Indiana Jones e a Relíquia do Destino (01/07/2023)

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Conseguiram fazer um filme do Indiana Jones chato.


As mais variadas críticas podem ser feitas aos filmes anteriores: personagens irritantes ou exagerados (Willie Scott em "O Templo da Perdição" e Mutt Williams em "O Reino da Caveira de Cristal"), humor muito forçado ("A Última Cruzada"), estereótipos culturais ("O Templo da Perdição", algo que foi malvisto na própria época)...


Mas nenhum até então havia me deixado entediado ou sem uma mínima vontade de conferir como a aventura terminaria.


Pois bem: nesse novo, lá pelos 2/3 eu não via a hora de ele acabar.


O roteiro é super arrastado, as pistas e etapas da caça ao artefato são confusas e muitas vezes não fazem sentido nenhum, as cenas de ação não animam (com exceção da sequência de abertura do filme, mas que também perdeu ritmo perto da resolução)... A história está cheia de ideias legais, mas muito mal executadas.

Este com certeza é o mais sombrio e violento filme do Indiana Jones - mesmo em Templo da Perdição esses aspectos eram mais caricatos e alinhados com o tom de matinê ao qual a série se propunha. Aqui, esse peso vem não só pelas mortes gráficas e de personagens secundários, mas pelo tom melancólico do enredo. Vejo que o James Mangold tentou fazer o "Logan" do Indiana Jones: uma última aventura em que ele sente as consequências do tempo (tema central do roteiro) e faz um balanço do que viveu, encontrando uma nova motivação perto da morte...


Só que essa proposta só surge em poucos bons diálogos e cenas em que o Indy mostra frestas das tragédias que passou - um bom bocado delas, desde o quarto filme - e de resto praticamente não é explorada. Além de os eventos que ocorreram ao personagem serem graves e exigirem mais desenvolvimento, o final é corrido demais, traz uma solução muito repentina e deixa uma sensação incômoda que o arco do personagem terminou em aberto.


Para não falar que desgostei de tudo, há coisas que curti:

- O vilão em si e o plano que tem em relação ao artefato. Também achei relevante o retorno dos n@zistas à franquia, ainda mais no momento atual.


- O filme abordar um tema relacionado à Antiguidade Greco-Romana, área ainda não explorada pelos anteriores.


- O final do filme segue a fórmula de reservar um elemento fantástico e que se difere do que veio antes - talvez seja o terceiro ato mais inventivo de toda a saga, o que realmente me agradou. Pena que faltou sustentação para se chegar até ele.


Enfim, este facilmente é o mais fraco dos 5 filmes. E me questiono se valeu mesmo a pena fazê-lo, considerando que o final do Reino da Caveira de Cristal, ainda com todas as críticas ao filme em si, conseguia ter uma conclusão mais satisfatória ao personagem.

GOLDFIELD - Nerdices e análisesWhere stories live. Discover now