Capítulo LXX

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Quando cheguei em casa para o almoço, deparei-me com Ema e Nicolas na cozinha, imersos em uma troca animada, quase como dois irmãos provocando-se mutuamente. Farinha de trigo salpicava seus rostos e cabelos, enquanto o chão exibia uma bagunça de massa, mais tarde identificada como fettuccine. Nicolas provocava Ema, dançando na frente dela e simulando golpes como um boxeador. Ema, por sua vez, ágil, agarrou-lhe o antebraço, prendeu-o por trás e envolveu-lhe o pescoço, imobilizando-o.
— Aaaai... Solta. – Nicolas reclamou. — Mulheres deveriam ser o sexo frágil, sabia?
— Já disse para não pegar leve comigo. Acha que vão pegar leve comigo na rua? – indagou Ema, soltando Nicolas.
— Você me pegou desprevenido. Na próxima vez, vai ser pra valer. – Nicolas acariciou o antebraço.
— Oi! – anunciei minha presença.
— Oi. – Ema limpava o rosto com a manga da blusa. — Íamos limpar a cozinha antes da sua chegada, mas... Não deu tempo.
— Vocês dois pareciam estar se divertindo. – comentei.
— A Ema transformou a cozinha em um campo de batalha de farinha! – disse Nicolas.
— Foi só um pequeno incidente, eu juro. – Ema deu passos na minha direção, ainda havia um pouco de farinha na sua bochecha e no seu cabelo.
— Tudo bem, amor. – sorri.
— Como foi sua manhã? – Ema me deu um selinho e afastou-se para me olhar.
— Minha manhã foi calma. Me reuni com um cliente, li uma papelada, nada muito animador. – limpei a bochecha de Ema. — Também conversei com a Mari, vamos jantar com ela. E, a propósito, qual é o seu tamanho de roupa?
Ema estreitou os olhos.
— Vai comprar roupas novas?
— Sim, Mari sugeriu que fôssemos a caráter. Algum problema com o período medieval?
— Bem, não era exatamente uma era favorável para lésbicas. – Ema respondeu, com um toque de humor.
— Verdade, mas a Mari é apaixonada pela cultura da época, sabe? As vestimentas, a atmosfera... E é importante respeitarmos o desejo da anfitriã, não acha?
— Sim. – concordou Ema.
— Guerreira ou camponesa? – perguntei.
— Hm... Eu não sou fã de vestidos. – respondeu Ema.
— Tudo bem, vou encontrar um traje de guerreira perfeito para você. – apoiei meus braços sobre os ombros de Ema. — Serei uma camponesa frágil e delicada. Por favor, proteja-me, nobre guerreira. – disse, fazendo um biquinho adorável.
— Com a minha vida. – Ema esboçou um pequeno sorriso.
— Awwwn. – abracei Ema. — Não faz isso, amor. Senão, vou te dar a sobremesa antes do almoço.
— Eu ainda estou aqui. – interveio Nicolas.
— Pudim? – Ema me olhava com um olhar travesso.
— Chame do que preferir. – respondi, piscando para ela com um sorriso malicioso.

***

Almocei junto com Ema e Nicolas, desfrutando do incrível resultado da bagunça na cozinha. O fettuccine com molho branco estava simplesmente divino.
— Como faço para contratar vocês? Isso aqui tá ótimo. – falei ao terminar de mastigar, meu prato quase vazio.
— Eu estou desempregada, então... – disse Ema, erguendo os ombros.
— Não, você não está desempregada, está apenas aguardando a oportunidade certa de trabalho. – inclinei-me na direção de Ema e beijei sua bochecha. — Obrigada pelo almoço, amor. Desde que você veio para cá, tenho desfrutado da sua companhia e da sua excelente comida.
— Eu nem cozinho tão bem, só segui a receita. E o Nicolas me ajudou bastante. – explicou Ema.
— Ajudei? Eu amassei a massa. Você deve tudo a mim, Ema. – disse Nicolas.
— Quem cuidou das proporções dos ingredientes? Quem cozinhou a massa? – Ema questionou, erguendo uma das sobrancelhas.
— Você, mas...
— Foi uma parceria, ok? – concluiu Ema.
— Entendo, mas... – retrucou Nick, enquanto Ema resmungava.

***

Após o fim do expediente, dei um pulinho em uma loja de fantasias e escolhi um traje de camponesa para mim e um de guerreira para Ema. Mal podia esperar para chegar em casa e experimentar minha nova aquisição.
Ao entrar em casa, segui direto para o quarto, carregando as roupas em sacos de proteção. Não avistei Ema lá, mas deduzi que ela estivesse no banheiro devido ao som do secador. Coloquei as fantasias sobre a cama e fui até o banheiro. Encontrei Ema secando os cabelos, envolta em um roupão branco.
— Que tentador. – comentei, apoiando-me na porta. Ema notou minha presença e desligou o secador.
— Oi. – ela sorriu.
— Encontrei as roupas. Pronta para a noite temática? – me aproximei dela e a abracei por trás, depositando um beijo em seu ombro.
— Só vamos observar, não é? – Ema perguntou, um pouco receosa.
— Só faremos o que você quiser. — me coloquei em sua frente, tocando seu rosto com carinho antes de beijar seus lábios com calma. Ema me apertou contra o armário da pia, prolongando o beijo.
Desfiz o nó da faixa de seu roupão e subi a mão direita até seu seio, acariciando-o suavemente. Sentir a pele de Ema sob meus dedos me excitava ainda mais. Ema me correspondeu, deixando o prazer nos dominar, e nos beijamos com urgência, entregando-nos ao momento com desejo.
Quando dei por mim, estava apenas com a camisa cobrindo minha lingerie branca. As mãos de Ema exploraram minhas coxas e pressionaram meu glúteo, fazendo-me arfar entre o beijo. Livrei-me da calcinha e me sentei na bancada de mármore em frente a Ema.
Ela beijou meu pescoço e deslizou os lábios pelo meu colo, enquanto desabotoava minha blusa. Sua boca passeou pelo meu abdômen até encontrar meu sexo, arrancando-me um suspiro. Segurei seus cabelos com firmeza, sentindo sua língua explorar minha intimidade, enquanto gemia de prazer.
Os momentos seguintes foram arrebatadores, incapaz de conter-me, movi-me contra o rosto de Ema, entregando-me às suas carícias. Minhas mãos pressionavam sua cabeça contra minha pélvis, enquanto gemidos escapavam de meus lábios com frequência. Quando senti meu corpo render-se ao êxtase, minhas coxas tremeram involuntariamente, inundando os lábios de Ema com meu néctar. Apoiei as mãos na bancada e inclinei-me para trás, deixando minha cabeça repousar no espelho, minha respiração estava pesada.
— Uau... – sorri, tentando recuperar o fôlego.
Ema ergueu-se diante de mim, curvou-se na minha direção e depositou um beijo na base do meu queixo, seus braços envolveram-me em um gesto terno. Sentir seu corpo contra o meu, compartilhando calor, me fazia desejar ser dela pelo resto da vida.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora