Capítulo LXXX

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Ema gentilmente massageou minhas nádegas, aliviando as tensões, e aplicou uma pomada relaxante que trouxe um alívio imediato. Com a cabeça repousando em seu colo, adormeci profundamente. Ao despertar, ainda me sentindo envolvida pela sensação reconfortante, percebi que estava sozinha na cama, coberta apenas pelo lençol macio. Decidi aproveitar mais alguns minutos de aconchego antes de me levantar da cama. Com os olhos cerrados, permiti-me envolver pelos sons suaves ao meu redor, até que passos familiares se aproximaram. Abri os olhos, certa de que era Ema, e vi-a entrar no quarto com uma bandeja cuidadosamente arranjada.
— Que bom que acordou. Eu estava prestes a te chamar. Já é quase uma da tarde. – disse Ema, sua voz transmitia ternura.
— Não vamos comer com o Nick? – perguntei.
— Estamos sozinhas. Nick foi ao barbeiro. Ele está nervoso com o encontro. – explicou Ema, colocando a bandeja sobre a cama e sentando-se ao meu lado.
— Então posso me aproveitar de você? – brinquei, sentindo-me mais descontraída na presença dela.
— Parece que sim. – respondeu ela com um sorriso sincero, aquecendo meu coração.
— Estou bem. Meu bumbum não está mais dolorido. Sua massagem foi incrível. – agradeci, inclinando-me para dar um beijo rápido em Ema. — Já pensou em seguir carreira como massagista?
— Tudo bem para você? – Ema perguntou, seu olhar transmitia curiosidade.
— Pensando melhor, não. Suas mãos tocarão muitos corpos. – comentei brincando, apreciando a troca leve e divertida entre nós.
— Você é uma ciumenta incurável. – provocou Ema, e eu não pude deixar de rir.
— Só um pouquinho ciumenta. – admiti, fazendo um gesto com os dedos, sabendo que era verdade.
— Aprecie a comida. – disse Ema, retirando a tampa do meu prato com um sorriso brincalhão. — Filé de peixe com legumes grelhados.
— Incrível. – suspirei ao sentir o aroma delicioso que se espalhava pelo quarto. — Estava escondendo seus talentos culinários de mim?
Ema balançou a cabeça levemente.
— Apenas marinei o filé de peixe com ervas e limão para realçar o sabor, e grelhei os legumes com abobrinha, pimentão, cebola e tomate temperados com azeite, sal e pimenta.
— Obrigada. – agradeci, pegando os talheres com expectativa palpável. — Estou ansiosa para provar.
— E não crie muitas expectativas ao provar. – brincou Ema, e juntas compartilhamos o almoço, que estava verdadeiramente delicioso.

***

O início da tarde transcorreu de forma tranquila enquanto assistíamos a um filme romântico, confortavelmente instalados no quarto. Aproveitei para me enroscar nos braços de Ema, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas na cena mais dramática, onde o casal protagonista se desentendia. Batidas na porta soaram antes do fim do filme, fazendo Ema pausar a exibição.
— Entra. – disse ela. A porta se abriu e Nicolas adentrou o quarto. Vestia jeans e uma camisa social branca com os primeiros botões desabotoados, revelando uma fina corrente prateada. Notei alguns fios de cabelo ralos em seu peito. Seus sapatos pretos reluziam. Seu cabelo estava bem cortado e a barba aparada. Seu perfume preenchia o ar.
— ¡Qué guapo ese chico! – brinquei, arriscando um espanhol.
— Parece um cafajeste. – disse Ema, fazendo Nicolas rir.
— Tô uma gracinha? – indagou ele.
— Tá uma gracinha, Nick. – respondi, sorrindo. — Mas por favor, suaviza o perfume. Você quer que a moça lembre de você e sinta enjoo?
— Putz... Exagerei? – Nicolas cheirou a gola da camisa.
— Um pouquinho. Se você chegar mais perto, acho que vou ficar com enxaqueca. – comentei.
— Droga! A Verônica já está chegando, não tenho tempo para tomar banho de novo. – lamentou Nicolas.
— Não se desespere, eu tenho a solução. – ergui meu tronco, segurando o lençol entre os braços. — Dentro do armário do banheiro do seu quarto tem lenços umedecidos sem perfume. Passe alguns deles nas áreas que você perfumou demais.
— Valeu, Sarah. – agradeceu Nicolas antes de sair do quarto às pressas.
— Sabe o que isso significa? – Ema me abraçou por trás e beijou meu pescoço. Fechei os olhos por um instante.
— Não. O que significa, amor?
— Você precisa se vestir. E inventar brincadeiras. Eu não sou uma boa animadora infantil.
— Eu acho que consigo entreter uma criança. – virei-me na direção de Ema. — Um dia quero ser mãe. E você?
— Não sei. – Ema pareceu mais séria. — É complicado criar uma criança.
— Discutimos isso em outro momento, tá? Vamos nos animar e nos preparar para a garotinha. Se ela for um décimo do que fui, teremos uma tarde bem agitada. – comentei cheia de expectativa.

Continua...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora