Capítulo LXI

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Duas semanas depois...

(Ema narrando)

Na manhã de sexta-feira, Sarah despediu-se para enfrentar mais uma jornada de trabalho, deixando um silêncio que se infiltrou lentamente na atmosfera da casa. Minutos antes das 9 horas, optei por descer e realizar meu treino matinal. Vestia uma confortável calça de moletom cinza, uma regata branca e um par de tênis pretos, com o cabelo preso. Ao passar pela cozinha, fiz uma breve parada para pegar uma garrafa de água de coco.
— Olá, Lourdes. – cumprimentei a funcionária de Sarah ao avistá-la. — Tudo bem?
— Sim. – Lourdes sorriu para mim, segurando um esfregão.
— Não quero te atrapalhar. Eu só preciso pegar uma garrafa de água de coco. Você pode pegar para mim? Assim não te atrapalho.
— Pego sim. – Lourdes apoiou o cabo do esfregão no armário da pia e foi até a geladeira, pegou uma garrafa de água de coco e trouxe até mim.
— Obrigada. – sorri ao receber a garrafa. — Bom trabalho. Eu vou dar um pulo na academia do condomínio.
— A Sarah não te avisou que virão três candidatos para a vaga de cozinheiro? Ela demitiu a antiga cozinheira quando se mudou. E agora que voltou pra cá quer a mordomia de antes. Não vai ser você que vai entrevistar as pessoas?
— Imagino que a própria Sarah vá conduzir as entrevistas. – respondi.
— Ah, você parece não se sentir muito à vontade aqui. – Lourdes comentou.
— Eu morava em um lugar bem pequeno e modesto. Não sou muito apegada a luxos, só gosto de aconchego. – respondi. — Eu não tinha funcionários. Limpava e cozinhava sozinha.
— Eu acho que nunca vi a Sarah com uma vassoura na mão. E é melhor ela ficar longe do fogão, ela já conseguiu ativar o sensor de incêndio carbonizado uma lasanha no micro-ondas.
— Caramba... Ela é um pouco desastrada. – ri.
— Muito.
— Me diga, o pai dela costuma vir aqui? – indaguei.
— Raramente, e sempre que vem eles brigam feio. O Sr. Vélaz é um homem rude. – disse Lourdes.
— A Sarah não usa o sobrenome dele. Imagino que o Rodrigues seja da mãe dela. – abri a garrafa de água de coco e tomei alguns goles.
— Ela usa por causa da avó. Aquela senhora era uma benção, morreu alguns anos atrás, mas viu a neta se formar. E sempre teve muito orgulho dela. – Lourdes explicou.
— Bem, eu já vou. Não quero tomar mais do seu tempo. – fechei a garrafa.
— Bom treino.
— Obrigada.
Enquanto me esforçava para virar um imenso pneu no treino de crossfit, Nicolas se aproximou.
— Vai virar mecânica, Ema? Qual a finalidade de tanto esforço? – disse ele, bocejando.
Podia sentir meu rosto arder de tão vermelho, minhas pernas quase falhavam, mas minha persistência me fez jogar o pneu para a frente.
— Ufa... Os dias que fiquei parada me deixaram molenga. – pus as mãos na cintura, ainda recuperando o fôlego.
— Agora que a Dra. Sarah te deu alta, você podia ir trabalhar comigo na boate. É dinheiro fácil, Ema. E no fim do turno, tem bebida grátis.
— Sabe que estou focada em voltar para a polícia. – respondi.
— Sei, eu também estou, mas até lá podemos fazer uns bicos. – Nicolas insistiu. — Se eu continuar ganhando bem na boate, vou alugar um apê. A venda da minha casa tá estagnada, vou estar careca quando a corretora conseguir vender ela.
— Não sei, Nick. Sarah não vai gostar da ideia. E eu consigo compreender, aquela boate mais parece um bordel. –  comentei.
— São dançarinas exóticas.
— Nome bonito para strippers. – cruzei os braços. — Eu vou conversar com a Sarah sobre o assunto, se for algo incômodo para ela, não vou aceitar.
— Ema, você seria segurança, não dançarina. Qual o problema nisso? Você está precisando de grana. Aceita o trampo por um tempo. Não quer comprar sua moto?
— Quero, mas gostaria de manter a namorada. – respondi.

Continua...

Será que a Sarah vai concordar?

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now