Capítulo LIII

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Ao regressar para casa, deparo-me com Nicolas sentado no degrau da escada. Ele se levanta, vestindo uma camiseta verde, calça jeans e sapatos marrons.
— Ema, por que não atendeu nenhuma das minhas chamadas?
— Deixei o celular carregando no meu quarto. Dormi na casa da Sarah. – respondi.
— Estão juntas de novo?
— Não terminamos, apenas tivemos um desentendimento. – abri a porta da sala. — Vai entrar?
— Tem café com leite?
— Tenho uma cafeteira, pode usá-la. – entrei em casa.
— Faz para mim. Seu café é o melhor. – ele me seguiu.
— Sabe qual o segredo? A quantidade de pó de café. Você põe tão pouco que parece que tem alergia à cafeína, seu café parece um chá. – andei em direção à cozinha.
— Como foi com a Sarah?
— Bem, vamos até uma imobiliária daqui a pouco para colocarmos nossas casas à venda.
— O que vai fazer com o dinheiro?
— Comprarei uma moto e guardarei o restante para financiar uma casa futuramente. – respondi, me aproximando da bancada.
 — Por que não compra um carro?
— Já tenho um, está na garagem dos meus pais.
— Ema, vende aquela velharia e compra um esportivo. – Nicolas sugeriu.
— Não, meu Mustang tem valor sentimental. – respondi pegando a jarra da cafeteira. — Se continuar falando mal dele, não farei café para você.
— Está bem. – Nicolas mostrou as mãos, rendendo-se. — Já disse para Sarah que vai comprar uma moto?
— Não, ainda não tenho o dinheiro. – respondi.
— Vou alugar minha casa, assim terei uma grana extra por um tempo. Se eu conseguir um bom salário na polícia de Nova Aurora, vendo a casa e dou entrada em um imóvel por lá. Não acha uma boa ideia?
— É, mas há um pequeno detalhe, Nick. Quantas pessoas se mudaram para cá nos últimos tempos? Três? Cinco? A maioria delas já se mudou novamente.
— O filho da Sra. Silvia ficou.
— Ele perdeu a casa após o divórcio e paga pensão para três crianças. Por isso voltou a morar com a mãe. – comentei.
— Tá, você me convenceu, vou à imobiliária com você e a Sarah.
— Espero que ocorra um milagre e a gente consiga vender as casas em poucos meses.
— Vais ficar com a Sarah, né? Eu vou precisar encontrar um cafofo barato, não tenho muitas economias guardadas. – Nicolas apoiou os antebraços na bancada.
— Posso pedir para Sarah deixar você ficar conosco. Planejo ter minha própria casa também, não quero queimar etapas, sabe?
— Pensa pelo lado bom, vai economizar na festa de casamento e nas alianças. – Nicolas brincou.
— Não estou casando com a Sarah. Apenas dividiremos a casa e... a cama.
— É um casamento. – Nicolas riu.
— Nicolas, para de perturbar com esse assunto. – resmunguei.
Sarah chegou por volta das 10 horas da manhã, anunciando sua presença com uma breve buzinada. Nicolas e eu rapidamente nos dirigimos à porta para recebê-la. Enquanto caminhávamos em direção ao carro, Nicolas não perdeu a chance de provocar, entoando a marcha nupcial de forma descontraída. Brinquei com ele, empurrando-o para trás, e contornei o carro de Sarah para abrir a porta, cumprimentando-a com um sorriso antes de me acomodar no banco ao seu lado.
— Oi. – me inclinei para dar um selinho em Sarah. Ela segurou minha nuca, prolongando o beijo e finalizou mordiscando meu lábio inferior. Seu sorriso malicioso me contagiou. — Você está sempre com esse ar de garota levada.
— Eu sou muito malcriada, amor. – ela disse antes de soltar minha nuca. Nicolas entrou no carro, ocupando o banco de trás. Me ajeitei no assento, colocando o cinto.
— E aí, Sarah? Tudo tranquilo? – ele perguntou observando ela.
— Estou ótima, e você? – Sarah olhou para trás.
— Bem.
— Sarah, eu comentei com o Nick que íamos até a imobiliária para colocar as casas à venda. Como todos nós vamos deixar a cidade, pensei que pudéssemos fazer isso juntos. – expliquei a presença de Nicolas.
— Tudo bem. – Sarah deu partida no carro. Guiei-a pelas ruas, rumo à imobiliária. Quando chegamos, Nicolas foi o primeiro a descer. Retirei o cinto de segurança e aguardei Sarah fazer o mesmo.
— Posso confessar algo? – disse ela.
— Sim.
— Eu sabia o caminho.
— Ah, claro... Você adquiriu sua casa por meio desta imobiliária. – sorri levemente.
— É.
— E por que não me disse que conhecia o caminho?
— Você fica sexy dando instruções. – Sarah respondeu antes de deixar o carro. Sorri, agitando a cabeça negativamente.

***

Estendi a mão em direção à corretora de imóveis.
— Olá, eu sou a Ema. – falei, esboçando um sorriso.
— Prazer, sou a Vanessa. – disse ela, exibindo um terninho cinza. Seus saltos eram grossos e baixos. Seu cabelo terminava abaixo do queixo e sua maquiagem era leve. Ela aparentava ter em torno de 40 anos.
— Essa é a Sarah. – olhei para Sarah. — E esse é o Nicolas. – desviei o olhar para ele. — Queremos colocar três imóveis à venda.
— Mesmo bairro? – indagou a corretora.
— Eu e o Nick moramos no mesmo bairro. A Sarah mora um pouco mais perto do centro, mas dá para fazer o trajeto a pé.
— Hm.
— Temos pressa, será que pode agilizar o processo? Não me importo de dar uma porcentagem maior pelo serviço, só quero agilidade. – disse Sarah.
— Poderia me fornecer detalhes sobre sua propriedade? Número de quartos, localização, entre outros detalhes.
— Eu adquiri a casa por meio desta imobiliária, imagino que ainda seja possível consultar as informações sobre ela. – Sarah respondeu retirando o celular do bolso traseiro da calça. Após conferir a tela, me olhou. — Amor, pode adiantar o assunto? Tenho uma ligação do escritório, pode ser importante.
— Posso. – concordei.
— Obrigada. Eu já volto. – Sarah se afastou, indo em direção à saída da imobiliária.
— Minha casa tem dois quartos, está localizada em um dos bairros mais antigos da cidade. Comprei ela há quatro anos por uma mixaria, mas ainda acho que paguei mais do que ela valia. Tinha infiltração na parede da cozinha, precisei consertar. Troquei os azulejos e o encanamento. Fiz alguns reparos ao longo desses quatro anos. Atualmente, ela está habitável. Sem infiltrações, sem mofo. – prossegui.
— Preciso agendar uma visita para avaliar as propriedades.
— Pode fazer isso hoje? Tenho pressa em sair da cidade.
— Posso agendar para o início da tarde. – respondeu a corretora.
— Quanto tempo normalmente leva para colocar a casa no mercado após a avaliação? – questionei.
— Alguns dias. Uma vez no mercado, monitoraremos o interesse e realizaremos visitas guiadas.
— Como funciona o processo de negociação de ofertas? – cruzei os braços, olhando para a corretora com interesse no assunto.
— Assim que recebermos ofertas, discutimos cada uma delas e negociamos os termos que melhor atendam às suas necessidades.
— Eu sei que não vai chover interessados, então pouco importa o lucro. Só quero recuperar o valor que investi na compra da casa. Venda para a primeira pessoa que se interessar. – instruí.
— Entendo. Posso te perguntar qual o motivo da urgência?
— Não há mais nada para mim nesta cidade. – respondi.
— E você? Como faremos? Tem pressa também? – a corretora olhou para Nicolas.
— Venda pelo melhor valor que conseguir. – disse ele.
— Estamos combinados? Posso visitar as casas hoje à tarde?
— Sim. – respondi.
— Pode. – disse Nicolas.
— Deixem o endereço e um número para contato, certo?
— Ok. – concordei.

DOMINADORA POR ACASO (Sáfico)Where stories live. Discover now