Capítulo XI

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Sarah ergueu-se à minha frente, inclinei-me para trás, observando seu rosto. Suas mãos deslizaram pelo robe.  Uma sensação incômoda crescia dentro de mim. Por que eu estava ali? Eu não era como Sarah. Meus pensamentos foram interrompidos quando Sarah tocou meus ombros e se sentou sobre minhas coxas. Sua boca seguiu em direção ao meu pescoço, seus lábios roçaram minha pele. Minhas mãos apertaram seu quadril, afastando-a.
— Espere... Eu preciso fazer xixi.
— Tá. – Sarah se levantou. — O banheiro fica ali. – apontou para a porta à direita. — Se quiser tomar um banho quente para relaxar, eu vou te esperar assistindo TV.
— Certo, vou aceitar seu conselho. Um banho vai me acalmar. – levantei-me da cama.
— Demore o tempo que precisar. – Sarah sorriu, parecendo se divertir com meu nervosismo. Dirigi-me ao banheiro e, ao entrar, fechei a porta e peguei meu celular no bolso. Abri o aplicativo de mensagens e escrevi para Nick.
“Eu acho que entrei em uma enrascada”.
Pouco depois, recebi uma resposta.
“Você está com a maluca do motel?”
Escrevi:
“O teto do quarto dela é vermelho, ela falou sobre semáforo e submissão. O que devo fazer?”
Meus olhos estavam fixos na tela, Nicolas escrevia e parava por alguns instantes. Quando finalmente recebi uma resposta, revirei os olhos em desaprovação.
“Finja que é uma guarda de trânsito e puna essa garota má por avançar o sinal vermelho”.
— Cretino. – murmurei, ciente de que ele não me ouviria. Logo digitei.
“Vou te enviar minha localização; se eu não te responder até amanhã, saiba que a principal suspeita do meu sumiço deve ser a Sarah”.
Enviei a mensagem e, pouco depois, compartilhei minha localização pelo GPS. Meu estômago estava embrulhado, e meus lábios secos denunciavam a intensidade do nervosismo causado por Sarah. Aproximei-me da pia, coloquei o celular sobre a bancada de mármore e encarei meu reflexo no espelho.
— O que há de errado com você? – indaguei a mim mesma. — É a primeira vez em muito tempo que uma mulher se interessa por você. Dá pra relaxar? Você quer ir para a cama com ela... É, eu quero. – respirei fundo.
Tirei o casaco, os sapatos, abri a calça e removi a blusa, deixando meus pertences sobre a bancada, exceto os sapatos. Por fim, libertei-me da calcinha e do sutiã, dirigindo-me ao box. Liguei o chuveiro, deixando a água fluir sobre mim.
O banho se estendeu por mais tempo do que eu poderia prever. Me vi analisando a prateleira de produtos, onde, além de itens para cabelo, havia produtos de uso íntimo, como géis e lubrificantes. Escolhi um deles e li a descrição.
— Proporciona uma sensação térmica de aquecimento quando aplicado nas áreas íntimas. É frequentemente utilizado para aumentar a sensação de prazer e estimular a circulação sanguínea na região, o que pode intensificar a experiência durante a atividade sexual. – Estreitei os olhos. — Será que ela está usando isso hoje? – Devolvi o gel à prateleira.
Saí do box, peguei uma toalha no armário e enxuguei meu corpo. Antes de deixar o banheiro, vesti um roupão. O som da TV estava baixo, e a imagem era, no mínimo, perturbadora. Uma das mulheres estava pendurada no teto por correntes, amordaçada, mas seus grunhidos ainda eram audíveis. Ela era castigada com golpes de chicote por outra mulher. Minha boca se abriu levemente, incrédula com o que via. Não era puritana, já havia visitado sites para maiores de 18 anos, mas jamais havia assistido algo semelhante àquilo. A tela à minha frente escureceu ao ser desligada.
— Ema?! – era a voz de Sarah. — Tudo bem?
— São atrizes? – indaguei, lançando meu olhar na direção de Sarah.
— Não, são minhas amigas. Mari gosta de exibir a Dani. – Sarah disse com naturalidade.
— Você tem amigas bem... excêntricas. – medi as palavras.
— Não se preocupe com a Dani, ela adora ser castigada. Temos isso em comum. – Sarah disse com um sorriso malicioso no rosto.
— Nossa... Vocês têm um tipo de clube? – indaguei, caminhando em direção à cama.
— Bem, temos. Nos reuníamos em uma boate na minha cidade. Era bem legal. Tinha música, bebida e brincadeiras.
— O tipo de brincadeira que inclui correntes? – ousei perguntar.
— É, algemas, plugs, consoles...
— Já compreendi. – interrompi.
— Mari e Dani virão me visitar nos próximos dias. Se quiser, posso pedir para a Mari tirar suas dúvidas. Ela é dominatrix há bastante tempo.
— Não, obrigada. Ela parece ser uma pessoa bem sádica. Como alguém pode se divertir com o sofrimento de outra pessoa?
— Sofrimento? – Sarah franziu a testa. — Dani estava se divertindo. Ela praticamente forçou a Mari a castigá-la. Dani é uma brat.
— Brat? O que isso significa exatamente? – sentei ao lado do corpo de Sarah. O lençol cobria suas pernas e tronco.
— Desculpe, você havia me pedido para não usar esses termos.
— Não, está tudo bem. Me explique.
— A tradução literal é pirralho. De modo generalizado, posso dizer que são pessoas que provocam para serem punidas.
— Hm.
— Às vezes é bom brincar com o perigo. – Sarah comentou.
— Você e elas já tiveram algum envolvimento?
— Não, mas o relacionamento delas é aberto. – Sarah respondeu.
— Você deve estar cansada de responder às minhas perguntas. Sou tão ignorante nesse assunto. – esbocei um pequeno sorriso para esconder meu constrangimento.
— Não, eu gosto disso. Parece que você está tentando me entender. Ou talvez, esteja me investigando, né?
— Não.
— Estou brincando, tá? – Sarah me olhava fixamente. — O que quer fazer? Sexo ou conchinha?
— Não imagino alguém como você dormindo de conchinha. – respondi.
— Não?! – Sarah parecia surpresa. — Eu sou romântica.
Sorri, fazendo um leve aceno negativo com a cabeça.
— Romantismo é um pouco incompatível com a sua prática sexual.
— Não. Eu gosto de receber flores. De jantares à luz de velas. De caminhar de mãos dadas. De ouvir eu te amo. E... Gosto de algemas. – piscou para mim.
— Você é bem intrigante.
— Eu posso dizer o mesmo de você, Ema. Confesso que só de te imaginar nua no meu banheiro, fiquei molhada.
— Oh, céus... – olhei para baixo e comecei a rir.
— O que eu disse de errado? – Sarah indagou, confusa.
— Você é tão direta. Confesso que não estou acostumada com isso. Eu quase precisava ler a mente da minha ex-namorada para saber o que ela queria. E apesar dos gemidos estridentes, descobri após o término que boa parte dos orgasmos eram falsos. – olhei para Sarah. — Eu não sou capaz de desempenhar a função que você deseja. Eu devo ser horrível na cama. Além disso, não há nada de especial em mim. Sou metódica e tenho uma vida bem medíocre.
— É mesmo? Eu acho que você está enganada. – Sarah pôs a mão sobre a faixa do meu roupão. — Tudo em você me excita, Ema. Você não precisa me bater, nem me algemar a essa cama para me fazer gozar. No momento em que você estiver sobre mim, eu vou sentir o meu corpo todo implorar pelo seu toque e quando isso acontecer, vou gemer no seu ouvido e desejar que esta noite seja interminável. – sua mão abriu a faixa, enquanto seus olhos estavam fixos aos meus. — Não há nada que eu queira mais nesse momento do que ter você.
— Uau... – sorri levemente. — Temos algo em comum, então, eu também quero muito você. – me inclinei na direção dela e a beijei, explorando sua boca com minha língua.

Continua...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora