Resident Evil: O debutante do mal (09/04/2011)

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NOTA: Artigo de 2011, escrito em referência aos então 15 anos da franquia Resident Evil. Interessante para avaliar as expectativas que um fã tinha quanto aos novos lançamentos à época.

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O debutante do mal

Eu me lembro como se fosse ontem.

1997. Eu tinha oito anos de idade e estava na segunda série. Meu pai havia acabado de comprar um Playstation, nosso terceiro videogame (após um Nintendo e um Super Nintendo). Na época me divertia com os primeiros lançamentos para o console, como Crash Bandicoot, Destruction Derby 2, Motortoon Grand Prix, Tobal 2 (ótimo joguinho de luta da Square, pena que a franquia morreu). Até uma bela tarde, quando meu pai chegou em casa com um jogo estranho... Talvez essa não seja a palavra correta. "Diferente" pode se encaixar melhor...

Tudo no jogo era diferente do que um gamer até então – ainda mais um como eu, com pouquíssima experiência no mundo dos jogos – já testemunhara. As seqüências iniciais com atores reais, filmadas em live-action, não davam certeza se aquilo era um jogo ou um filme. Os gráficos 3D com cenários pré-renderizados – para o período, o mesmo que o poder dos jogos Blu-ray é hoje – contribuíam para essa impressão. Os diálogos, os ângulos de câmera, a ambientação... tudo muito, mas muito cinematográfico.

Na época, todos tinham problemas em definir de que gênero era exatamente aquele game. Estávamos acostumados apenas a Mario e Street Fighter – embora ignorássemos Alone in the Dark, seu predecessor, que merece ser mencionado. Eu lembro que, no meu julgamento de criança, falava que o jogo era "policial, mas com terror". Por muito tempo, entre o meio popular dos jogadores, chamavam-no de "a casa cheia de monstros". Ainda não sabíamos bem diante do que nos deparávamos: o nascimento do chamado survival horror.

O IMPACTO

Resident Evil, conhecido originalmente como "Bio Hazard" no Japão (pouca gente sabe, mas a mudança de nome no Ocidente se deu devido a medo de processo por parte de uma banda de rock dos EUA que já tinha esse nome), foi lançado pela Capcom para o Playstation em 22 de março de 1996. Lembro-me do impacto causado entre os gamers, principalmente aqueles que acabavam de adquirir o videogame da Sony. Numa época sem Internet, em que as revistas de games eram uma das poucas referências que tínhamos sobre jogos, todas de que me lembro dedicaram no mínimo uma ou duas capas ao lançamento.

O game proporcionou um tipo de desafio praticamente inédito a quem ousou nele se aventurar. Foi um dos primeiros títulos de que me lembro que ofereciam uma escolha bem clara ao jogador: ou você aprende inglês para entender os "Files" e os puzzles, ou usa um bom detonado para chegar ao menos até a metade do enredo. Não havia muito jeito de se jogar no chute. E sim, muita gente aprendeu inglês jogando Resident. Inclusive eu, que desenvolvi boa parte do meu vocabulário com o jogo. A um jogador de hoje, que já tem acesso bem cedo a um inglês no mínimo básico, o primeiro Resident Evil pode não apresentar desafio algum. Mas antes, quando era raro alguém que conseguisse traduzir ao menos as apresentações de jogos de SNES, a coisa se mostrava bem diferente...

Confesso que, no início, o game me dava muito medo. Foi meu primeiro contato com zumbis (hoje os adoro, em grande parte devido à série), e para um menino de oito anos, a atmosfera da mansão (a mim, até hoje, perfeita) me causava calafrios. Antes só assistia a meu pai jogando. Porém, após algumas noites em claro, até com isso parei... Por um tempo. O hype e o fascínio retornaram com o lançamento de Resident Evil 2, do qual tratarei mais especificamente adiante...

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