Capítulo CXXXVII

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Ao chegar em casa, subi para o quarto e notei a ausência de Sarah. Dirigi-me ao closet, onde retirei meu coldre e guardei minha pistola em uma das gavetas. Foi então que avistei a porta do quarto secreto entreaberta. Caminhei até lá e a empurrei suavemente, encontrando Sarah arrumando os lençóis da cama. Ela usava uma camisa azul de seda, curta e de alças finas, seu cabelo estava preso em um coque com alguns fios escapando.


- Oi. - murmurei baixinho. Sarah olhou para mim imediatamente, parecendo um pouco surpresa.


- São quase 9 da noite, Ema. Eu já estava preocupada com você.


- Isso é saudade? - dei alguns passos em sua direção.


- Não... É saudade e chateação juntas. Você podia chegar um pouquinho mais cedo, né? Eu estou há horas te esperando. Comi sozinha e já estava achando que dormiria só também. Onde estava?


- Estou aqui. Isso é o que importa. - pus as mãos em sua cintura e beijei seu ombro. - Me desculpe, tá? Eu estava escalada para ficar 12 horas, amor. Por isso demorei um pouquinho para voltar para casa.


Sarah segurou meu rosto e me encarou, semicerrando os olhos.


- Você aprontou.


- Quê? - indaguei confusa. - Eu não fiz nada de errado.


- Ema, você me chamou de amor. Você nunca me chama assim. - disse ela, afastando-se de mim. - Não precisa me contar o que fez de errado, mas saiba que eu sei quando mente ou quando omite algo de mim.


- Ok, Sarah. - respirei fundo. - Eu fui até a boate de novo, eu precisava saber como o Nick estava.


- Está vendo? Omitiu algo de mim. - Sarah bufou. - Eu nunca minto ou omito nada de você, mas você não faz o mesmo.


- Desculpe, eu só não queria te preocupar. - me aproximei novamente.


- Você precisa me dizer sempre a verdade, entende? Não importa se irei gostar dela ou não. Relacionamentos precisam ser baseados na confiança, sabia? O que vou achar se você começar a esconder coisas de mim?


- Ei, para com isso. - pus as mãos sobre os ombros de Sarah. - Eu realmente sinto muito. Me perdoe. - olhei em seus olhos.


- Não faz essa cara de cachorro que caiu da mudança. - Sarah resmungou, mas cedeu, abraçando-me. - Sua amiga stripper deve ter gostado de te rever.


- Eu tenho uma amiga stripper? -franzi a testa.


- Você a viu ou não?


- Eu vi dois brutamontes na entrada da boate. Não entrei, e não devo ter ficado lá por mais de 5 minutos. Eu só queria ver o Nick. Estava preocupada com ele.


- O viu?


- Não, me disseram que ele não trabalha mais lá. - respondi.


- Pretende voltar lá novamente? - Sarah me encarava, séria.


- Sarah... sentei na cama. - Senta aqui, preciso conversar com você sobre algo que está me tirando a atenção.


Sarah sentou ao meu lado, cruzando as pernas e apoiando as mãos sobre os joelhos.


- Diga, Ema.


- É sobre o seu pai. A índole dele é duvidosa. E... Bem, eu acho que ele está envolvido em um esquema de exploração de mulheres.


- O que disse? - Sarah sorriu nervosamente e negou com a cabeça. - Eu sei que o meu pai não é um santo, mas explorar mulheres? Ema, a minha mãe praticamente largou a profissão de contadora para se dedicar integralmente ao ativismo social. Ela protege mulheres vítimas de agressão. Você acha que ela estaria casada com um homem que explora mulheres?


- Talvez ela não saiba disso, Sarah. O seu pai mandou matar o Alfredo, e não foi responsabilizado por isso. Ele já deve ter cometido inúmeros crimes. - argumentei.


- Ema, você teve o seu cargo de volta. E agora podemos construir uma vida comigo. Isso não é o suficiente pra você? Realmente deseja colocar tudo a perder? Sabe o que meu pai fará com você se você acusá-lo de explorar mulheres?


- Eu não estou acusando-o, Sarah. Nem mesmo estou envolvida na investigação.


- Que investigação? - Sarah se levantou abruptamente. - Por Deus, Ema! Você quer acabar como o Alfredo? - ela indagou chateada. - Você está obcecada pelo meu pai. Que droga! Eu só quero viver em paz. - ela foi às lágrimas.


- Está bem. Eu vou esquecer o assunto. - levantei-me, tomando Sarah em meus braços. - Não chore, por favor.


- Eu não posso te perder, Ema. Seria insuportável. Eu faria uma loucura, sabia? Até acabar na cadeia ou morta. Porque se meu pai machucasse você, eu não hesitaria em me vingar. Por favor, se não quer destruir nosso futuro, pare de perseguir meu pai. Ele só nos deixará em paz se não representarmos uma ameaça para ele. Do contrário, ele vai retaliar. Entendeu? Se você se envolver em qualquer investigação contra ele, saiba que isso acabaria conosco. Eu não suportaria vê-la se machucar.


- Eu entendi, Sarah. Como eu disse, não estou investigando seu pai, mas... alguém está, e isso pode levá-lo à prisão. Apenas esteja preparada para isso.


- Ema, não seja ingênua. Eu cresci cercada por homens como meu pai. Sabe quantos deles foram presos? Nenhum. Eles se protegem.


- Eu sei, Sarah. É injusto. - respirei fundo.


- Então prometa que vai deixar isso para lá? - Sarah pediu.


- Eu prometo que vou esquecer desse assunto, está bem? Vou seguir em frente com minha vida, tentando evitar qualquer confusão.


- Você realmente fará isso? - Sarah me encarava com esperança.


- Sim, por você. - respondi.


- Isso me deixaria muito feliz, Ema. - Sarah envolveu os braços em meu pescoço e me deu um beijo nos lábios.

CONTINUA...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now