Capítulo CXLI

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(Sarah narrando)


8 dias antes...


Retornei para casa um pouco mais tarde do que o previsto, chegando pouco antes das 3 da tarde. Tirei o blazer a caminho da cozinha e pendurei-o no braço.


Ao entrar no cômodo, anunciei:


- Ema, cheguei. - mas fui recebida pelo silêncio. Observando o esfregão largado no chão, chamei por Lourdes e Ema, indagando se estavam me preparando uma surpresa. Ao me encaminhar em direção à área de serviço, deparei-me com Lourdes desacordada no chão, com uma faca de cozinha cravada em seu abdômen. Horrorizada, deixei meu blazer cair e levei as mãos ao rosto. Recuei, tirando o celular do bolso da calça e disquei o número da emergência enquanto saía da cozinha. Eu precisava saber se Ema estava bem. Apesar de nervosa, consegui passar meu endereço para a atendente do SAMU.


Percorri o corredor até meu quarto, com os nervos à flor da pele. Se Ema estivesse esfaqueada como Lourdes, eu não iria suportar. Abri a porta do meu quarto e gritei por Ema, mas não obtive resposta. Vasculhei o banheiro e, por fim, o closet, onde encontrei gotas de sangue no piso. Cai de joelhos, com as mãos no chão, e comecei a chorar.


- Não, não, não... Ele não foi capaz disso. - murmurei, sentindo um ódio crescente dentro de mim. Aguardei a chegada da ambulância, incapaz de tirar Ema dos meus pensamentos. Precisei acompanhar Lourdes até o hospital e, após conseguir contato com uma amiga dela, finalmente pude deixar o hospital. Dirigi tão enfurecida até a casa dos meus pais, e ignorei a governanta ao entrar na residência, mesmo sabendo que ela me seguraria para onde quer que eu fosse.


Entrei no escritório do meu pai e encontrei o local vazio.


- Srta. Sarah, seu pai saiu há bastante tempo. - informou a governanta.


- Para onde? - perguntei, virando-me na direção dela.


- Não sei, ele não me disse para onde iria.


- Onde está minha mãe?


- Na ONG, organizando um evento para arrecadar fundos.


- Diga ao meu pai que, se ele machucou a Ema, vou acabar com dele. Ele nem ao menos conseguirá uma vaga como síndico de prédio. - declarei, dando passos duros em direção à saída.


Fui para a delegacia e notifiquei o desaparecimento de Ema. A delegada me recebeu, e para minha surpresa, ela conhecia Ema.


- Já tentou ligar para ela? - perguntou a delegada.


- Senhora, o celular da Ema está abarrotado de ligações e mensagens minhas. - respondi.


- Sente-se. - pediu a delegada. - A Ema tem amigos ou parentes na cidade? Talvez tenha ido visitá-los. Você deve estar se precipitando.


- Não quero desacatá-la, mas encontrei minha funcionária esfaqueada na área de serviço da minha casa, e havia sangue no chão do meu closet. Será que a senhora pode fazer seu trabalho? Mande a perícia para minha casa e organize uma equipe de busca pela Ema. Revire essa cidade e encontre a Ema. - falei com chateação.


- Se acalme. Uma viatura vai até sua casa. Vamos investigar a tentativa de homicídio da sua funcionária. Precisamos descartar a Ema como suspeita do crime. - disse a delegada.


- Suspeita? Não. A Ema nunca machucaria a Lourdes. Pode assistir aos vídeos das câmeras. Tenho certeza absoluta de que mostrarão que outra pessoa esfaqueou a Lourdes e raptou a Ema.


- Me deixe fazer meu trabalho.


- Você não vai ajudar a Ema. - falei baixo, percebendo que a delegada parecia ignorar a gravidade da situação. - O que meu pai te deu? Foi dinheiro? Ou foi o seu cargo? Você está aí sentada, ignorando que a Ema sumiu. Você a conheceu, como pode ser tão fria?


- Peço que pare antes que precise esfriar a cabeça em uma cela.


- Vou procurar a mídia, talvez assim você comece a fazer seu trabalho. - ameacei, antes de sair da sala.

CONTINUA...


DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora