Capítulo XL

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Após desmontarmos o acampamento, regressamos à casa de Sarah. Mariana havia decidido partir e estava irredutível, pois a experiência com as pessoas da cidade a havia frustrado.
— Dani, faça a mala. Vamos pegar o primeiro voo para fora daqui. – disse Mariana ao sair do carro. Daniela seguiu Mariana até o interior da casa de Sarah.
— Parece que a situação no acampamento deixou a Mari bem chateada. – comentei, sentada no banco atrás do volante.
— Eu vou convencê-la a ficar mais um dia. Consegue arrumar suas coisas para sairmos da cidade amanhã? – indagou Sarah.
— Talvez. Me desligar da polícia de Santa Mônica pode levar algum tempo. Duvido que eu consiga uma transferência, então terei que pedir demissão.
— Eu consigo a sua transferência. – afirmou Sarah, tirando o cinto de segurança. — Conheço muitas pessoas importantes, Ema. Vou fazer algumas ligações. Você vai ficar ótima no uniforme da polícia de Nova Aurora.
— O que quer dizer com pessoas importantes?
— Políticos, juízes... Bem, a alta sociedade da capital. – revelou Sarah, deixando-me embasbacada. Após alguns instantes de pensamento, voltei a mim ao ouvir batidas na minha janela. Sarah estava ao lado da porta. Retirei o cinto, desci do veículo e respirei fundo, recordando o motivo que me levou a ser transferida para Santa Mônica.
— Sarah, você não vai conseguir me ajudar.
— Não? – Sarah me olhava intrigada.
— Eu algemei o sobrinho do secretário de segurança porque encontrei cocaína no carro dele. Coloquei ele na viatura, e meu parceiro o levou para um galpão abandonado, onde torturou-o para ele revelasse o traficante de drogas. Implorei para que meu parceiro parasse, mas ele ignorou meu apelo. Não consegui impedi-lo, Sarah. Tudo acabou mal. O sobrinho do secretário foi assassinado semanas depois por ter entregado o traficante. Fui transferida para cá, e o corpo do meu parceiro apareceu boiando em um rio. O secretário me queria viva para que eu sofresse, ele sabia que eu seria promovida se aquele incidente vesse ocorrido.
— Lamento, Ema. – Sarah apoiou as mãos sobre meus ombros. — Mas não deve se preocupar. Você vai voltar para a polícia de Nova Aurora, eu prometo.
— Sarah, independentemente disso, eu vou embora com você. Posso me virar. Não tenho problema em recomeçar.
— Eu sei, amor, mas você foi injustiçada. E essa advogada aqui odeia injustiças. – ela me abraçou. — Vai continuar com sua arma e seu distintivo. – disse perto do meu ouvido.
— Obrigada. – Sorri fraco. — Você tem feito muito por mim, espero retribuir.
— Pode retribuir tirando minha roupa e me fodendo loucamente.
— Posso fazer isso. – respondi.

***

Ocupei o sofá na casa de Nicolas, compartilhando detalhes sobre minha conversa com Sarah.
— Você ganhou na loteria, Ema. A Sarah é bonita, influente e boa de cama. Será que existe outra por aí que goste de homens? – ele sentou ao meu lado, segurando uma garrafa de cerveja.
— Melhor largar essa garrafa, o Pedroso vai sentir o cheiro de álcool no seu bafo. – me levantei. — Vamos. Quero encerrar logo essa situação. Vamos enfrentar o Pedroso agora.
— Você está bem mandona, aprendeu isso com a moça de olhos azuis? – Nicolas tomou um gole da cerveja.
— Não, mas se quiser que eu mostre o que aprendi, posso começar te amarrando com meu cinto e te arrastando até seu carro. Quer? – olhei para ele, pondo a mão sobre a fivela do meu cinto.
— Não, guarde essas maluquices para a Sarah. – Nicolas colocou a garrafa sobre a mesa de centro. — Você arrastaria a Sarah até o carro?
— Claro que não, mas faria isso com você. – dei passos em direção à porta.
— Tá brincando, né?
— Um, dois...
— Tá, Ema. Eu já estou indo. – Nicolas se apressou até a porta.
— Obrigada. Isso me poupa a dor nas costas. – abri a porta. — Vá, primeiro as damas.
— Ah, vai se ferrar, Ema. – Nicolas resmungou antes de deixar a sala.
— Ei. – fechei a porta e acompanhei Nicolas. — Nós vamos embora dessa merda de lugar. – abracei ele lateralmente, Nicolas depositou o braço sobre meus ombros.
— Se você ainda estivesse solteira, eu te convidaria para um bordel. Imagina só, Ema. Várias gostosas de lingerie.
— Isso vai te custar um rim. – comentei.
— Não tem problema. Meu amigão merece profissionais. – disse Nicolas, me fazendo revirar os olhos.
— Poderia não dar apelidos para seu pênis? Isso é esquisito. – reclamei, me dirigindo para a lateral do carro.
— Você não considera a pequena Ema como sua amiga? – Nicolas apoiou os antebraços sobre o teto do carro e me observou do outro lado.
— Não, e pare com isso. – abri a porta do carro e entrei, ocupando o banco do passageiro.
— Como está o nariz da Sarah? – Nicolas sentou no banco do motorista.
— Bem, mas ainda vamos ao médico. – pus o cinto de segurança.
— Você acertou ela em cheio, está em forma, hein?! Vai encher os marginais de Nova Aurora de porrada?
— Com certeza. – respondi.
— Espero que sejamos parceiros. Você bate nos marginais, enquanto durmo.
— Não conte com isso. Vamos correr e fazer musculação juntos.
— Ah, não, Ema. – Nicolas deu ré no carro. — Eu já estou em forma. Faço abdominais e... Punheta deve contar como exercício, né? Olha só meus músculos. – ele exibiu o bíceps.
— Sabia que eu era mais feliz segundos atrás? – estalei a língua.
— Você nunca se masturbou?
— Eu vou ignorar a sua pergunta, para não te socar. – olhei para fora da janela.
— Você podia me dar umas dicas. O que as mulheres preferem?
— Mulheres gostam de homens que dirigem calados. – respondi.
— Poxa. – Nicolas resmungou.
— Preliminares. – respondi sem olhá-lo. — Use seus dedos. Sua boca. Pense menos no seu prazer e mais no prazer da sua parceira. Não pare até fazê-la gozar. Satisfeito?
— Tem alguma técnica para usar a língua? – Nicolas me olhou, enquanto dirigia.
— Isso já é demais. Dê um google. – respondi.

Continua...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora