Capítulo LXIV

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Às 8 horas da noite, saí do closet e, com um gesto brincalhão, abri minha jaqueta de couro preto, dando uma volta sobre meus tornozelos. Um sorriso iluminava meu rosto, enquanto Sarah, erguendo-se da cadeira da penteadeira, fitava-me com uma expressão genuína de surpresa.
- Uau... Eu sabia que essa roupa ficaria perfeita em você, mas confesso que estou estonteada com tanta beleza. - elogiou ela com exagero.
- Não seja boba. - murmurei, me aproximando de Sarah. Minha jaqueta envolvia-me, revelando sutilmente minha blusa de gola triangular, destacando delicadamente meu colo. Vestia também uma calça jeans de tom escuro, complementada por um par de ankle boots de couro, adornadas com um salto quadrado e um zíper lateral no cano. Minha maquiagem era minimalista, consistindo apenas em um leve corretivo e um batom para realçar suavemente meus lábios. Meu cabelo havia sido recentemente secado, caindo sobre meus ombros.
- Queria cancelar o jantar e ficar aqui te admirando. - Sarah apoiou os braços sobre meus ombros. Vestia um elegante vestido azul de alças finas e decote arredondado, que realçava sua silhueta graciosa. Seus brincos com pedras pretas e um colar similar adicionavam um toque de sofisticação ao seu colo. O vestido descia com graciosidade até um palmo acima dos joelhos. Ela se equilibrava sobre sandálias de saltos finos, conferindo-lhe uma postura elegante. Sua maquiagem era leve, destacando o verde profundo de seus olhos e seus lábios macios.
Envolvi os braços no corpo de Sarah, deixando minhas mãos na curvatura que antecedia suas nádegas.
- Não vamos deixar seus colegas esperando, não é? Comemos e voltamos para casa. Ainda poderemos aproveitar parte da noite sozinhas.
- Vai me tirar do castigo? - Sarah sorriu.
- Estou pensando nessa possibilidade. - pisquei para Sarah.
- Por favor, Ema.
- Talvez. - soltei Sarah. - Vai levar uma bolsa?
- Sim. Já preparei ela.
Navegando pelas ruas no carro de Sarah, entreguei as chaves ao manobrista ao chegarmos ao restaurante. Sarah graciosamente posicionou-se ao meu lado, nossas mãos entrelaçadas enquanto atravessávamos a entrada do estabelecimento. A hostess, com um sorriso caloroso, nos guiou até a mesa, onde Mariana e um homem aguardavam.
- Eu tinha esperança de você não vir, assim, não teria que suportar você depois do expediente. - Mariana disse ao ver Sarah se aproximar dela.
- Eu vim exibir a Ema. - Sarah brincou, envolvendo Mariana em um abraço descontraído na altura dos ombros.
- Olá, Srta. Policial, tudo bem? - Mariana dirigiu seu olhar para mim.
- Sim, e com você? - ofereci minha mão para cumprimentá-la.
- Ótima. Pus o sexo em dia. E tenho dormido com o barulho do trânsito caótico. - Mariana apertou minha mão com uma risada leve.
- Como está Daniele?
- Bem.
- Ema, este é o Marcus. Ele é advogado. Vocês vão se dar bem. Ele foi militar. - Sarah apresentou Marcus com um sorriso.
- Prazer. - Marcus se ergueu, estendendo a mão para cumprimentar-me com cordialidade. Vestia um traje semiformal, que consistia em uma camisa branca de botões, combinada com uma gravata preta e uma calça social cinza que realçava sua figura esguia. Sua estatura alta e magra conferia-lhe uma presença marcante. O cabelo curto e a barba bem cuidada acrescentavam um toque de autoridade à sua aparência.
- Prazer, Ema Campos. - apertei a mão de Marcus.
- Tenho ouvido seu nome pelos corredores do escritório. E finalmente pude te conhecer. Então, é policial? - ele perguntou.
- É... Fui. - respondi.
- E voltará a ser em breve. Essa cidade merece uma policial tão boa quanto a Ema. - Sarah afirmou.
- Literalmente, vocês são o casal prende e solta. - Marcus disse em tom de brincadeira.
- É bom que essa advogada não atravesse o meu caminho. - olhei para Sarah, com um sorriso no rosto.
- Já atravessei. E não vou te deixar escapar. - Sarah enroscou o braço no meu.
- Cuidado, Ema. Quando menos esperar, vai estar a caminho do altar. É bom por limites nessa cabeça de vento. - aconselhou Mariana.
- Eu já caí nesse golpe. - Marcus mostrou a aliança dourada. - Uma linda paramédica. Fui atropelado. E enquanto estava atordoado no chão, a Lara chegou na ambulância. Me imobilizou e disse para que eu não tentasse me mexer. Fui o caminho até o hospital olhando para ela. Me apaixonei. Demorei duas semanas para conseguir encontrá-la no Facebook. Agradeci o atendimento e a convidei para um drink. Ela me enrolou por quase um mês, e quando finalmente saímos juntos, casamos dois meses depois.
- Dois meses? Caraca! - sorri.
- Já se passaram dez anos. Temos um filho chamado Gustavo. Ele tem 7 anos. É muito bonito, puxou a mãe. - Marcus riu.
- Que legal. - observei Marcus se acomodar.
- Ema, podemos pedir um drink. Falta uma pessoa chegar. - sugeriu Sarah, apontando delicadamente para a cadeira vazia à minha frente.
- Eu vou ficar apenas na água. Vou garantir que você chegue em casa com segurança. - avisei, sorrindo para Sarah.
- Então, nós duas brindaremos com água. - Sarah sorriu de volta para mim.
- Preciso confessar que há um bom tempo eu não durmo tão tranquila. Saber que Sarah está em boas mãos me tranquiliza. Antes, eu me perguntava quem me acordaria no meio da madrugada, um médico ou um policial? - disse Mariana.
- Mari, não seja exagerada. Eu não me meto em confusões. - Sarah se defendeu. Mariana deu um gole na taça de vinho à sua frente e desafiou Sarah, erguendo uma sobrancelha:
- Conte para Marcus como conheceu a Ema.
- É, eu me meti em uma furada, mas isso já é passado. - disse Sarah, sendo econômica nas palavras.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now