Esquadrão Suicida (29/08/2016)

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Só assisti hoje. Esperei chegar na minha cidade e o hype baixar, até porque fiquei hiper-irritado com o marketing excessivo desse filme, com vários sites me bombardeando com o Jared Leto fazendo N coisas bizarras pra se sentir no papel do Coringa e tudo mais...

O que eu tenho a dizer é... nheeeeé :P

Fui com as expectativas bem baixas, porque não me mantive longe das críticas. Então minha cabeça estava focada em me divertir sem compromisso e deixar que esse filme me arrancasse algumas risadas bobas.

Ele não conseguiu.

A primeira meia hora é boa. A apresentação dos personagens empolga e a expectativa aumenta numa boa dose - embora tudo pareça corrido e as aparições do Batman sejam bem artificiais, dando para ver o quanto a edição final mutilou o filme.

Em tudo que li, não vi nenhuma comparação de Esquadrão Suicida a um filme em que acredito ele ter bebido bastante: "Fuga de Nova York", de John Carpenter (em que o Kurt Russell interpreta o Snake Plissken, servindo de inspiração para a criação do Metal Gear pelo Kojima anos depois). Os elementos básicos estão lá: cidade abandonada e isolada, protagonista(s) com nada a perder e condenados a pena máxima, a oportunidade de redenção se tiverem sucesso, até mesmo a bomba implantada no corpo para garantir que andem na linha.

Gosto desse tipo de filme, que acabou criando um subgênero nos anos 80-90. Ou seja, este é meio que o Fuga de Nova York da DC. Considerando o que o Esquadrão Suicida é nas HQs, a ideia é boa.

Só que o filme simplesmente não funciona, o que começa a ficar nítido depois da primeira meia hora que citei.

Vamos a alguns motivos:

- A vilã é ruim demais. Aliás, todo o enredo em torno dela não decola, e o filme ainda força a elevá-lo a uma escala absurda que não convence. Qual o propósito do plano dela, afinal? Construir uma supermáquina? Destruir as defesas da Terra? Não há desenvolvimento, a atriz não ajuda e a ameaça atinge um nível muito maior do que seria crível o Esquadrão derrotar. Quando isso acontece, é fácil e tonto de uma maneira que não cola (o mesmo ponto ocorre em "Guardiões da Galáxia" da Marvel no clímax, mas esse outro filme conseguia sempre manter o tom e as piadas lá no alto a ponto de gerar suspensão de descrença. Nisso o Esquadrão fracassa). Até o Coringa seria um vilão melhor para o filme, mas eis que ele também é um problema...

- O Coringa do Jared Leto passa pelo filme e em nenhum momento diz a que vem. Até porque ele não se define bem. O tempo todo me senti assistindo a um adolescente de cosplay ruim posando de gangster. Não há nenhum atributo nessa versão do personagem que se destaque: seja a psicopatia (como foi o caso do Nicholson), a inteligência e zombaria quanto ao sistema (o Coringa do Ledger) ou algo mais próximo da HQ (como as interpretações do Mark Hamill nos desenhos). Ficou um personagem chato, sem propósito, mal caracterizado, e que é mais um rascunho do mesmo do que poderia ter sido se o roteiro e o Leto tivessem explorado alguma faceta ainda não vista do personagem. Até a relação dele com a Arlequina é insossa: o filme passa e não definimos se o Coringa gosta dela ou apenas a usa para descartá-la quando tem oportunidade - o roteiro não se definiu por uma interpretação, e a parte que mais chega perto da 2a. versão, quando o Coringa abandona o carro no mar com a Arlequina dentro, é rasa e nem é mais retomada ao longo do filme (sem contar o constrangedor boca-a-boca com o Batman). Tudo é raso e mal trabalhado envolvendo o Coringa, infelizmente. Se o mantiverem nas continuações, terão de melhorar MUITO este personagem, ou será muito pouco convincente vê-lo enfrentando o Batman ou a Liga.

- O filme força o tempo todo uma relação de companheirismo entre os membros do Esquadrão, mas ela sempre vem artificial e forçada. Depois de alguns minutos com o time reunido, nem dá pra forçar rir mais. Acredito ser uma mistura do roteiro, edição e atuações que infelizmente cause esse efeito, o que é uma pena - já que personagens como o Capitão Bumerangue podiam ter sido bem melhor aproveitados. O Crocodilo é coadjuvante dos coadjuvantes, e apenas o El Diablo se destaca mais pelo arco de redenção que tem. O romance do Rick Flag com a June (identidade da Magia) também é fraco, e a Katana merecia um destaque maior que não teve.

- Pontos bons do filme: a sensação de universo compartilhado (eu diria, talvez, bem mais palpável que nos filmes da Marvel, e como fã da DC nas HQs e animações, é bem legal perceber finalmente que os mesmos heróis da Liga, e seus vilões, coabitam um mesmo universo); quanto a atuações, a Viola Davis como Amanda Waller está muito bem, e foi uma grata surpresa ver que ela aparece bem mais no filme do que pensei. O Will Smith está bem legal como o Pistoleiro e de longe é o melhor personagem do filme. A Margot Robbie tem carisma como a Arlequina, mas é presa pelo roteiro só num arquétipo de "doidinha inconveniente", e sofre por não ter muito rumo e nem coerência ao longo da história. Acaba como um chamariz do que realmente tendo um papel definido ali.

Enfim, achei uma bola mais para fora do que para dentro da DC/Warner. Eles claramente ainda não fazem muita ideia de que rumo seguir com seus filmes e, quanto mais o estúdio mexe na edição de cada um, pior fica.

Vamos esperar o filme da Mulher-Maravilha que por enquanto parece ser a melhor produção desse novo universo até agora - se bem que os trailers do Esquadrão também enganaram bem no começo.

GOLDFIELD - Nerdices e análisesWhere stories live. Discover now