Capítulo XIV

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Acordei ao som de saltos ecoando no piso. A intensidade da luz no ambiente incomodou meus olhos, e os cobri com uma das mãos.
— Que horas são? – perguntei, ciente de que Sarah já estava acordada.
— São quase 8 da manhã. Estou de saída, mas você pode ficar. Eu volto ao meio-dia. Pensei que pudéssemos almoçar juntas
— Hm?! – descobri meus olhos. Sarah estava próxima da cama, abotoando a camisa na região do pulso. Vestia-se elegantemente com uma camisa social branca e uma saia lápis cinza. Seu cabelo estava escovado, e a maquiagem era leve.
— Imagino que não vá me roubar. É contra a conduta de uma policial, não é? – ela arqueou uma sobrancelha, olhando para mim.
— Nem consigo pensar direito. Quando dormimos? – subi as mãos pela testa até os cabelos.
— Bem, saímos do banheiro. Deitamos na cama, trocamos beijos e carícias por um tempo, até que você me abraçou por trás e dormiu com o rosto colado no meu pescoço.
Abri mais os olhos.
— Eu fiz o quê?
— Conchinha. Parece que você me tapeou e escolheu as duas opções. – Sarah disse sorrindo.
— Desculpe. É que...
— Não peça desculpas, eu gostei. Há muito tempo não dormia assim. – Sarah se aproximou, inclinou-se e depositou um beijo em minha testa. — Tem café na cafeteira, pães, queijo na mesa. Se sirva do que quiser. Eu volto depois do expediente. Tenho videoconferências agendadas até às 11 horas, depois dou um jeito de fugir do escritório e venho almoçar com você.
— Eu posso cozinhar.
— Sério? Seria ótimo. – Sarah afastou-se, entrou por uma porta e saiu do cômodo com um blazer cinza dobrado sobre o antebraço e uma bolsa preta pendurada no ombro. — Até mais, Ema. – saíra do quarto.
— Até. Fechei os olhos novamente.

***

Eu estava à mesa, saboreando meu café da manhã, quando a campainha soou. Indecisa, questionei se deveria abrir ou ignorar. Enquanto mastigava meu sanduíche, a insistência da campainha aumentou. Respirei fundo, deixei o no prato e me dirigi à porta.
— Sarah, abre essa porta! Não pode me culpar pelo incidente no motel. Eu fiquei nervosa com a agitação das pessoas. Eu tive que ir embora. Você sabe que meu pai iria me crucificar se alguém me visse lá. – a voz ecoou. Intrigada, abri a porta. Ao avistar a pessoa, fiquei atônita. Era alguém que eu reconhecia.
— Norman. — falei, incrédula.
— Quem é você? — Norman questionou.
— Ema. — respondi. — Você é a atiradora do motel.
— Do que está falando? — Norman franziu a testa. — E o que faz na casa da Sarah?
— Ela mentiu. – respirei profundamente.
— Quem mentiu? – Norman indagou. Seus cabelos eram loiros e terminavam acima dos ombros, a maquiagem dela era carregada, destacando os olhos. Um aroma de bebida pairava ao seu redor.
— A Sarah. – respondi.
— O que ela disse? Inventou que é solteira e te trouxe aqui depois de uns drinques? Foi isso? – Norman questionou, fitando-me.
— Ela mentiu sobre você. Sabia quem você era, mas mentiu para o delegado para te proteger. – desviei o olhar, sentindo-me tola.
— Claro. Ela está magoada comigo, mas não seria burra ao ponto de me denunciar à polícia.
— É mesmo? – encarei Norman. — Acha que todos tem medo de você? O fato de você ser filha do prefeito não muda nada para mim. Já prendi pessoas mais influentes.
— Você é a policial do motel?
— Você me viu chegar? – estreitei os olhos.
— Não direi mais nada. Será sua palavra contra a minha. E acredite, meu pai pode pagar um excelente advogado.
— Não me importo. – avancei. — Vou te colocar na cadeia, custe o que custar.
— É mesmo? – Norman sorriu com sarcasmo. — Você ficou com a Sarah? Foi divertido? Eu a treinei bem, não foi?
— Saia daqui, agora. – ordenei.
— Ela vai me perdoar. Não consegue viver sem mim.
— Já disse para sair. – repeti.
— Ela é minha. E não será uma policial de quinta como você que vai tirá-la de mim. – Norman afirmou antes de deixar a sala.

Continua...

Xiii... A confusão se instaurou.
Será que Sarah é uma mentirosa?

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now