Star Wars: Rogue One (22/12/2016)

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Assisti há pouco.

Confesso que tive minhas expectativas parcialmente frustradas por um filme que é, em sua melhor definição, morno.

Vamos aos detalhes:

- Até mais da metade o filme se arrasta. A trama erra em apostar em cenas picadas demais mostrando trechos curtos em vários planetas diferentes e demora a situar o público. Além disso, muito da trama envolvendo a busca pelo Galen Erso é desnecessária (e tanto o ator quanto seu personagem, aliás, foram desperdiçados e mal usados pelo roteiro). O filme só melhora mesmo no último ato, a partir da sequência em Scarif, mas chegaremos a ela.

- Seria muito melhor acompanhar os primeiros 2/3 do filme se os personagens fossem carismáticos, como ocorre até em outros filmes da saga - o problema é que não são:

* Jyn (a protagonista) é uma personagem plana e desinteressante, não convence em suas ações ou convicções, e também não curti a interpretação da atriz (Felicity Jones), muito inexpressiva para mim;

* O Cassian Andor, co-protagonista, tem uma certa ambiguidade e chega a ser um personagem interessante, mas o roteiro também não ajuda muito em suas falas;

* A ideia de um guerreiro não-jedi que tenha alguma relação com a Força é ótima, mas o personagem do Chirrut também não convence: tanto por só ter basicamente 1 cena de destaque no filme todo (a primeira em que luta), quanto por ter sua crença na Força resumida num mantra de "Força comigo, eu com a Força" o filme todo que cansa e não tem profundidade. A nível de comparação, as atuações dos personagens Qui-Gon Jinn e Obi-Wan Kenobi na trilogia nova foram tão boas que era muito mais convincente ver a Força representada nesses personagens por suas próprias falas e ações, mesmo em cenas em que não realizavam uma façanha sobre-humana. Triste, até porque o conceito do personagem do Chirrut, e sua cegueira, seriam interessantes se melhor explorados;

* O Baze Malbus (parceiro do Chirrut) foi para mim um dos melhores personagens do filme, e que por sinal teve a morte mais épica (numa das poucas cenas que realmente conseguiram me envolver);

* Por fim, o droid K-2 também me pareceu desperdiçado: a maioria de suas cenas de humor não funciona e ele basicamente repete piadas do C3PO (o lance das probabilidades e tal), mas que soam forçadas e não se encaixam bem no seu personagem - que de tocante tem apenas o seu sacrifício na reta final do filme;

* O rebelde interpretado pelo Forest Whitaker é bem interessante, mas teve muito pouco tempo para ser desenvolvido e explorado. Some rápido do filme. Li que é um personagem do universo expandido que eles reaproveitaram, e que agora também vai aparecer na animação Rebels, porém me irrita isso dos filmes não conseguirem se sustentar sozinhos e jogarem 500 explicações para os fãs terem de consumir outras mídias (o Episódio VII também teve umas coisas assim) - por mais que tenham se apoiado em tanto merchandising, tenho saudades dos filmes mais fechados da trilogia clássica.

- A sequência final em Scarif melhora bastante o filme, e ele até seria mais interessante se fosse restrito apenas a ela:

* A ideia de um planeta tropical com praias foi muito boa, algo até então não visto nos filmes;

* O ataque da Aliança Rebelde pelo ar e por terra é emocionante e nostálgico. A ideia de mostrar os sucessivos sacrifícios dos heróis também;

* Os últimos minutos fazendo conexão direta com "Uma Nova Esperança" são de acelerar o coração dos fãs (eu incluso). Pena que não é só de fanservice que se faz um filme.

Alguns outros pontos que acho interessante destacar:

- O fato de Mustafar (planeta de lava em que fica o covil do Vader) ser o único planeta do filme sem ter o nome informado ao espectador mostra como a Disney ainda pisa em ovos quanto a fazer o público lembrar que a trilogia nova (I, II, III) existe. Mas achei o conceito bem interessante - deram mancada em não deixar isso explícito.

- Ponto positivo para as aparições do Darth Vader no filme - pontuais, contextualizadas e sem exageros - com destaque para os minutos finais - tudo bem condizente com a aura consagrada do personagem.

- Palmas para o CGI do filme e como conseguiram trazer de volta à vida o Peter Cushing no papel do Grand Moff Tarkin. O ator morreu em 1994 - http://vignette4.wikia.nocookie.net/starwars/images/7/79/Tarkin_DS.jpg/revision/latest?cb=20070114034159

- Foi impressão minha ou, em Jedah, os heróis esbarraram na mesma turma encrenqueira que "não gostou da cara do Luke" em "Uma Nova Esperança" na cena da cantina? - http://a.dilcdn.com/bl/wp-content/uploads/sites/6/2016/07/ponda-baba-main-image_5addfeb7.jpeg

- Ver os Stormtroopers, AT-ATs, Tie Fighters e armamento do Império com a tecnologia de efeitos atual ainda salta aos olhos.

- Tinha expectativa de que, por focar a Rebelião, o filme fosse ter arquétipos políticos um pouco mais desenvolvidos (mesmo considerando um padrão de filme blockbuster da Disney), mas tudo foi muito raso e, pior, preferiram jogar esse contexto mais na questão da Jyn aderir à rebelião - o que ficou péssimo com o ar vazio da personagem e ela simplesmente ser empurrada aos acontecimentos. Tem bastante coisa no filme a ser subentendida, mas enfim, deixou a desejar também nesse ponto.

Concluindo, é um filme mediano, divertido em partes - que por mim valerá ser revisto pela sequência final memorável, mas tedioso e desnecessário no restante de sua extensão. Faltou um pouco mais de Star Wars.

Que venha o Episódio VIII.

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