O Exterminador do Futuro: Gênesis (04/07/2015)

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Assisti agora há pouco, em 3D. É o primeiro filme na vida ao qual assisto fazendo uso de tal tecnologia, por falta de opção (não havia salas 2D com o filme legendado aqui na região), e afirmo que vi muito pouca diferença para uma exibição comum - talvez por conta do filme não valer muito ser assistido nesse formato. Enfim, não é um experiência que pretendo repetir - se conseguir.

Sou muito fã de Exterminador do Futuro. Tanto que este filme era o mais aguardado do ano para mim - o outro é Star Wars. Enquanto esse último eu tenho quase total certeza de que não me decepcionará, quanto a este Exterminador novo eu tinha sérias dúvidas. Terminado o filme, minha impressão é bem mista. Vamos enumerar algumas coisas que achei relevantes quanto a ele:

- Quase a primeira hora toda do filme é fanservice puro. Os primeiro e segundo filmes da série são muito homenageados e toda a produção fez questão de mostrar que fez o dever de casa. Várias cenas e cenários do primeiro filme, de 1984, foram recriados à perfeição. É a parte do filme que com certeza mais empolga, criando expectativa para a história nova que virá depois, explicando a linha do tempo alterada em que os personagens se encontram e atiçando o espectador a querer saber mais...

- Aí eles viajam no tempo para 2017... E a qualidade do filme começa a cair cena após cena. O filme tem um problema sério: a maior reviravolta do roteiro já estava nos trailers. Ainda assim quis que o filme me surpreendesse, mas fez isso muito pouco. Em todos os filmes anteriores o mote era proteger John Connor, o salvador da humanidade - agora ele se tornou o criador da Skynet e precisa ser destruído. A ideia é ótima, mas a exploração ficou rasa. O John cyborg é cheio de frasezinhas de efeito e uma reviravolta tão grande na mitologia da série em nenhum momento ganha profundidade. São dadas poucas explicações sobre o que ele realmente quer, e quase toda a segunda metade do filme é feita de desculpas para cenas de ação. O final, na Cyberdyne, é um anti-clímax e não satisfaz diante dos finais grandiosos dos outros filmes da série (inclusive do 3 e do 4, que não pecam nessa parte). Até mesmo a questão da perda - constante em toda a série - é suavizada com o Arnold voltando vivo no final. E agora ele virou um T-1000. Não sei como eles conseguirão desenvolver bem isso sem ficar forçado.

- O filme bebeu MUITO na série de TV The Sarah Connor Chronicles. Vários elementos dela estão lá: poder construir uma máquina do tempo própria e viajar para o futuro, mas antes do apocalipse; mostrar o Kyle Reese criança; Exterminadores enviados para variadas épocas com variadas missões; até mesmo a ideia de usar rifles com munição anti-tanque para destruir os Exterminadores eles tiraram do seriado. Também senti que a ideia original do Terminator Salvation (o filme 4), de mostrar a Skynet querendo "evoluir" a humanidade, foi timidamente aproveitada.

- Cena constrangedora com Bad Boys tocando ao fundo destoa completamente do resto do filme.

- Personagem do J.K. Simmons muito legal e bem sacado - seria como se o Dr. Silberman dos filmes antigos não fosse um babaca e resolvesse ajudar a Sarah depois de tudo que presenciou. Mas podia ter aparecido mais.

- Arnold Schwarzenegger bom e carismático como sempre; Emila Clarke convence como Sarah Connor; Jai Courtney faz um Kyle Reese meia-boca (ter escalado alguém mais fisicamente parecido com o Michael Biehn teria me convencido mais); Jason Clarke se esforça no John Connor, mas o roteiro não ajuda. Destaque para o T-1000 que, mesmo sendo interpretado por outro ator, lembra muito o Robert Patrick e até mesmo pode ser confundido com ele em algumas cenas.

Enfim, filme razoável, mas que tinha um potencial para ser muito melhor. Vale pela nostalgia da primeira metade, mas não se pode esperar muito do que vem depois. Melhor que o T4, mas fica lado a lado com o T3 em questão de qualidade. Por mais que critiquem muito o T3, ele ainda tem um peso dramático maior que este filme novo. Exterminador do Futuro sem carga dramática não é Exterminador. O drama neste novo ficou raso demais.

Último fato engraçado: num dos flash-backs do Reese criança, quando ele está abrindo uma caixa com o rótulo "Genisys" (a tecnologia nova que se torna a Skynet no filme), eu JUREI que ele estava ganhando um Mega Drive (Sega Genesis) e que ia ter um videogame dentro da caixa.

Estar ficando velho é tenso.

Velho, mas não obsoleto.  

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