Capítulo XLIV

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Despertei dos meus devaneios ao ouvir batidas na porta. Levantei-me e caminhei até a porta, ao abri-la deparei-me com Sarah segurando uma caixa de pizza.
— Oi, amor. Eu te liguei... Umas 7 vezes e enviei algumas mensagens. Até que encontrei o Nick enquanto decidia se deveria vir até aqui ou não para saber se você estava bem. Então, o Nick me contou que vocês beberam e que você estava triste. Comprei uma pizza e resolvi arriscar bater na sua porta, mesmo que isso me faça parecer uma namorada chata e obsessiva. – disse ela.
— Entra. – abri passagem. — Eu deveria ter levado você ao médico.
— Eu estou bem, Ema, mas você parece mal. – Sarah entrou na sala.
— Estou. O Pedroso quis me obrigar a ir ao pronunciamento do William. Logo eu? Não está estampado na minha testa que detesto aquele homem e toda a prole dele? – bufei.
— Você precisa de um banho quente e de um cafuné. – Sarah colocou a pizza sobre a mesa de centro e veio em minha direção. — Banho quente comigo ou banho quente sozinha?
— Não sei se serei uma boa companhia. – respondi.
— É só o prefeito que está fazendo a sua mente ficar agitada? – Sarah tocou meu rosto. — Acho que pode desabafar comigo.
— Estou remoendo um assunto de 4 anos atrás. – respirei fundo. — Eu me culpo, Sarah. Duas pessoas morreram por minha causa. Eu fui omissa. Às vezes, acho que eu também deveria ter acabado naquele rio.
— Claro que não, Ema. – Sarah me olhava, séria. — Se me disse a verdade, você não teve culpa na morte do garoto, nem na morte do seu parceiro. As más escolhas de ambos levaram eles aos fins que tiveram.
— E por que me sinto culpada? – indaguei.
— Você não seria humana se não se questionasse sobre suas atitudes. – Sarah acariciou meu rosto. — Eu te conheço a pouco tempo, mas já pude perceber que você não é o tipo de policial que age fora da lei. Eu acredito na sua inocência. Você não queria que tudo acabasse tão mal, queria?
— Não, mas quando voltarmos para a capital, os velhos fantasmas vão me assombrar. Eu vou passar pela mesma avenida onde conheci o garoto. Vou ver o mesmo rio onde o corpo do Alfredo flutuou. – respondi.
— Você quer ficar? É só me dizer, Ema. A gente fica. Ou podemos ir para outra cidade. Me diga o que você quer fazer e farei com você. – Sarah me olhava nos olhos.
— Eu não posso me esconder disto, Sarah. Eu preciso enfrentar o meu medo. – respondi.
— Ok. Estarei com você.
— Sarah, preciso te perguntar algo.
— Pergunte.
— O que você tem contra a Norman? São apenas prints? – questionei, recordando da conversa com Pedroso.
— Sim, prefiro que você não veja. A verdade é que estou agindo contra os princípios do BDSM. Não poderia coagir a Norman usando nossas conversas íntimas para isso. O que fazíamos precisa ser mantido em sigilo. Por outro lado, se eu tiver que infringir regras para te manter segura das maluquices da Norman, eu farei. – disse Sarah.
— Isso é um “Eu te amo”, Sarah? – indaguei arriscando um pequeno sorriso.
— Não preciso de meias palavras. Eu te amo com todas as letras. – Sarah me abraçou. — Eu acredito na sua inocência, Ema. E vou te proteger contra aqueles que não acreditam em você.
— Não quero que se prejudique por minha causa. – acariciei as costas dela.
— Não vou. – Sarah depositou um beijo em meu ombro e afastou levemente o corpo. — Banho?
— Com você.

Continua...

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora