Capítulo X

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— Bem... Eu... Não sei... – engoli em seco. Sarah virou-se em direção à porta, destrancou-a e a abriu.
— Vem. – convidou, entrando.
— O que estou fazendo aqui? – murmurei, soltando um suspiro em seguida.
— Ema, entra! Eu preciso ser revistada. – ouvi risos e balancei a cabeça em desaprovação. Adentrei na residência e observei a sala, que parecia mais moderna, com uma TV enorme, um sofá vermelho amplo e um carpete escuro. Em um canto, havia uma estante com livros. A mesa a frente do sofá tinha um tampo de vidro, percebi que sobre ela havia um jarro com flores amarelas com o caule imerso em água, e ao lado um cinzeiro com uma bituca de cigarro.
— Você fuma?
— Não. – Sarah estava na entrada do corredor com uma mão apoiada na parede, a outra retirava os saltos. — E você?
— Não. – respondi. — Tem um cigarro no cinzeiro.
— Você tem um olhar de águia, hein?! Aposto que já decorou os títulos dos livros da minha estante.
— Não. – cruzei os braços. — A tal mestra já esteve aqui?
— Sim. O cigarro é dela. – Sarah tirou o casaco, dobrou-o sobre o braço e recolheu as sandálias. — Eu vou tomar banho, tá? Se importa de esperar um pouco?
— Quer que eu acredite que ela usava uma máscara enquanto fumava? – questionei. — Você não precisa mentir para mim, ok? Ninguém se muda para outra cidade por causa de uma estranha mascarada. Você sabe quem ela é.
— Ema... – Sarah me olhava, séria. — Por que insiste nesse assunto?
— Ela tem a chave da sua casa?
— Não. – Sarah suspirou profundamente. — Veio até aqui para me interrogar?
— Desculpe, não foi minha intenção te aborrecer. – respondi.
— Podemos falar apenas sobre nós?
— Claro. – concordei, decidindo dar uma trégua. Estava evidente que Sarah não revelaria a identidade da atiradora do motel.
— Ótimo. Agora, relaxe. Tem vinho no armário da cozinha. Beba um pouco para relaxar.
— Não, obrigada. Estou bem. – respondi.

***

Eu cochilava no sofá quando senti um toque suave no meu ombro, acompanhado por um perfume doce. Ao abrir os olhos, encontrei Sarah curvada à minha frente, usando um robe preto e pantufas combinando. Seus cabelos estavam úmidos.
— Desculpa pela demora.
— Que horas são? – examinei o ambiente ao meu redor.
— Não sei, mas deve passar das 22 horas. – Sarah endireitou-se. — Vem comigo. Vou te mostrar meu quarto.
— Ah... – levantei-me. — Ouviu meu celular tocar?
— Não dá para ouvir nada do meu quarto.
Caminhamos pelo corredor, Sarah abriu uma porta de madeira e me olhou, indicando que eu entrasse primeiro. No interior, o piso era preto, as paredes claras, mas o toque excêntrico estava no teto pintado de vermelho. Intrigada, perguntei:
— Por que o teto é vermelho?
Sarah sorriu, indo em direção à cama. Sentou-se e olhou para cima.
— Sabe o que significa semáforo de consentimento?
— Imagino que não tenha nada a ver com trânsito. – mantive meu olhar nela.
— Verde, amarelo e vermelho, essas são as cores de segurança. – Sarah me explicou. — Verde indica que tudo está bem, e a atividade pode continuar. Amarelo indica a necessidade de um ajuste. Pode significar um incômodo, algo precisa ser alterado. E quando a palavra vermelho é usada, a atividade para imediatamente.
— Entendi. – me aproximei. — Mas, o que garante que as regras sejam seguidas?
— Sempre fazemos um acordo prévio para informar o que é permitido na cena e quais são os limites. – Sarah cruzou as pernas e apoiou as mãos na cama, um decote se abriu no robe.
— Sarah, o seu fetiche é ser presa na cama?
— Não exatamente. É além disso, eu gosto de ser dominada e subjugada... Isso me excita. – ela suspirou, fechando os olhos levemente.
— Hm. – pressionei um lábio ao outro, um pouco tensa.
— E você? Diria que gosta de dominar?
— Isso tem relação com aquele lance de ser passiva ou ativa? – questionei, confusa.
— Não, Ema. Eu posso ser ativa ou passiva. Isso não me faz menos submissa. Você pode me ordenar que eu faça o que quiser. Você estará no comando. – Sarah explicou.
— Aaah, entendi. – sentei na cama, mantendo um espaço entre nós. — Será que podemos não usar esses termos hoje?
— Claro. – Sarah tocou minha mão direita. — Faremos do seu jeito.

Continua...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now