Capítulo LXIX

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(Sarah narrando)

Descendo as escadas pouco antes das 8 horas da manhã, me deparo com Lourdes na sala, concentrada em aspirar o tapete.
— Bom dia, Lu. Como está? – Cumprimentei enquanto revirava o interior da minha bolsa em busca da chave do carro.
— Bem, e você? – Lourdes desligou o aspirador.
— Ótima. – respondi, sorrindo.
— Que bom... Ah, antes que me esqueça de te avisar. Ontem, a agência ligou querendo confirmar as entrevistas. Eu disse que seria melhor remarcar, já que você não estava em casa.
— Tinha me esquecido disso. Vou marcar para hoje. – dirigi-me para a saída. — Até mais tarde. – Despedi-me. Caminhei até meu carro, estacionado na garagem. Entrei, pus o cinto e liguei o motor. Dei ré até a rua, manobrei e parti. Apesar do trânsito intenso, fiz uma parada antes do escritório. Passei em uma cafeteria, comprei três cafés para viagem. Coloquei a bandeja no assento ao meu lado e segui em direção ao escritório. Estacionei no andar térreo e subi de elevador até o quinto andar. Ao sair para o corredor, ofereci o primeiro copo de café para a secretária. — Bê, um cafezinho para animar seu dia. – pisquei para ela, antes de colocar o copo sobre a mesa.
— Um mimo? O que deseja, Sarah?! – ela questionou com desconfiança. Sentada atrás da mesa, usando um uniforme preto composto por blazer e lenço vermelho no pescoço. Seu cabelo estava preso em um coque, deixando os fios loiros escuros alinhados. Sua maquiagem era leve. Beatriz, uma jovem de 23 anos, estudante de secretariado, fazia parte do escritório há dois anos.
— Assim, você fere o meu coração, Bê. – sorri a caminho da minha sala. — Quando aquela advogada de olhos azuis chegar, diga para ela vir falar comigo.
— Claro.
Sentei-me à minha mesa, retirei o copo da bandeja e dei alguns goles no café, coloquei o copo de volta na mesa e me inclinar para trás, fechando os olhos. Respirei fundo, relembrando a noite passada. Ao ouvir minha porta se abrir, abri os olhos por impulso e vi Mariana entrar, carregando uma bolsa preta, como se tivesse acabado de chegar. Seu terninho era cinza e ela usava sapatos de salto alto pretos.
— Sentiu saudades de mim?
— Hum-rum. – sorri.
— Conheço esse brilho nos seus olhos, Sarah. Você está contente.
— Muito. – levantei-me da cadeira. — Apesar da situação constrangedora no jantar, minha noite foi ótima.
— Imagino que tenha feito muito sexo.
— Nunca é demais. – sentei-me na mesa e cruzei as pernas. — Vem cá, Mari. Tenho uma proposta para fazer.
— Espero que seja o tipo de proposta que me agrada. – Mariana andou até mim, ficando à minha frente. — Diga. – soltou a bolsa sobre a cadeira e cruzou os braços. — A Ema quer um ménage? Diga que não pego você, seria como cometer um incesto. – Mariana fez careta. Dei risada.
— Eu te esgano, Mari. Nem nos seus sonhos você vai tocar no corpo da minha namorada.
— Relaxe, Sarah. Não quero roubar sua policial. – Mariana apoiou as mãos sobre meus ombros e se inclinou em minha direção. — Qual a proposta?
— A Ema quer continuar o treinamento, porque ela não se sente apta para usar nenhum equipamento do meu quarto secreto. Então, sugeri que víssemos você e a Dani em uma sessão.
— Hm. – Mariana esboçou um pequeno sorriso. — Acha uma boa ideia? Sabe que minha garota não se importaria de ser fodida pela sua namorada.
— Eu sei, mas a Dani é leal a você, não faria isso.
— Confesso que tenho simpatia pela situação. Sabe como é? Sou uma cuckquean invicta. Gosto de assistir à minha parceira ser tratada como uma vadia por outra pessoa. Obviamente, isso só pode ocorrer na minha presença.
— Sabe como eu chamo isso? Traição com consentimento. Nem ferrando que eu deixo a Ema foder outra. – Bufei.
— Quem compartilha, multiplica. – Mariana soltou um riso.
— Não, nada disso. Se eu não for o suficiente para ela, então não fará sentido algum ficarmos juntas.
— Não te deixa entediada a hipótese de fazer sexo somente com a mesma pessoa pelo resto da sua vida?
— Não, me deixa confortável. Planejo ter uma família, Mari. Você sabe disso.
— Sei, a mamãe que faz a lancheira e vai à reunião de pais e mestres de dia, e a cadela no cio que fica presa por correntes à noite, enquanto é açoitada pela outra mamãe. Equilíbrio é tudo.
— Tipo isso. – sorri. — Agora, diga, topa? Eu e Ema podemos assistir você e Dani em uma sessão no seu quarto secreto?
— Secreto? Uma dúzia de pessoas conhecem aquele lugar. – Mariana respondeu. — Pode, mas vá a caráter. Hoje é noite medieval. E diga para sua namorada que dentro daquele quarto ela não é uma mulher da lei. Ela não pode interferir em nenhuma ação.
— A Ema não pode exercer a função no momento, nem mesmo que quisesse. E sim, estamos de acordo, sem interferências. – ofereci a mão.
— Combinado. – Mariana apertou minha mão. — Agora posso ir?
— Claro, mas leve seu cafezinho. – ofereci o copo restante na bandeja.
— Não se atrasem, tenho um cronograma a seguir. Querem jantar conosco?
— Pode ser. – sorri.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora