Capítulo LXXXII

455 53 6
                                    

Após o lanche, dirigimo-nos ao parquinho. Vanessa estava encantada com os brinquedos, correndo pela grama enquanto abraçava seu urso de pelúcia. Sarah observava com um sorriso terno no rosto, enquanto outras crianças se divertiam sob o olhar atento dos adultos. O ambiente irradiava aconchego, com risos infantis e o burburinho das conversas preenchendo o ar.
Durante os dias comuns, Sarah ostentava um estilo formal, deslizando com saltos elegantes e terninhos bem ajustados. No entanto, nos fins de semana, sua aparência adotava uma vibe mais jovial, optando por calças jeans ou de tecido leve, combinadas com blusas de alças, ocasionalmente complementadas por cardigans. Seus pés encontravam descanso no aconchego dos tênis. Seus cabelos exibiam uma descontração, mas ainda mantinham sua beleza intrínseca. Livre de maquiagem, seu sorriso era o bastante para iluminar seu rosto.
Apoiei meu braço esquerdo sobre os ombros de Sarah e suavemente beijei sua testa, encontrando seu olhar caloroso. Seu braço direito envolveu meu tronco enquanto sua mão descansava delicadamente em meu quadril.
— Ela é uma garotinha adorável. – disse Sarah.
— Sim. – concordei.
— Um dia teremos a nossa, não é? – Sarah tocou meu queixo com a mão livre. — Dois, tá? Preciso de um bebê com o seu rostinho. E talvez adotemos outro.
— No momento certo, falaremos disso. – respondi, olhando para Sarah.
— Você é escorregadia, Ema Campos.
— Sou apenas sensata, Srta. Sarah Rodrigues. – retruquei com um tom brincalhão.
— Você é uma estraga prazer. – Sarah resmungou.
— Se planejamos passar muitos anos juntas, teremos tempo suficiente para casar e ter filhos. – argumentei.
— Eu quero passar a vida toda com você. – Sarah disse, apoiando a lateral da cabeça na curva entre meu pescoço e ombro, enquanto observava Vanessa brincar no escorregador.
— Melhor ficarmos mais perto da Vanessa. – sugeri.
— Ela é uma lindinha, parece com a mãe, não é? – Sarah indagou.
— Hm. – murmurei, estreitando os olhos. — Prefiro não comentar sobre a mãe. A Vanessa é uma criança bonita, mas não quero opinar sobre a mãe.
— Eu sei que você achou ela bonita. De fato, é linda. E pareceu muito simpática. Só fiquei um pouco desconfortável com a ideia de você assistir à sua apresentação na boate, mas não vou me opor.
— Seria trabalho. E, além disso, os seguranças da boate não ficam assistindo as apresentações. – retruquei. — E mesmo que fosse possível assistir, meu foco seria garantir a segurança das profissionais, não me entreter.
— Você é convincente, Sra. Policial. – Sarah sorriu para mim, aproximando-se do meu ouvido para sussurrar. — Posso fazer um show particular para você.
Sorri desconcertada, e Sarah riu.
— Eu... vou empurrar a Vanessa no balanço. – disse, afastando-me de Sarah, ainda podendo ouvir seu riso.
Vanessa percorria o parquinho com um sorriso travesso adornando seu rosto, desbravando cada canto dos brinquedos enquanto interagia com os outros pequenos presentes no local. Aproximei-me do balanço e chamei por ela.
— Vanessa, venha cá. Vou te empurrar. – convidei. Ela prontamente correu em direção ao balanço, acomodando-se na cadeira. Agachei-me ao seu lado e apontei para Sarah, que se aproximava.
— Acho que o Maurício quer ficar um tempinho no colo da tia Sarah. Deixa ela segurá-lo? – sugeri. Vanessa estendeu os braços, oferecendo o urso de pelúcia para Sarah.
— Obrigada. – respondeu Sarah, aceitando o urso com um sorriso. — Eu vou cuidar muito bem dele. – assegurou, segurando o urso perto do peito. Levantei-me e fui para trás do balanço.
— Querida, segure firme na cadeira. – pedi a Vanessa. Ela prontamente obedeceu. Puxei suavemente as correntes que sustentavam a cadeira para trás e soltei. A cadeira começou a se mover para frente. Dei alguns passos para trás e empurrei a cadeira novamente, com cuidado para não aplicar muita força. Vanessa balançava para frente e para trás, soltando gritos de felicidade a cada impulso. Sarah observava-a atentamente, sorrindo. Ela até arriscou agitar o braço direito do urso, acenando para Vanessa.
A tarde passou rápida no parquinho, enquanto compartilhávamos risadas e nos envolvíamos em conversas inusitadas sobre borboletas e minhocas. O sol começou a se pôr lentamente, pintando o céu com tons de laranja e rosa, criando um cenário deslumbrante para encerrar nosso dia de diversão.
À medida que nos afastávamos do parquinho, levávamos conosco lembranças inesquecíveis da tarde divertida com Vanessa. Sua energia inesgotável era palpável, enquanto ela saltitava pela rua, preenchendo-me com a sensação de dever cumprido.
Quando chegamos à casa de Sarah, deixamos Vanessa na sala por alguns instantes. Enquanto eu fui pegar água para ela, Sarah subiu para preparar um banho quente para a pequena. No entanto, Vanessa tinha outros planos e acabou adormecendo no sofá, abraçada ao seu urso de pelúcia. Sua calça estava impregnada de terra nos joelhos, e sua blusa suja na altura do abdômen.
Sentei-me no braço do sofá, segurando o copo com água, enquanto Sarah retornava falando sobre o banho.
— Eu preparei a banheira para a... – ela parou ao perceber que Vanessa dormia. — Parece que a pilha acabou. – sorriu.
— Sim. – sorri também.
— Vou levá-la para o quarto de hóspedes. – disse Sarah.
— Ela vai acordar assustada se ficar sozinha no quarto. – comentei.
— Ficamos lá até a chegada de Verônica e Nicolas. – sugeriu Sarah. Concordei com a cabeça, e assim fizemos. Sarah tirou os sapatos de Vanessa quando a colocou na cama. Quando a garotinha já estava perfeitamente acomodada, sentamos sobre o tapete, deixando as costas apoiadas na lateral da cama. Sarah segurou minha mão e apoiou a cabeça em meu ombro.
— Cansada? – indaguei baixo.
— Sim.
— Ainda quer dois filhos? É trabalho em dobro. – brinquei.
— Eu teria vários deles com você. –  respondeu Sarah. Abracei-a lateralmente e dei-lhe um selinho.
— Descansa. – falei baixo.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Место, где живут истории. Откройте их для себя