Capítulo XXVII

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Sarah me deu carona até em casa. Ao pararmos, retirei o cinto e olhei para ela.
- Obrigada. Não queria te dar trabalho. - sorri sem jeito.
- Não deu trabalho. - Sarah soltou o cinto e se inclinou na minha direção, beijou minha bochecha e afastou o rosto devagar. - Me liga se conseguir autorização para o acampamento, tá? Eu vou passar no escritório, mas até às 10 horas estarei livre.
- Tá, eu te aviso. - abri a porta do carro.
- Ema, tem algo diferente entre nós?
- Não. - olhei para Sarah. - Foi uma noite ruim, vou ficar bem. - desci do carro. - Até mais. - fechei a porta. Avancei em direção à entrada da minha casa e ouvi o barulho da porta do carro de Sarah abrindo. Olhei para trás e a vi dando a volta pela frente do automóvel. Seus passos pareciam decididos.
- Ema, mudança de plano.
- Você não precisa ir para o escritório?
- Que se exploda o escritório e todo o resto. - Sarah me alcançou. E antes que eu pudesse proferir qualquer palavra, fui pressionada contra a porta. Nossos lábios se uniram em um beijo intenso. Retirei a chave do bolso da calça e tentei enfiá-la na porta, errando algumas vezes. Quando consegui abrir a porta, abracei Sarah e puxei-a para dentro da sala. Seu blazer ficou pelo caminho. Me livrei da minha blusa, enquanto Sarah desabotoava a camisa. Apertei-a contra a parede, beijando-a com intensidade. O toque parecia insuficiente, desejávamos mais. Sarah se livrou da camisa e, por fim, da saia, exibindo sua lingerie rosa. Seus saltos pretos permaneceram. Abri minha calça e retirei-a sem interromper o beijo. Meus sapatos e meias ficaram pelo corredor. Eu podia assumir que minha roupa íntima não era sexy: um top preto de alças finas e uma calcinha de mesma cor que se assemelha a uma cueca boxer. No entanto, Sarah permaneceu com a mesma determinação que a fez sair do carro.
Entramos no meu quarto, deixando a porta aberta, e fomos para a cama. Deitamos de forma que Sarah ficou por baixo. Meus braços estavam envoltos no corpo dela, e nossos rostos próximos. Eu podia sentir a respiração dela ficando mais densa. As mãos dela subiram para o meu rosto, alisando-o, e seus olhos me encaravam com admiração.
- O que está passando na sua cabeça? - perguntei.
- Como passei tanto tempo sem você. - Sarah sorriu para mim.
- Você estava conhecendo outras pessoas. - respondi.
- Ema, eu estive pensando, e... Seria cedo demais para te pedir em namoro? - Sarah continuava me olhando.
- Não sei... - apoiei as mãos na cama e levantei meu tronco. - Meu término foi complicado. Ainda existem feridas abertas, e não sei quando elas irão cicatrizar. Entende?
- Não gosta de mim?
- Gosto. - sentei sobre meus calcanhares. - Você está ciente que posso estar desempregada? O que vou te oferecer?
- Não ligo. - Sarah sentou à minha frente e levou a mão direita para minha nuca. - Você tem muito a me oferecer. Você é íntegra. E me sinto segura nos seus braços. E tem essa boquinha gostosa. - olhou para os meus lábios. - Bom, não só a boca. Eu poderia passar a manhã toda enumerando as suas qualidades.
- Sarah, não sei se consigo ser como a Mariana. Eu não quero impor a minha vontade sobre a sua. Eu não vou me sentir bem te encoleirando e te ouvindo latir. Nem batendo em você. Eu acho que não sou o tipo de namorada que você quer ter. - suspirei.
- Ei, claro é. - Sarah tocou meu queixo. - Não vou exigir que faça nada que não se sinta à vontade. Sei que precisa aprender muitas coisas ainda, mas isso não importa no momento. Eu gosto de estar com você. E terei a paciência de te ensinar. Basta você querer.
- Você tem certeza disso? Há poucos dias você estava se relacionando com outra pessoa. - comentei.
- Não era um relacionamento amoroso. Era apenas sexo. - disse Sarah. - Eu quero te apresentar para os meus pais. Quero usar um pijama cafona combinando com o seu. Quero uma foto nossa no parque para pôr na minha mesa de cabeceira. Quero te encontrar depois de um dia cansativo no tribunal. Pode dar certo, Ema. As pessoas são diferentes, não sou como sua ex, assim como você não é como a Norman.
- Tem razão, pode dar certo. - respondi.
- Isso é um sim? - Sarah me olhava esperançosa.
- Sim.
- Eu vou te dar uma bela aliança de compromisso. - Sarah me abraçou.
- O pijama combinando era brincadeira, não era? - provoquei.
- Não, quanto você veste? - Sarah afastou o corpo. - Vamos fazer todas as cafonices de um casal.
- A sua amiga, a Mari, vai aprovar nossa relação? Sinto que ela está me analisando o tempo todo.
- Não ligue. Pense nela como minha irmã mais velha. Ela só está tentando me proteger, mas é inofensiva.
- Inofensiva? Eu não diria isso dela.
- Ainda está chocada com a chegada dela? - Sarah sorria.
- Ela arrombou a porta da sua casa. Isso é um pouco drástico, não acha?
- Ela quis me fazer uma surpresa. - Sarah respondeu.
- Você disse que ela e a namorada têm relacionamento aberto. O nosso relacionamento será assim?
- Sem chance. Sou bem ciumenta, Srta. Ema. Nem pense em sair por aí olhando para outras mulheres.
- Mas... Bem, você me convidou para ver suas amigas fazendo sexo. - falei, confusa.
- É diferente, pense nisso como uma aula. Você está aprendendo algo novo, e a Mari e a Dani podem te ajudar a entender um pouco mais da dinâmica de um relacionamento entre uma submissa e uma dominadora. Por isso, não me importo que veja elas em momentos íntimos.
- Foi uma aula muito intensa. - sorri.
- Gostou?
- Foi um pouco estranho.
- Eu poderia ter uma daquelas coleiras com seu nome. - Sarah se apoiou nos meus ombros e sentou sobre minhas pernas. - Adoraria ser a sua cadela.
- Eu teria que te levar ao pet shop? - brinquei. Sarah riu.
- Não, mas poderia me foder.
- Isso não seria zoofilia? - franzi a testa. Sarah gargalhou.
- Você é uma gracinha. - me deu um selinho.

Continua...

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DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now