Assassin's Creed: Renascença (24/07/2014)

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Acabei de ler.

É bom? Bem, é mediano. É um daqueles livros que você percebe que tinha um baita potencial e que não foi bem aproveitado.

Lendo-o, confirmei o que já tinha percebido no anterior, o Cruzada Secreta: a escrita do Oliver Bowden é bem limitada - e infelizmente abre mão de descrições e passagens mais ricas sobre os personagens e os cenários - em plena Itália Renascentista - para quase sempre só focar um passo-a-passo raso das mesmas ações vistas no jogo em que se baseia, o Assassin's Creed 2. Justo um dos games com melhor enredo da série, o que mostra que o material de origem é bom, mas a mão do autor não soube aproveitá-la.

Aliás, começo a questionar os próprios méritos do Bowden (que é pseudônimo de Anton Gill) como historiador, já que a maioria das informações históricas na narrativa são rasas, mal colocadas (ao invés de encaixadas sutilmente na narrativa conforme necessidade, são destrinchadas em parágrafos inteiros cortando a história como verdadeiras entradas de enciclopédia - o que funciona no jogo, mas não em livro) e algumas praticamente meras transcrições da Wikipedia em inglês (sim, eu fui conferir!), como um trecho em particular sobre como a homossexualidade era vista em Florença que o escritor praticamente copiou do verbete da Wikipedia e colocou na boca do Ezio.

Tem partes boas? Sim, tem. Assim como o Cruzada Secreta, a narrativa melhora consideravelmente da metade para frente do livro, principalmente quanto aos fatos não-retratados no game normal, e sim em seus DLCs: a Batalha de Forli (com destaque para Catarina Sforza, que consegue em poucas falas e ações virar a personagem mais cativante do livro) e a "fogueira das vaidades" realizada quando o monge Savonarola (minha leve dislexia me faz quase impossível escrever o nome desse sujeito sem consultar o Google, hauahaua!) governou Florença.

Conclusão a que chego até aqui: ao escrever acontecimentos já retratados nos games, o autor resolveu fazer uma descrição simples de ações do personagem como se alguém tivesse um PS3 ligado ao lado jogando, como se fosse um detonado - e acaba que as partes mais autorais, e melhores, surgem quando mostram conteúdo não retratado nos games. Foi a mesma coisa com o Cruzada Secreta - e é uma pena, pois se a escrita do Bowden nessas partes fosse a mesma para o livro todo, a obra teria uma qualidade bem maior.

Recomendo aos meus alunos? Sim. É uma boa introdução ao tema Renascimento e é com certeza um livro mais palatável ao público infanto-juvenil, principalmente que gosta de games e está agora sendo introduzido ao mundo da literatura. Mas só deve servir como ponto de partida para outras obras mais aprofundadas.

Vou ler os demais da série? Sim, por apreço aos jogos, e não agora. A leitura desses livros é descompromissada e serve pra relaxar, mas ler tudo em sequência com certeza vai me irritar, pela escrita do Bowden.

Agora vou pegar as novelizações de Walking Dead, começando pela Ascensão do Governador...  

GOLDFIELD - Nerdices e análisesWhere stories live. Discover now