Capítulo LVII

576 56 9
                                    

Liberei o cinto com pressa e saí do carro. Uma viatura estava estacionada em frente à casa de Ema. Avancei em direção à entrada do imóvel, enquanto Mariana e Daniele ainda desciam do meu carro. Ao entrar na sala, deparei-me com um policial de pé, próximo à mesa de centro, observando atentamente o sangue que tingia os estilhaços de vidro.
— Por que está aqui sozinho? Quem o enviou? – questionei.
— Quem é você? – o policial perguntou, avançando em minha direção. — Precisa sair, senão vai contaminar o local.
— Esta casa ainda pertence a Ema, e você não pode entrar aqui sem a presença dela. – mantive-me na sala.
— Alguém da vizinhança ligou para a delegacia dizendo ter ouvido um barulho parecido com um tiro vindo desta residência. Eu vim averiguar o ocorrido. Quando cheguei, encontrei a porta destrancada, por isso entrei.
— Achou o revólver? – perguntei desconfiada das intenções do policial. Certamente, ele estava ali a mando do pai de Norman.
— Não.
— Isso é no mínimo estranho, porque Norman entrou aqui armada. – comentei.
— A senhorita não deveria fazer acusações sem provas. – disse o policial.
— O prefeito te enviou para cá, não foi? Diga a ele que é melhor Norman assumir o que fez, senão...
— Você está ameaçando a filha do prefeito? – o policial me olhava sério. — Posso te prender por isso.
— Sarah, não diga mais nenhuma palavra. – Mariana entrou na sala. — Venha comigo.
— Este cretino está armando para prejudicar Ema. Não vê isso? – insisti.
— Eu já te mandei ficar calada. – Mariana disse com firmeza.
— Melhor tirar sua amiga daqui antes que ela acabe em uma cela. – o policial sugeriu. Mariana começou a rir debochadamente.
— Você estaria tão encrencado se pusesse as mãos nela.
— Mari, não ouse mencionar o nome do meu pai. Não se esqueça que é culpa dele a Ema estar nessa droga de cidade. – falei com chateação. — Eu vou resolver esse problema sozinha. – retirei um cartão do bolso traseiro da calça e ofereci para o policial. — Entregue isso para o delegado, diga que qualquer problema que ele ache que a Ema tem, deve ser tratado comigo.
O policial recebeu o cartão e conferiu meus dados.
— É advogada da Ema? – ele esboçou um pequeno sorriso. — Eu deveria ter adivinhado isso, você é muito petulante, garota.
— Se eu fosse você, daria um jeito de fazer o revólver da Norman aparecer. Senão, vou te acusar de obstrução de justiça, Sr. Palhares – li o nome bordado na farda dele.
— Vamos, Sarah, não vale a pena perder tempo com esse policial. Ele é só um fantoche. – disse Mariana.
— Espere, você é a mesma Sarah que foi encontrada presa na cama de um quarto do Oásis? Parece muito pomposa agora, mas não conseguiu nem proteger a si mesma. A Ema não escolheu uma boa advogada. – disse Palhares com desdém.
— Faça o seguinte, Sr. Policial Engraçadinho, pergunte ao prefeito se ele me prefere de boca aberta ou de boca fechada. Esta advogada ruim aqui pode arruinar a carreira dele dando uma entrevista para uma emissora de TV. Com certeza os jornalistas vão rodear a casa do seu prefeitinho como abutres. – sorri. — Agora, me dê licença.
Mariana e eu fomos até meu carro. Daniele já estava dentro dele.
— Você pintou um alvo bem grande na sua testa, Sarah. Espero que a Ema valha a pena. – Mariana ocupou o banco do passageiro.
— Se alguém tem um alvo na testa, é a Norman. Juro que mato ela com minhas próprias mãos, se ela encostar na Ema de novo. – pus o cinto de segurança. — Vamos sair dessa droga de cidade. Estou com saudade da minha casa.
— Alguém como você não deveria namorar uma policial. Ela mesma pode te enfiar na cadeia, sabia? – Mariana indagou.
— Contanto que ela me faça visitas íntimas, está tudo bem. – respondi, dando partida no carro.
 
Continua...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora