Capítulo CIV

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Eu me coloquei na entrada do closet, bloqueando o caminho de Sarah enquanto ela se preparava para sair.
— Ema, você sabe que não pode me impedir de sair. – ela me encarou com firmeza, os saltos bege elevavam-na ligeiramente. Sua calça jeans, adornada por um cinto preto, combinava perfeitamente com sua camisa social azul, elegantemente enfiada na calça. Uma bolsa pendia de seu ombro esquerdo, enquanto seus cabelos escovados e a maquiagem destacavam seus lábios. 
— Sarah, o que você ganhará se entrar em conflito com seu pai? – perguntei, mantendo-me à sua frente. 
— Ema, mal são 8 da manhã, e meu pai se deu ao trabalho de nos vigiar. Quem sabe há quanto tempo ele está nos observando. Eu não vou permitir que isso continue. 
— Você está agindo impulsivamente... 
— Não, Ema, não é impulsividade. Estou fervendo por dentro como um vulcão. – Sarah encontrou uma abertura e passou por mim, mas logo a segurei pelo punho. 
— Por favor, não. Posso suportar o que meu pai faz comigo, mas não vou me perdoar se ele te prejudicar por minha causa. – insisti. 
— Ema, me solte. Tenho o direito de estar insatisfeita com as ações do meu pai. Ele me arrastou para essa rede de mentiras. Eu defendi o cara que matou seu colega de trabalho. Submeti-me às manipulações dele por covardia, mas agora... – Sarah respirou fundo. — Chega, as pessoas precisam conhecer o verdadeiro Júlio Vélaz. 
— Sarah, não tome atitudes das quais possa se arrepender. – a soltei.
— Sarah, não tome atitudes das quais possa se arrepender. – a soltei.
Sarah deixou o quarto com passos firmes, e eu suspirei profundamente, preocupada com a possibilidade de ela se meter em problemas.
Desci as escadas logo após Sarah, testemunhando a chegada de Nicolas. 
— O que aconteceu com Sarah? Ela parece bastante irritada. – ele perguntou, confuso. 
— Você pode me emprestar seu carro? – pedi, me aproximando de Nicolas. 
— Claro. – Nicolas tirou a chave do carro do bolso da calça. — Você pode abastecer? Acabei esquecendo. 
— Claro. – peguei a chave dele e saí apressadamente pela porta, enquanto o carro de Sarah já saía da garagem.
Deixei o condomínio logo depois de Sarah e a segui até que o ponteiro do carro indicasse que o tanque estava na reserva. Bati no volante com frustração, sentindo-me irritada.
Enquanto seguia em direção ao posto de gasolina mais próximo, minha mente estava tumultuada com preocupações sobre os possíveis planos de Sarah. Tentei ligar para ela repetidas vezes, porém todas as chamadas foram direcionadas para a caixa postal, agravando ainda mais minha apreensão.
Depois de abastecer o carro de Nicolas, retornei para casa, tentando encontrar alguma pista sobre os próximos passos de Sarah. Ao entrar, vi Nicolas na sala, com uma expressão preocupada.
— O que aconteceu com Sarah? – perguntou ele, curioso. 
— O pai dela apareceu aqui no condomínio e me confrontou na pista de caminhada. – respondi. 
— Caramba, Ema. Ele não desiste, né? Você deveria denunciá-lo. 
— Ah, claro. Tenho certeza de que vão prendê-lo por me perseguir, não é? – sentei-me no sofá. — O pai da Sarah tem muitos contatos importantes. Não há nada que eu possa fazer, Nick. Ele está determinado a me culpar por algo que não fiz. 
— Você não machucou ninguém. – Nicolas tocou meu ombro. — Mas o cara é perigoso, pode tentar te apagar, assim como fez com o seu antigo colega de trabalho. Será que ele vai me matar também? Ema, eu nem conhecia o primo da Sarah. E sou jovem demais para morrer. 
— Nick, por favor, se acalme! Estou quase perdendo a cabeça. – bufei, sentindo a pressão da situação. 
— Desculpe. – ele murmurou. 
— Desculpe também, é só que... Estou preocupada com a Sarah. Ela não deveria ter se colocado entre mim e o pai dela. Isso só vai deixá-lo mais furioso. – confessei minha inquietação. 
— Olhe pelo lado positivo, pelo menos vocês vão morrer juntas. 
— Esse é o lado positivo? Obrigada pela perspectiva tão reconfortante. – estalei a língua, sarcasticamente.

Continua...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora