Capítulo LXXIV

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O jantar transcorreu tranquilamente, embora eu tenha notado Sarah mais quieta do que o habitual. Mariana, Daniele e Angelina preenchiam o silêncio com conversas animadas.
— Você se lembra daquela vez que ficou com aquela garota, Jennifer? – perguntou Mariana para Angelina. — Dezenove anos, Lina? A garota mal tinha saído das fraldas.
— Ela era mais voluptuosa que eu. – riu Angelina.
Inclinei-me levemente na direção de Sarah e perguntei em seu ouvido:
— Você está se sentindo bem?
— Sim, amor. – respondeu Sarah, exibindo um pequeno sorriso.
— Sarah, também é um poço de volúpia. Isso é um pré-requisito para as novas submissas? – perguntou Angelina, deixando-me intrigada. Minha dúvida foi respondida sem palavras; bastou ouvir Sarah respirar profundamente para perceber que a pergunta de Angelina tinha tocado em um assunto delicado.
— Vocês duas já ficaram juntas? – perguntei buscando a confirmação.
— Sim, ela não te contou? – respondeu Angelina, buscando o olhar de Sarah, parecendo surpresa com a omissão.
— Acho que ela não teve tempo para falar disso comigo. – observei Sarah, que parecia desconfortável.
— Desculpa, amor. Não achei que encontraríamos a Lina fora do clube. – disse Sarah. — Eu ia contar, nós ficamos algumas vezes. Não fomos namoradas.
— Sarah é muito escorregadia. – disse Angelina, sorrindo. — Fico muito feliz em ver que finalmente alguém conquistou seu coração. Sarah é uma excelente pessoa, merece ser feliz ao lado de alguém que a complete. E vocês formam um lindo casal. Espero que seja um relacionamento duradouro.
— Será. – disse Sarah. — Amo a Ema com todo o meu coração. – ela disse olhando para mim. — Lamento não ter falado sobre a Lina antes, nós ficamos antes de Norman surgir na minha vida.
— Não fale o nome do anticristo dentro da minha casa, isso atrai más energias. – exagerou Mariana. Daniele riu.
— Nossa visita a Sarah, em Santa Mônica, foi caótica. Uns garotos tentaram nos filmar dentro de uma barraca de camping, acredita? Mas isso não foi o pior acontecimento, a Norman tentou atirar na Ema. – relatou Daniele, com uma expressão de incredulidade em sua voz.
— Que horror. – disse Angelina, chocada. — O que você foi fazer naquele fim de semana, Sarah? Achei que você tivesse enlouquecido quando soube da sua partida.
— Eu tinha bom motivo. E cá estou com a mulher da minha vida. – respondeu Sarah. — Eu iria do céu ao inferno pela Ema.
— Awwn, isso foi fofo. – murmurou Daniele.
— E brega. – completou Mariana. — Ema desperta o que há de mais piegas na Sarah, é um ônus.
Sarah revirou os olhos.
— Já disse para você ir se foder hoje?
— Pretendo. – respondeu Mariana.
— Eu preciso dizer, Daniele está deslumbrante. Eu adoraria poder tocá-la. Seria uma honra. – comentou Angelina.
— Eu sei, mon bijou. Eu tenho bom gosto. – disse Mariana orgulhosa.
— Parecem felinos espreitando a presa. Eu tenho sentimentos, tá? Sejam boazinhas, meninas. Ou vão dormir sozinhas. – disse Daniele.
— Você ainda deseja namorar, Lina? Em outra situação, eu já teria colocado essa cadela de joelhos por pelo menos duas horas pela petulância, mas estou amolecida pelo meu sentimento por ela. E suporto essa rebeldia sem puni-la. – disse Mariana.
— Mas bem que eu gostaria que você me punisse... Minha senhora. – disse Daniele olhando sedenta para Mariana.
— Hm. – respondeu Mariana olhando para mim. — Ema, por mais que ache minha conduta inadequada, não interfira. Eu e Daniele temos um acordo pré-estabelecido, apenas ela pode me parar. Compreende?
— Sim. – respondi, confusa. Uma dúvida pairava em minha mente: “Por que eu iria interferir?”
Mariana desviou o olhar para Daniele.
— Cadelas se sentam à mesa? – perguntou. Daniele negou com a cabeça em resposta. Levantou-se da cadeira e ajoelhou-se ao lado de Mariana. — Isso... – Mariana desceu o prato de Daniele para o chão e retirou os talheres. — Agora coma. – Daniele inclinou-se na direção do chão. Mariana prendeu o cabelo da namorada, evitando que os fios encostassem no prato, e Daniele começou a comer sem usar as mãos, seu rosto encobria o prato em um gesto animalesco.
— Adestrou ela direitinho, Mari. – disse Angelina.
Me peguei pensando que jamais submeteria Sarah a esse tipo de humilhação, embora talvez fosse algo que ela quisesse.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora