais conhecida, "D&D 4.0".

Assim como a maioria dos sistemas de RPG, o D&D é constituído por uma série de livros com as regras de jogo (sendo 3 principais: "Livro do Jogador", "Livro do Mestre" e "Livro dos Monstros", e inúmeros complementos com mais detalhes das classes de personagens, cenários de campanha e mecânica do jogo).

Trata-se de um sistema específico para se jogar aventuras em mundos de fantasia medieval, com clara inspiração na obra "O Senhor dos Anéis" de J.R.R. Tolkien. Muitos conceitos e padrões do D&D foram diretamente retirados ou adaptados do cenário da Terra Média presente nos livros de Tolkien, que acabaram definindo quase todos os RPGs de fantasia nas décadas seguintes, inclusive os eletrônicos, que tiveram no D&D sua maior inspiração.

Dentre os cenários de D&D mais conhecidos, estão Dragonlance, Forgotten Realms, Ravenloft, entre outros.

Nas aventuras de D&D, os jogadores podem escolher entre encarnar humanos, elfos, anões, halflings (seriam os "hobbits" de "Senhor dos Anéis"), gnomos, ogros, e outras criaturas mágicas; cumprindo os papéis de guerreiros, magos, ladinos, clérigos, bárbaros, bardos, paladinos, rangers e uma possibilidade infinita de variações. E, é claro, não se pode esquecer do cerne do sistema, de onde vem seu nome: explorar masmorras sombrias cheias de armadilhas e perigos em busca de tesouros... tomando cuidado, é claro, com os dragões que muitas vezes os guardam!

Nos anos 1980, a Toei Animation produziu um desenho animado para tentar popularizar esse sistema de RPG, chamado "Dungeons & Dragons", que narrava a história de seis jovens transportados para uma dimensão de fantasia onde, cada um assumindo uma habilidade diferente (bárbaro, arqueiro, ladra, acrobata, mago e paladino) precisavam combater o mal, personificado no vilão Vingador, e superar os desafios trazidos pelo Mestre dos Magos (que representa o mestre das partidas de RPG) para conseguirem voltar para casa.

No Brasil, essa animação foi exibida por muito tempo pela Globo com o nome de "Caverna do Dragão", e marcou a infância de muita gente, principalmente por não ter final (que foi escrito, mas nunca produzido). O que pouca gente sabe é que esse memorável desenho é baseado num sistema de RPG, e até levou alguns a começarem a jogar por causa disso.

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